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sábado, 20 de outubro de 2012

CONCENTRAÇÃO, ESFORÇO, EQUANIMIDADE...


Anguttara Nikaya III.101
Nimitta Sutta
Sinais
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“Um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior, no momento apropriado, deve dar atenção a três sinais. Ele deve no momento apropriado dar atenção ao sinal da concentração, no momento apropriado dar atenção ao sinal do esforço energético, no momento apropriado dar atenção ao sinal da equanimidade.
“Se um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior der exclusiva atenção ao sinal da concentração, é possível que a mente dele seja capturada pela indolência. [1] Se ele der exclusiva atenção ao sinal do esforço energético, é possível que a mente dele seja capturada pela inquietação. Se ele der exclusiva atenção ao sinal da equanimidade, é possível que a mente dele não fique bem concentrada para a destruição das impurezas.
“Mas, se no momento apropriado, ele der atenção para cada um desses três sinais, então a mente dele estará maleável, manuseável e luminosa, e ela estará bem concentrada para a destruição das impurezas.
Suponha que um ourives habilidoso ou seu aprendiz preparasse uma fornalha, aquecesse um cadinho, e tomando ouro com um par de tenazes, o colocasse no cadinho. Ele sopraria periodicamente, borrifaria água periodicamente, examinaria periodicamente. Se o ourives soprasse continuamente a fornalha poderia se aquecer em demasia. Se ele borrifasse água continuamente a fornalha poderia se esfriar em demasia. Se ele apenas examinasse, o ouro não ficaria perfeitamente purificado. Mas, se no momento apropriado o ourives realiza cada uma dessas três funções, o ouro estará maleável, manuseável e luminoso, e com as condições apropriadas para ser trabalhado. Qualquer ornamento que o ourives queira fazer, quer seja uma diadema, brincos, um colar ou uma corrente, o ouro poderá agora ser usado para esse fim.
De modo semelhante, há esses três sinais aos quais um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior deve dar atenção no momento apropriado, isto é, o sinal da concentração, o sinal do esforço energético e o sinal da equanimidade. Se ele der atenção a esses sinais com regularidade então a mente dele estará maleável, manuseável e luminosa, e ela estará bem concentrada para a destruição das impurezas.
Então, ele dirige a sua mente para qualquer estado que possa ser compreendido através do conhecimento direto, ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.


Notas:
[1] Samadhi é costumeiramente traduzido como concentração tanto no Português como no Inglês. Alguns mestres no entanto, como por exemplo Ajaan Brahmavamso, Ajaan Pasanno e Ajaan Sucitto, consideram que essa é uma tradução inadequada e preferem interpretar samadhi como aquietar, tranquilizar, sossegar, acalmar a mente. Nesse sentido fica mais fácil entender porque o sutta alerta para a questão da indolência ao dar atenção para o sinal da quietude (concentração, samadhi). [Retorna]
Veja também o AN III.100

sábado, 13 de outubro de 2012

O que é a iluminação?

No budismo iluminação significa o despertar supremo. Desse despertar não há retorno, ou seja, não é uma experiência mística da qual se volta após um período de meditação e continua sendo a mesma pessoa, mas uma completa reviravolta no modo de ver e de viver que não pode ser descrita de nenhuma maneira, por isso mesmo costuma ser descrita negativamente, ou seja, em comparação ao que não é a iluminação. Porém algumas escolas do budismo descrevem-na como a onisciência, outras simplesmente como a liberação do samsara, ou ciclo de sofrimentos, entre outras descrições. De qualquer forma, além desse despertar supremo que é a libertação da ilusão, a erradicação da ignorância, da cobiça e da raiva, todo aquele que atinge a iluminação está também liberto de todas as contaminações ou impurezas e do ciclo de renascimentos. Com isso ele atinge uma realização meditativa chamada de fruição da realização do estado de arahant, ou  buda, que significa o modo de fruição da mente iluminada, liberta, desperta, descrita  como a libertação inabalável da mente, a libertação imensurável da mente, etc. Portanto, no budismo, a iluminação pode ser caracterizada de um  certo modo peculiar pela completa superação da ignorância e destruição de todas as impurezas e suas raízes, inclusive as raízes principais de tudo o que é prejudicial que são (a) a cobiça ou apego, (b) o ódio ou aversão e (c) a delusão ou ignorância. Essa libertação da delusão contém a completa compreensão das três marcas da existência, insatisfatoriedade, impermanência e ausência de um eu ou substância  inerente; a completa compreensão das quatro nobres verdades e do caminho óctuplo; a compreensão da lei de kamma e de renascimento. Existem ainda outras realizações alcançados pelos iluminados, mas estas são as que todos devem alcançar, ou seja, certos conhecimentos e poderes podem ser resultados da iluminação ou do processo até ela, não consistindo esses de características necessárias da iluminação. No budismo não existe iluminação sem a erradicação dos grilhões da existência, das impurezas, essa é uma característica bem peculiar no budismo.  Alcançar o Nibbana final também é sinônimo de alcançar a iluminação. Nibbana é o estado de incondicionalidade. Nibbana também é descrito como satisfação, contentamento, felicidade suprema, o imperecível, o incondicionado, o eterno; um estado de contentamento e felicidade constante. O incondicionado é descrito como o não-causado, não-nascido, não-formado, não-tornado. Buda sempre ressalta a necessidade da experiência direta, de conhecer diretamente, conhecer por si mesmo, conhecer completamente, vivenciar por si mesmo, assim devemos encarar todos os ensinamentos, não tomá-los como verdades teóricas e nos conformarmos com elas, mas buscar vivenciá-los comprovando-os através da meditação e de nossa própria experiência, isso também não exclui a necessidade do estudo aprofundado. Muitos na época de Buda alcançaram algum nível de libertação ou mesmo a suprema compreensão, a iluminação, apenas por ouvir suas explicações.

domingo, 7 de outubro de 2012

 Quem é Buda?

A palavra Buda literalmente significa desperto, aquele que acordou, também comumente traduzido como o iluminado. Pode se referir tanto ao primeiro Buda, Siddhattha Gotama, como também a todos aqueles que alcançaram a iluminação. Siddhattha foi um príncipe nascido na Índia há cerca de 2600 anos que tendo vivido o extremo do luxo e da indulgência como príncipe e depois o extremo da austeridade e da mortificação como asceta, abandona ambos quando descobre “o caminho do meio”, pelo qual atinge a iluminação então passa o resto de sua vida ensinado tudo que havia descoberto e o caminho para alcançar o despertar.