tag:blogger.com,1999:blog-41822164430984552372024-03-19T04:38:50.042-07:00AMIGOS DO BUDISMO EM SERGIPEKalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.comBlogger100125tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-28273118056206137142023-05-17T13:55:00.005-07:002023-06-03T14:39:25.534-07:00A ILUMINAÇÃO DE BUDA OU A IGNORÂNCIA DE BUDA<p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não vês que de nada adianta conhecer mundos e todo universo e tudo que aconteceu e vai acontecer?</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjVH0eT7GMq7xZYcXTlxVpN4FbihWBNDBUMSzY2QylAToKvnzEZ-4KqBxt8qKBe_YLegbvWFdFaI6p0hTqH9ZNYpwAAHqa5bqpYqtHBcB8fGTieKZvFkJxpQN09pbuBz4hEFyKSXYwAfy_HSkQJsjyGdi0z4noihk53CFjeD9AT2sjO5kd1JmT73MGy" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="234" data-original-width="248" height="605" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjVH0eT7GMq7xZYcXTlxVpN4FbihWBNDBUMSzY2QylAToKvnzEZ-4KqBxt8qKBe_YLegbvWFdFaI6p0hTqH9ZNYpwAAHqa5bqpYqtHBcB8fGTieKZvFkJxpQN09pbuBz4hEFyKSXYwAfy_HSkQJsjyGdi0z4noihk53CFjeD9AT2sjO5kd1JmT73MGy=w640-h605" width="640" /></a></span></div><p></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">De que adianta conhecer todo o universo e todas as dimensões e todos os fenômenos do princípio ao fim? Em que isto liberta? Como isto poderia te libertar? Não pode.</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Continuas preso no si mesmo, em tua perspectiva, em tua prisão limitada da egoidade. Continuas sentindo a incompletude, a insatisfação humana, mais que nunca agora sabes da transitoriedade.</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">De que adianta conhecer planetas e civilizações e dimensões? São como manchas numa tela abstrata. Em que isto te liberta? Por que esta beleza te atrai? Foste capturado por tão simples armadilha?</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">De que adianta conhecer toda a história do princípio ao fim, e o que vai acontecer ao mundo todo amanhã? Ainda estás preso no tempo, nas tuas percepções limitadas, em seu próprio modo condicionado de ver.</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não conheces teu princípio, nem tua finalidade, apenas julgas que está aqui para dizer isto aos ignorantes? Te sentes especial, um alienado cheio de conhecimentos inúteis?</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não consegues nem sumir daqui e aparecer lá, estás preso num lugar pequeno e no tempo, que sabes da eternidade, preso nesse corpúsculo com uma mente animalesca? De que te adianta ver todas as estrelas e galáxias, que beleza há nisso, tão fugaz?</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Todo o tempo do universo não passa de uma faísca na eternidade, se fosse possível comparar e você está preocupado que lembrança deixará nesse mundo, ou que grande ensinamento trouxeste para alguns desse tempo?</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não vês que já és um buda na eternidade? Não vês que apenas ignoras tua real e completa condição? Abraças o seu tempo e esse o entorpece e mergulha na escuridão, como se agarrasse uma grande maromba rumo a escuridão de profundo oceano.</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ainda pensas mesmo que esta é a tua viagem? Larga a maromba, larga o fardo. Esta é a ignorância de buda. Quando de fato não existe ignorância nem iluminação. Poderias estar aqui comigo agora?</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Fra. J.</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></div><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /><br /></span><p></p>Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-76673963272486159782022-09-14T13:18:00.000-07:002022-09-14T13:18:07.438-07:00A Sabedoria de Fra. L.A.<h3 style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Apresentação</span></h3><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Fra. L.A. retirou-se no silêncio, antes disso ele nos disse que tinha nos ensinado tudo já, todo o necessário e tudo que ele sabe, no caminho da iluminação, e nos autorizou a ensinar, disponibilizar e transmitir todos os ensinamentos públicos, dos quais temos anotações tanto textuais como resumos e gravações (as quais também transcreveremos). </span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Seu nome de iniciado será mantido aqui a não ser que recebamos solicitação direta de que sua identidade no mundo seja revelada, à qual ele não dava a mínima importância, mas pelo contrário dizia "nunca nasci, nunca morri, sou consciência", pois conhece a realidade para muito além da personalidade (personalidade que ele considera uma das maiores prisões do ser humano, porque, em vez de usá-la como ferramenta, nos aferramos a ela, nos identificando com ela, criando um falso eu). Esse tempo que tivemos aprendendo com ele foi bastante precioso, mas ele nos preveniu de sua partida deste mundo muitas vezes antes de entrar em silêncio e nos deixou avisados de quando seria. Por outro lado nós ficamos aguardando que nos desse novamente o presente de sua presença antes disso.</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Digo aqui ensinos "públicos" porque ele nos instruiu também com duas espécies de ensinos particulares:</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">a) aqueles que não devem ser dados a pessoas sem a devida preparação (instrução e experiência), pois levarão fatalmente a interpretação errada, incompreensão e confusão devido ao não domínio correto dos significados das palavras nem a devida experiência correspondente ao seu significado e</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">b) aqueles dirigidos especialmente a cada um individualmente, ensinamentos, práticas, meios, válidos apenas para cada pessoa ou determinada situação que estava passando.</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Para ter acesso a esse segundo tipo de ensino é preciso estar nos estudos preliminares, que ele descreveu como "estar sob a árvore". Assim, só as pessoas sob acompanhamento, que já dominam o significado de certas palavras e com uma mínima experiência, poderiam receber estes outros poucos e definitivos. Depois disso a pessoa deveria "sair de debaixo da árvore" e percorrer seu próprio caminho. Estes ensinos mais particulares nós disponibilizamos nos grupos entre participantes assíduos.</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Os públicos, preliminares e essenciais vamos procurar expô-los todos aqui por escrito na medida do possível. Eles são universais, servem para budistas ou não budistas, agnósticos ou cristãos, cegos ou com pouca poeira nos olhos, pois devem levar a pessoa a ver por si mesmo e a constatar por suas próprias investigações, meditações e experiências, e diante disso fazer suas próprias escolhas e interpretações dos fatos. Estes não são apenas básicos, mas também a essência, o miolo, os fundamentos amplos sem os quais não se pode de modo algum chegar aos mais avançados. Eles são mais numerosos e os particulares são os mais preciosos.</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi-XdldU9UsU8jthq92xnAkoJ7ZTGI-WKDoSeE0oUw3xlU3qpE_7T79LQf4UXDvh_JUzdyobyKzvDQDV7lRt5u6tnD07J8KBVULFnbkGwUaVZD8LZaiXtWw8g2ShaiZm8_5lFsRv9LVZ_yyF3rjpw_WbrKSrQVfPYx0k_XbnhpXaFd_SRj8i2PU8NjJ" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="194" data-original-width="259" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi-XdldU9UsU8jthq92xnAkoJ7ZTGI-WKDoSeE0oUw3xlU3qpE_7T79LQf4UXDvh_JUzdyobyKzvDQDV7lRt5u6tnD07J8KBVULFnbkGwUaVZD8LZaiXtWw8g2ShaiZm8_5lFsRv9LVZ_yyF3rjpw_WbrKSrQVfPYx0k_XbnhpXaFd_SRj8i2PU8NjJ=w640-h480" width="640" /></a></span></div><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><br /><br /></span><p></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Num primeiro momento Fra. L.A. conversou conosco sobre assuntos gerais e de nossas experiências, num segundo momento ele nos transmitiu o ensino particular do Mahamudra, estudando três vezes seguidas, cada uma por uma ou mais traduções devido a não existirem boas traduções nem em português nem em inglês, das duas versões mais antigas existentes, em sânscrito e tibetano. Durante esse período, ele nos falava de cada frase, em seu sentido ordinário e prático e nos sentidos para estudantes e para amadurecidos. Conversávamos, fazíamos perguntas, e formulávamos também maneiras de dizer aquilo para outros de uma forma que todos pudessem compreender (apesar de em muitos casos ele lamentava tanto por não haverem muitas pessoas no mundo capazes de ter esse tipo de conversa quanto por ele mesmo não ter como expressar suas experiências que ainda não compartilhávamos).</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Num terceiro momento voltamos a todos os tipos de tema incluindo também o Mahamudra, e especialmente os ensinamentos e leis herméticas, os ensinamentos do Tao e o caminho da "não-ação", e também sobre os ensinos dos santos, a Filocalia, e textos cristãos (canônicos, doutrinários e apócrifos), assim como secundariamente sobre muitas outras coisas como os destinos políticos da humanidade, as ideologias e seus malefícios, as questões sobre a liberdade individual e a libertação final, os estados para além da mente ou puramente espirituais, os condicionamentos e os problemas da psicologia comum, o legado da filosofia antiga e os problemas de como se entende a filosofia na atualidade, etc.. </span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Falo secundariamente, porque apesar de se dedicar com o mesmo afinco a essas questões ele já havia dito serem diferentes da realidade última e que é realmente importante e eterna, em contraste com o que é passageiro, algo momentâneo e desse mundo. </span><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;">E também porque apesar desses conhecimentos todos falava-nos como uma pessoa muito simples e se dizia estar agora analfabeto.</span><span style="font-family: verdana; font-size: x-large;"> Era como se classificasse suas falas internamente em coisas da personalidade e coisas da iluminação, mas nós é que teríamos que fazer a separação. </span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Da mesma forma trataremos as anotações aqui, elas não obedecerão ordem nem cronológica nem por tópicos e nem por esses três momentos, cabendo a cada um arrumar em si; e assim fazer as ligações e relações, pois acredito que só assim a pessoa se apossa do assunto, ou seja, torna aquele conhecimento realmente seu, em vez de mera repetição de informações previamente organizadas didaticamente.</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">A didática de Fra. L.A. consiste precisamente nisso, não ter nada a dizer, nada preparado nem organizado, mas fluir como um rio de sabedoria, estreito, pois em poucas palavras e com falas curtas ele disse tudo que é necessário nesse veículo. Ele preferia ficar em silêncio e ouvir ou que fizéssemos perguntas e nos disse que o silêncio é o melhor professor. Com esse exemplo também nos instruiu sobre o que chegou muitas vezes a dizer: que sem atingir o silêncio interior não podemos de fato conhecer nada.</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">"Você vê uma flor [fazia a imitação de uma flor com a mão], se pensar que ela é bonita, já foi, já entrou o julgamento".</span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Por Fra. <span>I.L.I.V.</span></span></p><p><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><span></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjKri6BtRoXkasvYJA22swyY4KWpBKM5BKk_W8q-i1CFOa4jc9JFhqTWLFJC38inIxjxxZpb-c7lWiqvztspSfO5ZaE9noQmEQ25Cu8WsgdyvQRCiyFsavcJ0mxBmcC4WdNprY0qucbAYpUZsS32851FJ3Yij-PrdKILaDyoPfyz242qmm16_fOGf7-" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="225" data-original-width="225" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjKri6BtRoXkasvYJA22swyY4KWpBKM5BKk_W8q-i1CFOa4jc9JFhqTWLFJC38inIxjxxZpb-c7lWiqvztspSfO5ZaE9noQmEQ25Cu8WsgdyvQRCiyFsavcJ0mxBmcC4WdNprY0qucbAYpUZsS32851FJ3Yij-PrdKILaDyoPfyz242qmm16_fOGf7-=w640-h640" width="640" /></a></span></div><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><br /><br /></span><p></p>Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-81179148287537227582021-07-09T20:47:00.003-07:002021-07-09T20:47:36.526-07:00Em poucas palavras o que é o Daimoru<p>P. O que é daimoru?</p><p>R. (Por Ryokan Hiroshi)</p><p>Já falei sobre a compreensão e a minha compreensão. Agora vou falar em terapia. Primeiro é o que se pode chamar "cortar pela raíz".</p><p>Existem raízes principais e os rizóides, existem uns grossos outros finos. O normal é combater raíz por raíz. Isso pode ser muito improdutivo. Porque enqunto você corta rizóides de um lado outros crescem do outro sem que veja. Mas combater raíz por raíz é bom também, desde que dedique mais tempo em cortar a principal. E leva tempo, muito tempo.</p><p>Outra coisa é cortar pela raíz. Você vai demorar, mas quando começa a atacar a raíz principal, as menosres comecam a morrer. É assim no zen, no Tao, com o wo wei ["não ação"], você ataca a raíz principal e destrói toda a árvore do mal.</p><p>Dizem aqui que a principal raiz é o orgulho, outros que é a soberba, não deixa de ser certo. O que fez Adão comer o fruto perigoso? Aí outros dizem que o pecado original é o sexo: quando não conhece a religião que professa dá nisso. A raiz principal é isso, é a presunção do eu como Buda chama. É a soberba do eu. O confiar no eu e querer ser igual a Deus, seu eu de inexiste a superestimado, foi o que fez Adão comer a fruta. Sim! Nao foi satã, ele teve a escolha.</p><p><br /></p><p>E se você escolher agora cortar essa raiz? "Negue-se as si mesmo", Jesus disse. Cortar a presunção do eu demora, mas enquanto faz isso as demais raízes que depedem dessa, a principal, vão enfraquecendo, se extinguindo.</p><p>E o que é uma terapia baseada nisso? Este é o segundo aspecto! O mais importante no encontro terapêutico. É triturar. Esmagar e triturar é fazer em pedaços, em pedaços pequenos, tudo fica claro e desfeito, sem a força daquela unidade, daquele bolo alimentar. Não dá mais para emendar e as raízes cortadas morrem.</p><p>Na terapia uma parte é ensinar como se faz isso. E enquanto a libertação total não acontece vai ensinando a estar consciente e conhecer o funcionamento de todo o resto e dos problemas como realmente são, e quais suas reais causas, e como lidar com eles e se libertar deles enquanto a libertação plena ainda não acontece. E isso vai liberando o caminho. Vai levando à libertação final mais cedo!</p>Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-61245036729066312522021-02-05T06:56:00.003-08:002021-02-05T07:13:18.884-08:00Da Ilusão do Eu e da Consciência<p><br /></p><div class="separator" style="background-color: #eeeecc; clear: both; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12.61px; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZwIXpjx2h3VfygMfBhveDTamLz6mvRf-OX1PczJYsmCsvzN5yQwRcl5w1p1ABh1qkP9rw5iblhD1Nw2VRHKAMT4g5WGQFynyAAV_FXqRC9RgRoXj84BJFkl1stXrSrbVVSN3AaXm3QbY/s1600/boehme1.jpg" style="color: #223344; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZwIXpjx2h3VfygMfBhveDTamLz6mvRf-OX1PczJYsmCsvzN5yQwRcl5w1p1ABh1qkP9rw5iblhD1Nw2VRHKAMT4g5WGQFynyAAV_FXqRC9RgRoXj84BJFkl1stXrSrbVVSN3AaXm3QbY/s1600/boehme1.jpg" style="border: 1px solid rgb(187, 187, 187); margin: 0px 0px 5px; padding: 4px;" width="250" /></a></div><p><br /></p><p>Do livro O Caminho para Cristo </p><p>JACOB BOEHME</p><p>Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. -</p><p>Mt. 16,24; Mc. 8,34; Lc. 9,23; Jo.12,26.</p><p>Pedro disse a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. - Mt. 19,27; Mc. 10,28; Lc. </p><p>18,28.</p><p>A VERDADEIRA RESIGNAÇÃO</p><p>CAPÍTULO I</p><p>Lúcifer e Adão, o primeiro homem, constituem um claro exemplo do que o eu é capaz quando toma a luz da natureza como sendo sua, passando a caminhar preocupado com o seu próprio domínio. Da mesma forma, pode-se observar os expertos das artes e ciências: quando adquirem a luz deste mundo ou natureza exterior, como posse da razão, nada resulta disto senão orgulho próprio. Ainda assim, todo o mundo busca e deseja veementemente esta luz, como se fosse o melhor tesouro; de fato, este é o melhor tesouro que este mundo pode oferecer, se usado corretamente.</p><p>2. Porém, enquanto o eu ou a razão estiver cativo e firmemente limitado a uma prisão sólida e cerrada, ou seja, na cólera de Deus e na materialidade, torna-se muito perigoso para um homem fazer uso da luz do conhecimento no eu, como se ela estivesse em sua posse.</p><p>3. Pois, a ira do eterno e da natureza temporal logo irão tomar o gosto por isto, então o eu e a própria razão do homem irão surgir no orgulho, deixando de lado a verdadeira humildade resignada para com Deus; não mais irão comer da fruta do paraíso, mas da propriedade do eu, ou seja, daquele domínio da vida onde o bem e o mal estão misturados, como fizeram Lúcifer e Adão. Ambos adentraram, novamente o original, de onde surgiram todas as criaturas, com o desejo do eu. Lúcifer no centro e na natureza colérica, na matriz ou ventre de onde surge o fogo; Adão, na natureza terrestre, na matriz do mundo exterior, ou seja, na cobiça do bem e do mal.</p><p>4. Isto se passou, porque eles tinham a luz da compreensão brilhando no eu; assim, puderam olhar para si mesmo, o espírito do eu pôde adentrar a imaginação (num desejo de conseguir o centro), puderam se exaltar na potência, força e conhecimento. Lúcifer buscou a mãe do fogo em seu centro, pensando reinar ali sobre o amor de Deus e de todos os anjos; Adão também desejou experimentar na essência, o que era a mãe ou a raiz, de onde surgiu o bem e o mal, colocando ali seu desejo, propositalmente, a fim de se tornar instruído e cheio de entendimento. Mas, com estes atos, ambos foram capturados em seu desejo falso ou mal, na mãe, separando-se da resignação proveniente de Deus, com isto foram apanhados pelo espírito da vontade, através do desejo na mãe. Este desejo tomou o domínio na natureza, imediatamente; o resultado foi que Lúcifer se fixou na colérica fonte do fogo e que o fogo se manifestou no espírito de sua vontade, com isto a criatura com seu desejo se tornou um inimigo do amor e da suavidade de Deus.</p><p>5. Adão, da mesma forma, foi imediatamente capturado pela mãe terrestre, que é o bem e o mal, criado da cólera e do amor de Deus, compactados numa mesma substância. Com isto, a propriedade terrestre dominou Adão instantaneamente; o resultado foi que a partir de então, o calor e o frio, a inveja e a cólera, e toda a malícia e contrariedade de Deus se manifestou, dominando o homem.</p><p>6. Mas, se eles não tivessem trazido a luz do conhecimento para o eu, então o espelho do conhecimento do centro e do original da criatura, ou seja, do poder que tinha em si mesmo, não teria se manifestado, não dando surgimento à imaginação e à cobiça.</p><p>7. Vemos que freqüentemente, nos dias de hoje, o mesmo erro traz o perigo sobre os iluminados filhos de Deus; quando o sol da grande presença da santidade de Deus brilha neles, fazendo com que a vida triunfe, a razão se enxerga como que num espelho, a vontade invade o eu, buscando a si mesma, experimenta o que é o centro, de onde brilha a luz; a vontade com seu próprio movimento e força se lança neste centro, de onde surge o abominável orgulho e o amor próprio; esta é então a razão própria da criatura, não é senão um espelho da Sabedoria eterna, julgando-se maior do que realmente é; depois disto, o que quer que faça, pensa ser a vontade de Deus que faz através dela e nela, continuando com seu desejo próprio; esse desejo próprio surge, prontamente, no centro da natureza, adentrando aquele falso desejo do eu contra Deus; a vontade entra então num auto-conceito e exaltação.</p><p>8. Com isto, o demônio sutil se insinua na criatura, separando o centro da natureza, trazendo o mal ou falsos desejos para dentro dela, fazendo com que o homem fique como que bêbado no eu; e ainda o convence de que está sendo guiado por Deus; com isto o bom princípio, onde a luz divina brilha na natureza, começa a se deteriorar e a luz de Deus deixa o homem.</p><p>9. Apesar disto, a luz exterior da natureza exterior ainda permanece brilhando na criatura. Pois, seu próprio eu se lança nela, acreditando ser a primeira luz de Deus; mas não é bem assim. Nesta auto exaltação na luz de sua razão exterior, o mal se pronuncia novamente (embora na primeira luz, que era divina, ele foi forçado a partir), retornando com um desejo setenário, do qual o Cristo falou dizendo: “Quando o espírito impuro deixa um homem, ele vagueia por lugares secos, buscando o repouso, mas nada encontra; então toma para si sete espíritos piores do que ele, retornando para sua primeira casa; encontrando a casa limpa e adorada, ali faz sua morada, sendo pior para o homem do que antes”.</p><p>10. Esta casa que está tão limpa e adornada, é a luz da razão no eu. Pois, se um homem traz seu desejo e vontade para Deus, fazendo abstinência desta vida fraca, desejando em seu coração o amor de Deus, esse amor irá, certamente se manifestar ao homem, com seu mais doce e amigável semblante, pelo qual a luz exterior também é acesa. Pois, onde a luz de Deus é acesa, lá haverá luz; ali o mal não pode ficar, deve partir; então ele busca através da mãe original da vida, ou seja, o centro, mas este se tornou um lugar seco e débil. Pois, a cólera de Deus, ou o centro da natureza, em sua própria propriedade se encontra débil, estéril e seca, não podendo dominar em seu próprio princípio colérico. Satã procurou encontrar nestes lugares, uma porta aberta, a fim de entrar com seu desejo e assim separar a alma, exaltando-se a si mesmo.</p><p>11. Se o espírito da vontade da criatura lançar a si mesmo, com a luz da razão, no centro, ou no eu, num processo de auto exaltação, deixará novamente a luz de Deus, abrindo uma porta para que o mal entre numa bela casa para habitar a luz da razão. Então o mal toma para si as sete formas da propriedade da vida no eu, ou seja, as exaltações que abandonaram a Deus e se encontram no eu: Ali ele entra, coloca seu desejo na luxúria do eu e das más imaginações, onde o espírito da vontade vê a si mesmo nas formas das propriedades da vida na luz exterior, então o homem se afunda em si mesmo, como se estivesse bêbado, as estrelas se apegam a ele, trazendo suas fortes influências (na Razão exterior) a fim de que ele ali possa buscar e manifestar as maravilhas de Deus. Pois, todas as criaturas suspiram e almejam a Deus, e ainda que as estrelas não possam apreender o espírito de Deus, é preferível ter um lugar de luz onde possam se regozijarem, do que uma casa fechada onde não possam ter descanso.</p><p>12. Assim caminha o homem, como se estivesse bêbado, na luz da razão exterior, chamada de estrelas, apreendendo grandes e maravilhosas coisas, contando com uma orientação contínua. O mal, presente, observa se alguma porta permanece aberta para ele, através da qual pode acender o centro da vida, para que o espírito da vontade possa atingir o topo do orgulho, do alto conceito ou da cobiça (de onde surge a arrogância, a vontade da razão desejando ser honrada); pois se supõe ter atingido toda a felicidade, ao adquirir a luz da razão, podendo julgar a casa dos mistérios ocultos que está fechada; a qual Deus pode facilmente abrir. O homem iludido, acredita ter alcançado o marco, que a honra se deve a ele, pois ele adquiriu a compreensão da razão, não passa pela sua cabeça que o mal o fez casar com seu desejo nas sete formas da vida do centro da natureza, nem que cometeu um erro abominável.</p><p>13. Desta compreensão da razão surgiu uma falsa Babel na Igreja Cristã, onde os homens ensinam e criam regras baseados em conclusões da razão, colocando a criança, embriagada em seu próprio orgulho e auto-desejo, como uma virgem sobre o trono.</p><p>14. Mas o mal penetrou suas sete formas de vida do centro, ou seja, em sua própria razão auto-concebida, trazendo seu desejo continuamente para o interior desta virgem, recebida pelas estrelas. Ele é sua besta, na qual se movimenta, bem adornado com os próprios poderes da vida, como observamos no Apocalipse de São João. Desta forma, a criança é entregue em poder do olhar exterior da santidade divina, ou seja, a luz da razão, pretendendo ser a justa criança da casa, embora o mal aí tenha seu abrigo o tempo todo.</p><p>15. O mesmo acontece com todos aqueles que já foram, alguma vez, iluminados por Deus e que mais uma vez abandonaram a verdadeira resignação, desmamando, deixando o puro leite de suas mães, ou a verdadeira humildade.</p>Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-63026706294576693182020-06-14T12:16:00.001-07:002020-07-17T09:02:32.289-07:00O que ensinamos?<h3>
Por Ryokan Hiroshi</h3>
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Olá, amigos, estudantes, interessados, sejam bem vindos. Vocês estão aqui para mais uma vez, ou primeira vez, ter uma introdução sobre nossos assuntos, nossa prática, nosso significado. E já, como sempre, todo o básico já, para ir desenvolvendo. O que ensinamos?<br />
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Primeiro vou dizer o que é que dizemos, para dizer o fazemos e porque fazemos e então o que ensinamos. É uma perspectiva bem melhor assim, porque não é dogmática, é prática. Estou aqui para apresentar a perspectiva da psicologia do Buda, sua abordagem ou suas abordagens, melhor dizendo. E antes de apresentar o que diz a psicologia de Buda é preciso saber o que diz Buda e o que diz a tradição e porque...<br />
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O que dizemos?</h3>
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Dizemos que todos os seres estão aqui sujeitos ao sofrimento e ao prazer, assim como estão também ignorantes de muitas coisas. Entre elas o principal, o que sou eu? Como é que eu funciono? Onde estou? Para onde vou?<br />
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Estas questões não são só minhas. Mas dizem há também outras. Outras perguntas para nós não tem importância primária, mas vou dizê-las porque vocês aqui sempre dizem, "de onde eu vim?", "quem eu sou". Uma pergunta sem muito propósito e outra errada. Para que você quer saber de onde veio? De que serve essa informação? Ou, o que você vai fazer com ela? Primeiro você precisa saber porque está perguntando isso. Saber sua origem pode ajudar a descobrir O QUE é você... Não tão mal! Agora essa pergunta ganhou um propósito.<br />
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Mas quem é você? Essa [é uma] pergunta errada. Atrapalha tudo. "Quem" é uma coisa que muda, no tempo, de ponto de vista, mas pior é: "quem" é o que? O que você quer dizer com quem? Uma pessoa? A personalidade? Sua mente? A consciência? Uma certa parte de uma delas? Todo o conjunto do seu ser? O eu?...<br />
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Então uma coisa que Buda perguntaria é "que eu?". E Buda diz que não há "eu"...<br />
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Me mostre o "eu" primeiro e então eu digo quem você não é!<br />
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(Você não vai conseguir me mostrar eu algum. Eu gosto do zen, eu uso o zen porque é a melhor linguagem para mim, por muitos anos eu fui zen. Todo mundo nota...) Eu vou lhe fazer uma pergunta: o que nós dizemos para você?<br />
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[Silêncio e olhares, ele olha para cada um em particular]<br />
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Nós dizemos que você não tem manual de instruções sobre você, nem sobre esse mundo, nem sobre a vida... Nós dizemos que você não sabe o que é você e nem como você funciona. Nós dizemos que você não sabe para onde vai. Este é o que queremos dizer, esse é nosso significado, de estar aqui, para transmitir... E nós dizemos que isso não está certo, não é correto. Vamos estudar essa "deficiência psicológica"?<br />
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Então trazemos esse ensinamento que é chamado dharma. Dharma (ensinamento) é medicina para esse estado de existir e de saber. Só isso. Muitos dizem "ah, budismo, uma religião...". Budismo não é uma religião. É uma palavra inventada, no ocidente, para "ensinamento de Buda" [(Budha dharma)]. E "Buda" que é isso? É uma palavra para dizer "aquele que despertou". É o que levou o carimbo: "curado".<br />
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[Ele explica isso escrevendo as palavras e os conceitos na lousa]<br />
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Curado de que? Da cegueira (ignorância dessas coisas), da cobiça e da aversão; e do efeito disso; foi aquele que se curou do sofrimento... dizem... Canonicamente falando isso é apenas uma dedução, pois quando ele saiu sem despertar ainda foi à procura disso. Perdoem minha abordagem, mas não é bem assim, essas palavras não são bem traduzidas, adequadas, esqueçam tudo o que ouviram baseado nelas.<br />
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Nesse aspecto é mais que o "ser uma religião" porque é uma metodologia detalhada para resolver um certo problema, bem específico. O fato é que o que dizemos é que é uma abordagem, o ensinamento é uma terapia, para esse tipo de cura. Tudo que foi resumido numa palavra, dukka, insatisfação, insatisfatoriedade, que gostam de dizer "sofrimento". Essa foi a busca de Sidharta, antes de se tornar o Buda, resolver esse problema, mas ele encontrou outras coisas também no caminho.<br />
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Curar dukkha... Dukkha é nascimento, dor, adoecer, separar-se do que se ama, estar ligado ao que se tem aversão, é decadência, envelhecimento, morte... Assim ele definiu, vejam, não sou eu que estou dizendo. E a causa disso tudo é a ignorância. Seria muito dificil mostrar descrever as cores para cegos de nascença, ou ensinar as notas [musicais] para os surdos de nascimento, então Buda criou uma abordagem especial.<br />
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Mas o dharma também não é uma filosofia, e há um problema e algo a ser feito. É também um "o que fazer com isso agora".<br />
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Então o primeiro ponto é que dizemos que temos essa herança, essa tradição, desse tipo de medicina para as dores da alma, vamos dizer em linguagem do ocidente, sofrimento, insatisfatoriedade. Mas não é sobre isso só que é o dharma, é sobre paz, comportamento, pureza, conhecimento, relações... São muitas coisas a serem feitas e ou alcançadas. É bem pragmático se gostarem da palavra (eu não gosto, mas não encontro outra).<br />
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Então, primeiro ponto, bem aberto, bem amplo, há o budha dharma, o ensinamento de Buda.<br />
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Que primeiro é uma medicina. Terapia. Ele nasce assim.<br />
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Podemos dizer que na prática é um método, e um modo de viver.<br />
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Então isso gera uma filosofia, uma filosofia de vida. E um "modo de ver".<br />
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Enfim temos as tradições.<br />
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Que depois, se pode dizer, "foi tomada", como religião. Mas são as escolas de pensamento e método, são as escolas diferentes de filosofia. Muito mais certo dizermos que a tradição se dividiu em diversas escolas. Então em um último estágio nós temos essa visão de escolas em diferentes tradições (depois posso dar exemplo). E nelas entram definições próprias também tanto adotadas de concílios gerais quanto de seus próprios concílios...<br />
<br />
Ok, o que dizemos... Nós estamos com uma visão embassada.<br />
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Então nós dizemos que estamos doentes, e que essa doença tem uma causa, e que, é difícil, mas se eliminarmos essa causa ela desaparece. Mas existe uma terapia que leva à cura!<br />
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Ei, eu sei que todos aqui já conhecem as quatro nobres verdades, que parafrasiei agora, não vou ter que repetir. Mas para os novos... Vamos?<br />
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Há...<br />
Dukkha<br />
Mas dukkha tem uma causa...<br />
Ignorância-cobiça-aversão é a causa<br />
Mas existe a cessação de dukkha<br />
A cessação da ignorância-cobiça-aversão<br />
E existe um caminho para a cessação de dukkha<br />
O nobre caminho octuplo<br />
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E isso é o fazemos, percorremos esse caminho óctuplo. Nós fazemos o caminho óctuplo para nos libertarmos da ignorância-cobiça-aversão e sua s consequências. Conscientes disso até aqui...<br />
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O que fazemos</h3>
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Ok, budismo não é religião, religião é religação, retorno, budismo, que também não existe, qual é nome certo? Isso, dharma do Buddha. Porque não se liga a nenhum deus, nem ser, nem retorna a nenhum lugar, não se religa.<br />
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Só que se pensarmos que esse procedimento nos leva a nossa verdadeira natureza pura antes da queda, antes da ignorância; então se ela é a verdadeira nós já tínhamos! Estão religa. A questão é antes existia um nós? E se existia esse estava ligado à natureza original? Buda diz que não, não havia esse nós, esse eu separado, ele é uma ilusão. Mas vamos com calma, chegaremos já nesse ponto. Porque aqui chegamos num nó desse dhamma [(palavra pali para o sânscrito "dharma")]. E dharma não é uma filosofia, isso foi um método usado por Buda para a pessoa largar o falso e poder encontrar o verdadeiro.<br />
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O dharma é tratamento psicólogico. Uma terapia. Uma medicina. Hoje nós poderíamos bem colocar ali no meio da "medicina oriental". "Ah, uma é medicina chinesa, hum, uma é tai-chi, outra é yoga, outra é ayuvédica, ah, tem outra, dharma do Buda". Buda se disse médico. Por que?<br />
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Porque estamos doentes, a cegueira e a doença, ignorância das perguntas que eu fiz é a doenca: que sou, como funciono, onde estou, para onde vou? Só que essa cegueira ou ignorância no dharma não é pela ausência de um saber, mas pela presença de um obstáculo que impede de ver. É como uma névoa que nos turva e nos esconde a realidade.<br />
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A causa é um vírus, uma estrutura alienígena à nossa natureza original e essa estrutura é composta de dois opostos: cobiça, desejo, apego, ganância de um lado, e do outro lado ódio, aversão, ressentimento, rancor.<br />
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[Indo à lousa para escrever algo] (Vocês estão notando que eu gosto do número quatro não é? Por isso vou colocar ele em dobro agora...)<br />
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Mas existe cura para isso. E Buda ensinou um jeito! Se chama "nobre caminho óctuplo". É o que fazemos sobre isso.<br />
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[Desenhou uma roda do dharma e escreveu em ordem:]<br />
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<ol style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; box-sizing: inherit; list-style-image: initial; list-style-position: inside; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; word-break: break-word;">
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Compreensão Correta(<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyag-drsti</span>); </span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Pensamento Correto(<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyak-samkalpa</span>);</span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Fala Correta (<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyag-vac</span>); </span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ação Correta (<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyak-karmanta</span>);</span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Meio de Vida Correto (<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyag-ajiva</span>); </span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Esforço Correto (<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyak-vyayama</span>);</span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Atenção Correta (<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyak-smrti</span>); </span></li>
<li style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Concentração Correta(<span style="background: 0px 0px; border: 0px; box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px;">Samyak-samadhi</span>).</span></li>
</ol>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
Isto é o que ensinamos, a realizar esse caminho, basicamente é isso. Porque é isso que fazemos. Pessoas aqui de todas as culturas, de todas as etinias, de todas as religiões ou sem religião, não importa. Essa [é a] terapia para tratar esse problema humano.<br />
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<h3>
O que ensinamos?</h3>
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Então ensinamos isso. Vamos ver passo a passo cada ensinamento desse caminho óctuplo. Mas não é só isso, temos outro lado do ensinamento, que veremos após esse, como os paramitas, por exemplo. Vamos comecar pelo primeiro, "reta compreensao". Outra forma melhor de dizer o primeiro é "visão correta" ou "consciência correta". O primeiro é o ponto de partida. Como ensinamos a ver corretamente nessa tradição?<br />
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Você precisa ver as coisas como elas são para que seu "apego-aversão" diminua. Apego não é simplesmente gostar, querer, é "apego sedento" que estamos falando, que dá uma falsa sensação de posse, ou que busca possuir, e de identidade-identificação com a coisa possuída, aparentemente possuída ou desejada. Chama-se "desejo-apego". "Aversão" é mais fácil de ser entendido, pois é o que é, aversão, repulsa, ódio, intolerância...<br />
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<h3>
Primeiro ensinamento prático</h3>
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Como é que praticamos a consciência correta? Primeiramente é percebendo que toda coisa e fenômeno nessa natureza tem três características: tudo é impermanente, insubstancial e consequentemente insatisfatório. Insubstancial é não ter existência nem realidade em si mesmo nem por si mesmo, ser definido por conjuntos, agregados, de condições, causas e relações, dependente, portanto não-eterno e não-eu, ou seja disprovido de um ser real em si, condicionado. E nós e todos os que amamos estamos incluídos nessas três características, portanto não temos um eu próprio, em si mesmo, mas agregados mentais condicionados fruto das mesmas causas, condições e relações, portanto impermanente, portanto insatisfatório.<br />
<br />
Sim, nós não somos um eu, segundo Buda, nós temos um eu impermanente, insubstancial, insatisfatório, nem sempre presente, chamado eu convencional... No zen falamos que o objetivo é conhecer o verdadeiro eu. E uns perguntam se o verdadeiro eu é o não eu. Que pergunta mais zen! Mas não. O verdadeiro eu é o que é eterno em nós, é isso que precisamos encontrar e conhecer nessa etapa, chamado em todo mahayana (inclusive no nosso bodhisatvayana) de "nossa verdadeira natureza" ou natureza verdadeira da mente ou da consciência, ou também chamada de consciência-apenas na escola zen (apesar que existe outra visão de outra escola aí, que diz que não há eu algum nem mente alguma nem consciência, mas está errada, e Buda nunca ensinou isso, é invenção; e outra diz que anatta ou anatma é não-alma em vez de não eu, todos sabemos que Buda nunca disse que não tínhamos alma, mente, de jeito nenhum [a palavra alma vem do latim anima que é a tradução do termo grego psique, mente, Buda nunca falou que não tínhamos mente]). Essas são as três características da existência, se você observar vai vê-las em tudo e em todos.<br />
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Pronto, primeira lição. Vejam isso...<br />
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Isso é o que ensinamos a entender e a fazer.<br />
<br />
Para esta manhã é isso que temos, mais tarde continuamos, com a segunda lição.<br />
<br />
Mas por agora eu preciso de suas perguntas...<br />
As coisas mais importantes eu falo nas respostas às perguntas geralmente...<br />
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<h3>
Perguntas</h3>
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P. O senhor falou que budismo não é uma religião então porque alguns se dizem da religião budista e como é que eu faço para me tornar um budista sem ser da religião budista?<br />
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R. Boa pergunta. Duas perguntas, na verdade. Respondendo a primeira. Por que uns se dizem da religião budista? Porque ainda não despertam...<br />
<br />
Quando você despertar deixará de ser budista, zen, ou qualquer coisa referida a isso, isto é uma ferramenta, como uma chave de mecânico. Depois que você faz o reparo que precisa com ela você sai por aí dizendo "agora eu sou um chaveiro", ou "agora eu sou mecânico"? Espero que não.<br />
<br />
Eles aprenderam assim. Eu ensino de outro jeito logo no começo porque eu fui budista de várias escolas, terra pura, a da minha familia, tientai, soto, rinzai, tendai, theravada, shin, sanbo kyodan... Outras passei por elas também, mas como a primeira sem muito aprofundamento, e só pude me aprofundar no shin [terra pura] quando me aprofundei no bodhisatvayana, quando estava fora dela, quando você se identifica com algo isso gera obstáculo, apego, atrapalha, você cria um novo "eu budista", um novo muro em sua prisão.<br />
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Então não é preciso se tornar budista de modo algum, isso pode até atrapalhar. Você pode fazer melhor se tornando um praticante, isto é, praticante do ensinamento. É assim que falamos. Isto é o que deve fazer tanto o que quer ser "budista" quanto o que não quer ser "budista", quer apenas usufruir do treinamento...<br />
<br />
A palavra religião nem existia no budismo por séculos. E até hoje, apesar de menos, você verá, pessoas de outras religiões na China, Coréia, Japão, Tailândia sendo assíduos praticantes do budismo, especialmente no sanbo zen você tem até monges, padres, sacerdotes de outros sistemas...<br />
<br />
Se a pessoa segue uma religião é melhor que continue, descobrirá muito mais coisas sobre si mesma se não tomar a prática como uma religiosidade. A religiosidade é apenas um desencargo de consciência, para as pessoas que só seguem a si mesmas, que não se adaptam a verdades, regras, disciplinas que não sejam as suas próprias, que não querem ir nem um pouco além de suas margens de conforto, nem tem compromisso com a verdade, só unicamente com o prazer. Religião é algo bem mais sério. Não algo para ficar quicando de uma para outra ou para tomar apenas parcialmente. Nós aqui na ordem não brincamos com a religião dos outros.<br />
<br />
Por isso a sua segunda pergunda é muito importante. A maioria das escolas exigem que se tenha um professor ou mesmo uma iniciação para se tornar praticante. Mas isso parece brincadeira. Quer dizer que não posso praticar isso se me fizer bem? Eu não penso assim. Buda disse que um bhikshu ou um brahmane é todo o que ouve o ensinamento e pratica, não disse que é todo que tem um professor ou iniciação.<br />
<br />
E existem os sutras. Existem iniciações e permissões especiais para os mais avançados, mas para ser um praticante o principal é seguir os cinco preceitos, não quatro, não três, cinco. É o começo de tudo. Gostam de chamar aqui de treinamentos, isso é uma confusão, são preceitos, não treinamentos. Ouvir o dharma e aplicar o ensinamento, e para se considerar um praticante a condição é tomar os cinco preceitos, a diciplina moral. Sem isso não adianta nada, esqueça.<br />
<br />
São três coisas que você precisa fazer. A primeira é essa. Tem que tomar os preceitos, adotá-los como lei. A outra é o tríplice treinamento:<br />
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1. Sila, virtude;<br />
2. Samadhi, concentração e<br />
3. Panna, ou prajna, sabedoria<br />
<br />
Agora sim, treinamentos. Esses são os treinamentos.<br />
<br />
E tem que seguir os três fundamentos (sila, virtude; dana, generosidade e bhavana desenvolvimento da mente). Fundamentos, ou seja, sem isso deixa de ser o dharma.<br />
<br />
Observe que é um método que tem a purificação da mente como ferramenta, mas também como objetivo e resultado. "Fazer o bem, evitar o mal e purificar a mente, estes são os ensinamentos de todos os budas". Você tem essa sentença também na Bíblia duas vezes, uma na Antiga Aliança e outra na Nova Aliança. E agora? Se os médicos passam para você um remédio que tem três substâncias ativas porque só as três juntas curam, você vai na farmácia e compra um que tenha apenas uma das substâncias ou duas porque o remédio é caro ou alguma substância é amarga e o que acontece? Você vai morrer! Não adianta.<br />
<br />
[Risos]<br />
<br />
Quem me procurar querendo aprender a meditar eu vou ver primeiro se a pessoa quer purificar a mente, se ela quer ser boa, amorosa. Se não, eu a enxoto. Meditar não serve para nada. O remédio só faz efeito com os preceitos, fundamentos e treinamentos, e estes você ainda vai ter que aprofundar depois em sua recuperação, com mais treinos, os paramitas e o voto do bodhisatva são o ápice da virtude, complementam o treinamento.<br />
<br />
Os preceitos e treinamentos sozinhos fariam ainda bem melhor efeito que a concentração sozinha. Seria melhor que ele me procurasse para que eu ensinasse a ser uma pessoa boa, inofensiva ou generosa ou que me pedisse para tomar só os preceitos. Eu fico muito triste se numa turma algum confessa que está só interessado em "aprender a meditar". Tais pessoas são más, egoístas, e não sabem disso, se sentem zen, trancendentais, e não querem nem ouvir o outro, não há interesse pelo outro, são materialistas, querem se sentir bem, só isso.<br />
<br />
Quase todas as escolas falam sobre tomada de refúgio como prerrogativa, mas algumas poucas escolas não, outras ainda pelo menos não fazem disso uma exigência. Isso é uma tradição que surgiu depois de alguns concílios, especialmente os ecumênicos, como exigência para os monges. Era uma tradição da Índia antiga, se chama tomar refúgio no mestre, no professor, aquele passa a ser o cuidador, o defensor, tudo, como um pai para um filho, o pai entregava o filho àquele, que seria um pai para ele e os outros como sua família. Os samanas podiam ser individualmente um refúgio para seus discípulos, pois esses abandonavam as velhas crenças, os sacrifícios em troca da proteção dos devas, os deuses da Índia, nesse caso haveria um líder e responsável pelos outros, que seria professor e eles o obedeceriam... No budismo passou a haver as três jóias como refúgio. Foi um remédio. Mas o verdadeiro refúgio era apenas na verdade (também chamada dharma). Se você obriga a pessoa a tomar refúgio no Buda, novamente temos uma religiosidade, a pessoa mal conhece o que Buda ensinou e já o toma como um deus da verdade e um protetor pessoal. Nós não devemos fazer tais exigências de uma fé cega.<br />
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P. No budismo mahayana ainda existe o refúgio no guru sempre?<br />
<br />
R. Muitas escolas mahayanas continuaram com esse costume, mas também adicionaram ao refúgio nas três joias ainda o refúgio no guru e nos três reais refúgios, ou joias internas, a natureza búdica interior, a verdade transcendente, e aos iluminados do passado. Angumas escolas do vajrayana extendem isso ainda a outros níveis de refúgio ou de entendimento. Eu prefiro encarar como níveis de penetração no entendimento de um refúgio real do que como três tipos de triplo refúgio literais.<br />
<br />
Isso tudo foi para satisfazer o culto a ancestrais que havia em algumas regiões, ou às divindades que passaram a ser vistas agora como budas ou emanações do Buda Eterno em outra. Eu não recomendo essa prática e nós não exigimos nenhum tipo de refúgio. Buda disse [que] seja cada um refúgio para si mesmo. Parece duro, mas existem alguns aspectos bem duros no ensinamento. Buda disse, quando eu me for vocês têm o dharma... Ele não disse que ia nos guiar de um outro mundo. Nem disse que ia nos ajudar. O religioso budista tem seu refúgio no dharma. Isso não é uma regra nova, nem geral. Como recebi transmito. Se colocar isso como condição o dharma se fecha. Como o dharma é uma yoga não pode ser exclusivista, pois é uma ciência antiga. O dharma do taoísmo e do budismo e da yoga são dharmas "não-exclusivistas". Existem outros dharmas exclusivistas, não é problema, faz parte de sua condição, aqui não há essa condição, mas a condição de tomar os preceitos existe. Você não pode de jeito nenhum se dizer um praticante e sair se embriagando, mentindo, roubando. Não!<br />
<br />
Existem ainda como eu disse o ensinamento das 6 perfeicoes para os iniciantes e 10 (12 ou 14, depende). Usamos 14 porque existem sutras em que não coincidem os dez resultando em acréscimos, mas podem também ser incluídos como aspectos dos 10.<br />
<br />
E por última condição você precisa assimir o compromisso consigo mesmo de praticar as três únicas práticas que tornam você um praticante: a diciplina que inclui os preceitos e a prática moral, o ser generoso, dar sempre, se colocar sempre em último lugar, servir (especialmente no bodhisatvayana) e por último a concentração, que chamam de meditação, mas inclui consciência correta, atenção correta e concentração correta.<br />
<br />
Recapitulando: preceitos, fundamentos e compromisso (esse compromisso pode ser com um professor, ou através de uma iniciação ou consigo mesmo em sinceridade). Daí você recebe os treinamentos e vai praticando, aprofundando e recebendo mais, e assim por diante.<br />
<br />
Basicamente é isso todo o necessário para ser um praticante.<br />
<br />
P. Mas não existe uma dimensão de fé, que pode ser entendida como religiosa?<br />
<br />
R. Até podemos admitir alguns aspectos, como a fé, a confiança no professor. Mas você precisa dessa fé de qualquer modo para qualquer coisa. Se estuda medicina vai ter confiar, em alguma medida pelo menos, no professor, nos livros nos sinais que foi instruido a interpretar como sendo isso e aquilo. Se vai a uma cidade desconhecida você compra um mapa. Porque você confia no mapa? Pura fé. Você pode dizer "mas aí é diferente", você já estudou ciências sociais ou humanas? Para nós, é tudo baseado em fé. Aa! Não acredita? É porque você nao teve que estudar psicologia como eu!<br />
<br />
Como eu disse antes o que define religião é a questão de religar-se a algo, geralmente um ser supremo, um estado anterior, um local. Não é se há fé ou não há fé. Muita coisa na vida é pura crença e não é religião. No budismo existem escolas até que falam de uma terra pura, mas não de um retorno, outras falam de um Buda Eterno, mas você não estava antes com ele. A questão do refúgio pode ser uma questão de fé, ou de religião, mas a origem desta prática, é totalmente diferente, o objetivo é outro.<br />
<br />
Você pode ter a religião que quiser, isso aqui não interfere, isso interfere como um psicólogo, um psicanalista e um psiquiatra, trabalhando juntos, para você deixar de ser escravo de certos pesadelos que levarão sua vida a um colapso!<br />
<br />
Fui bem exagerado agora, não? Não, eu penso assim mesmo. Não sei como se pode viver sem saber para onde vai, seja depois da morte ou daqui a alguns anos, nem em que tipo de pessoa vou me transformar, ou se vou estar em paz ou em conflitos e sofrimentos. Então eu não posso mais ser zen, não é verdade?<br />
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[RISOS]<br />
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P. Eu sou cristão e tenho um amigo da religião afro... Ele tem suas obrigações com orixás. De mim não posso ter outro refúgio que não seja Jesus Cristo, que não seja Deus triuno... Mas digamos que vou ser um praticante 100% do que é ensinado numa tradição por meu interesse na cultura se eu fosse dessa cultura, vamos supor, ou interesse no aspecto psicológico. Como conciliar? Isto seria possível? Porque parece possível da forma como o senhor apresenta.<br />
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R. Não tem problema. Você só vai precisar encontrar uma escola que aceite isso caso você queira oficialmente seguir tudo dentro da tradição. Mas não ha necessidade disso.<br />
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Em algumas tradições ou escolas sim, porque algumas você tem que receber uma iniciação, vão exigir isto, noutras você tem que prometer fidelidade e exclusividade, noutras a obrigação da tomada de refúgio. Essas escolos podem incluir tudo isso junto, são a maioria. Você teria que encontrar uma escola, como a sanbo zen por exemplo ou alguma do budismo primordial, ou algumas zen que não veja problema, por exemplo.<br />
<br />
Mas o mais adequado nesse caso pode ser participar de uma ou duas escolas e estudar várias e se dedicar àquilo que você quer, se psicologia psicologia, se tradição tradição. Você pode ter problemas se a tradição for esotérica, pois provavelmente você não vai penetrar ou se deixarem você penetrar não vão mostrar tudo, sempre vão ver você como de outra tradição ou religião ou cultura ou mesmo como infiltrado, pode causar suspeita, de espião.<br />
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No geral, é porque aqui no ocidente o budismo é muito diferente do oriente, aqui se destaca muito a tradição, a oralidade, e se diz que lá é assim. Mas na maioria das escolas o mais valorizado são os sutras. Depois da partida do buda o mais referenciado é o dharma. Os sutras são a expressão mais completa do dharma, para a maioria das escolas. Em muitas deve ser lido o mesmo sutra em todas as reuniões, numas cantando as sílabas e muitas ate na língua original. A autoridade maior depois do Buda é o sutra. E você tem também em muitas o refúgio no guru ou professor que dificulta.<br />
<br />
Mas apesar disso o mais importante nas tradições originalmente é seguir o ensino. E o ensino está nos sutras. Você pode ser um praticante solitário em qualquer lugar (existem até tradições de monges completamente solitários). Buda disse isso, essa é a herança e a autoridade. Está acima de professor e linhagens. Você pode se dedicar a qualquer coisa, o todo, ou partes, qualquer aspecto que queira aprender, ou ser um budista completo ou mesmo fundar uma sangha, só a partir dos sutras se você tem estudo suficiente ou se você quer formar uma justamente para estudarem juntos. Foi o próprio Buda que ensinou que seria dessa maneira. O que você não pode é se dizer um praticante e não praticar os preceitos e os fundamentos.<br />
<br />
É claro que muitas tradições vão colocar outras coisas, como listas de linhagens que realmente não chegam ao Buda, ou mistérios ocultos nos textos. Eu fui de escola esotérica, sei disso. Mas ao contrário, os sutras são muito claros, muito bem explicados, não há dificuldade. A dificuldade só pode estar em sua mente se não entende. Então precisa buscar alguém ou uma escola.<br />
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O que podenacontecer é que em alguma religião possa haver fundamentos contraditórios aos fundamentos do dharma. Por exemplo se a religião tem como obrigações matar ou mandar matar, sacrifícios. O preceito do dharma de não matar de não matar se refere a todos os seres. Esse exemplo é bem claro. Mas podem haver outros fundamentos que não estejam tão claros, a pessoa deve ter uma boa orientação.<br />
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Mas se não há contradição siga com as obrigações de sua religião e evite o que vai contra ela, só isso basta para consciliar. Aqui nessa ordem muitos fazem isso, uns querem ir além da psicologia budista e penetrar mais na tradição e fazem isso ainda. Nao é empecilho ao resultado como muitos dizem. Isso é uma superstição. Que sem refúgio ou sem exclusividade não se chega aos resultados é falso. Quando ouvir isso de algum professor duvide. Quando você não pratica [é que] você não chega a resultados!<br />
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P. Eu sou de outra religião não poderia tomar refúgio porque isso seria contrário a ela. É bom saber isso. Mas se tiver práticas ou alguma coisa que fira minha religião posso expor isso e posso não praticar?<br />
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R. É só não praticar isso. Ninguém precisa saber. Mas se quiser expor ou discitir isso não tem problema. Você só não pode ser praticante e fazer coisas que vão contra os princípios que já falei. Por exemplo, você não pode matar amimais, nem ser um açougueiro ou ladrão ou lobista. Não deixe sua religião a não ser que veja que ela é prejudicial a você ou aos seres, por exemplo causando sofrimento, matando, enganando, como prática...<br />
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P. Pelo que eu entendi eu não posso praticar apenas uma coisa, por exemplo, meditação, mas deixar os preceitos de lado...<br />
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R. Pode. Mas para que? Vai ser inútil e até prejudicial. A purificação é uma condição para que alcance alguma coisa na meditação por exemplo, ser generoso também é. Alguém que quer meditar e matar, roubar, mentir, falar palavras baixas ou ofensivas, ter relações sexuais impróprias ou se embriagar é só um egoísta mimado que quer aparecer ou fugir da culpa ou do sofrimento. Ele vai para o inferno. Meditar para que?<br />
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Existem escolas que não exigem nada. No zen não é assim. Se você não cumprir as exigências ao entrar nem pode sentar. É assim na vida. No shingon existem rituais a serem feitos cheios de rigor, se a pessoa detesta rituais obterá muito pouco ali.<br />
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Umas [escolas] vão deixando a pessoa ir testando os preceitos, gostam da tradução "treinamento" em vez de preceito, porque não os cobra responsabilidades. Se eu ver um aluno meu chingando ou falando palavrão ele só entra na sala se pedir perdão e se mostrar arrependido. Se roubar alguém eu o expluso. Se você chutar o sofá porque tropeçou na quina e ainda chingá-lo, vai ter que examiná-lo, se quebrou, e consertar, e pedir desculpas a ele calma e sinceramente, isto sim é treinamento, não agredir é preceito. Entendeu agora?<br />
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Tem que cumprir os três pré-requisitos. Mas chegará o momento de falar mais dessa parte. Alguma pergunta dento do tema exposto?<br />
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P. [Do próprio Hiroshi] Sabendo que estamos tratando de algo prático, o que vocês aprenderam hoje? Quem resume numa frase?<br />
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R. [De Davi Allen] Devemos procurar ver assim: tudo que nós experienciamos e chamamos de existente é passageiro e desprovido de realidade própria em si mesmo e por isso insatisfatório.<br />
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Hiroshi: Ótimo.<br />
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GASSHÔ<br />
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<br />Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-11396836997103958672019-10-31T06:18:00.000-07:002019-10-31T06:18:47.027-07:00Vigência do Dharma por Buda<header class="entry-header" style="background-color: white; color: #404040; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 20px; word-wrap: break-word;"><h1 class="entry-title" style="border: 0px; clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 44px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 54px; margin: 0px 0px 20px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
A Profecia sobre a Redução da Vigência do Dharma por Buda</h1>
<div class="entry-meta" style="border: 0px; color: #aaaaaa; font-family: inherit; font-size: 12px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 15px; margin: 15px 0px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<a class="author" href="https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/author/octaviobotelho/" rel="author" style="border: 0px; color: #3a3a3a; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 600; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">octaviobotelho</a> / <a class="entry-date" href="https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/09/03/a-profecia-sobre-a-reducao-da-vigencia-do-dharma-por-buda/" style="border: 0px; color: #aaaaaa; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">03/09/2014</a></div>
</header><div class="entry-content" style="background-color: white; border: 0px; margin: 1.5em 0px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; word-wrap: break-word;">
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: right; vertical-align: baseline;">
por Octavio da Cunha Botelho</div>
<div class="wp-caption alignright" data-shortcode="caption" id="attachment_930" style="border: none; color: #404040; display: inline; float: right; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin: 0px 0px 1.5em 20px; max-width: 100%; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 310px;">
<a href="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><img alt="74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n" aria-describedby="caption-attachment-930" class="wp-image-930 size-medium" data-attachment-id="930" data-comments-opened="1" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n" data-large-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg?w=700" data-medium-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg?w=300" data-orig-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg" data-orig-size="720,486" data-permalink="https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n/" height="202" sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" src="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg?w=300&h=202" srcset="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg?w=300&h=202 300w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg?w=600&h=404 600w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/74883_464839106940_263212646940_5350177_3749270_n.jpg?w=150&h=101 150w" style="border: 1px solid rgb(204, 204, 204); display: block; height: auto; margin: 3.71875px auto 0px; max-width: 98%; padding: 5px;" width="300" /></a><div class="wp-caption-text" id="caption-attachment-930" style="background: rgb(239, 239, 239); border: 1px solid rgb(239, 239, 239); color: #999999; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 0.8075em; margin-top: 0.8075em; max-width: 98%; outline: 0px; padding: 5px; text-align: center; vertical-align: baseline; width: 303.796875px;">
Gravura reproduzindo o momento em que Pajapati Gotami insiste com Buda para ser ordenada a primeira monja budista.</div>
</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Quando lemos livros ou artigos escritos por adeptos ou por simpatizantes budistas, é possível encontrar estes autores se vangloriando do fato de Buda ter sido o primeiro, na história das religiões, a ordenar mulheres como monjas, elogiando assim o seu caráter tolerante com as mulheres. Entretanto, com base em uma investigação história imparcial e rigorosa, esta vanglória poderá ser infundada. Pelo que é possível verificar a partir dos textos religiosos, das inscrições e das descobertas da arqueologia, os dois primeiros líderes religiosos a ordenarem mulheres como monjas foram <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahavira</em>, reformador do Jainismo, e Buda, fundador do Budismo. Ambos foram conterrâneos e contemporâneos, nos séculos VI e V a.e.c., sendo que o primeiro foi um pouco mais velho. Os dados não são abundantes e tampouco muito específicos, mas, tal como algumas passagens dos textos budistas deixam entrever, a ordem das monjas jainistas (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">sadhwis</em>) foi fundada primeiro que a ordem das monjas budistas (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">bhikkhunis</em>), ao mencionarem a existência de outras seitas que admitiam mulheres como ascetas, cujas referências podem ser às comunidades monásticas dos jainistas. O <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Kalpa Sutra</em>, um dos mais importantes textos jainistas, informa que na época de <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahavira</em> existiam 36 mil monjas (Jacobi, 1994: 267). Certamente, o número é exagerado, mas é capaz de, pelo menos, confirmar que já existiam monjas jainistas quando Buda ordenou a primeira monja budista, a sua tia e mãe de leite, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em> (a mãe de Buda, a rainha <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Maya</em>, faleceu logo após seu nascimento, portanto ele foi amamentado e criado pela sua tia <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em>), tal como uma passagem do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Cullavagga</em> menciona, mais especificadamente, no trecho onde são relatados os fatos que cercaram a ordenação desta devota budista.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 700; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Demora no registro escrito</span></div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Na antiguidade indiana, época quando e local onde surgiu o Budismo, era comum os textos religiosos serem memorizados e transmitidos apenas oralmente durante muitas gerações, práticas que não foram diferentes com a tradição budista. As datas mais sugeridas para o nascimento e a morte de Buda são: 563 a.e.c. e 483 a.e.c. respectivamente, porém estas datas são controvertidas, a maioria dos autores coloca a data da morte (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">paranirvana</em>) entre os anos 487 e 480 a.e.c. Após seu falecimento, os textos budistas foram conservados na memória dos monges e transmitidos apenas oralmente por cerca de quatro séculos até a passagem para a forma escrita no século I a.e.c., durante o Quarto Concílio Budista, convocado pelo rei cingalês <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vattagaman</em>i no Sri Lanka (Hazra, 1982: 50 e Winternitz: vol. II, 1993: 10 e 21). A tradição cingalesa afirma que cerca de quinhentos monges trabalharam na tarefa de recitar e de copiar os textos durante este evento.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Transcorrido tão longo tempo de transmissão oral e tanta demora até o registro escrito, é difícil acreditar na intocável originalidade do conteúdo. Akira Hirakawa denuncia: “Durante este tempo, os cânones mantidos pelas várias escolas foram expandidos e alterados”. E explica mais adiante: “Uma vez que um longo período transcorreu entre a época das compilações originais do<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sutra Pitaka</em> e do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya Pitaka</em> e a época quando eles vieram a existir na forma atual, eles não podem ser restaurados em suas formas originais. Trechos mais antigos e mais novos dos textos foram misturados nos cânones em uso atualmente” (Hirakawa, 1990: 70). Então, em virtude desta demora na compilação escrita e a multiplicação de seitas logo nos primeiros anos, é comum encontrarmos um mesmo texto budista com conteúdos diferentes, quando comparadas as redações de distintas correntes. Portanto, esta ocorrência não é diferente com os textos do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya Pitaka</em> (coleção de textos budistas sobre as regras monásticas).</div>
<div class="wp-caption alignleft" data-shortcode="caption" id="attachment_931" style="border: none; color: #404040; display: inline; float: left; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin: 0px 20px 1.5em 0px; max-width: 100%; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 310px;">
<a href="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><img alt="1108737475_3463" aria-describedby="caption-attachment-931" class="wp-image-931 size-medium" data-attachment-id="931" data-comments-opened="1" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="1108737475_3463" data-large-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg?w=500" data-medium-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg?w=300" data-orig-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg" data-orig-size="500,330" data-permalink="https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/1108737475_3463/" height="198" sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" src="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg?w=300&h=198" srcset="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg?w=300&h=198 300w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg?w=150&h=99 150w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/1108737475_3463.jpg 500w" style="border: 1px solid rgb(204, 204, 204); display: block; height: auto; margin: 3.71875px auto 0px; max-width: 98%; padding: 5px;" width="300" /></a><div class="wp-caption-text" id="caption-attachment-931" style="background: rgb(239, 239, 239); border: 1px solid rgb(239, 239, 239); color: #999999; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 0.8075em; margin-top: 0.8075em; max-width: 98%; outline: 0px; padding: 5px; text-align: center; vertical-align: baseline; width: 303.796875px;">
Monjas (bhikkhunis) budistas em oração no Nepal</div>
</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O tanto que estes textos foram alterados, durante os quatro séculos de transmissão oral, não é possível se saber com exatidão agora, apenas conseguimos obter uma pista quando comparamos as diferenças na redação, de um mesmo texto compilado das versões anteriormente memorizadas por diferentes correntes. Esta demora na fixação por escrito e a multiplicação de seitas budistas nos primeiros séculos, com cânones distintos e redações diferentes, levou Edward Conze a desconfiar da originalidade: “Das palavras verdadeiras do Buda nada foi deixado” (…) “a seleção do que foi preservado é devido mais ao acaso do que às considerações de antiguidade e de mérito intrínseco” (…) “O ‘evangelho original’ está além de nosso alcance agora” (Conze, 1996: 08-9). E ainda mais: “O historiador que quiser determinar o que foi realmente a doutrina de Buda, se encontra literalmente diante de milhares de obras, que afirmam todas elas virem diretamente de Buda, e que, no entanto, contém os ensinamentos mais diversos e conflitantes”. (…) “O certo é que só se pode chegar ao extrato mais antigo das escrituras existentes através de inferências e de conjecturas”. (…) “Todas estas intenções de reconstruir um budismo ‘original’ só têm uma coisa em comum. Todas estão de acordo em que a doutrina de Buda não era o que os budistas entenderam o que ela era” (Conze, 1997: 34).</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 700; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">O <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tripitaka</em> (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tipitaka</em>)</span></div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Trata-se do nome das três coleções (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">pitakas</em>) de textos do Budismo mais antigo. Elas divergem conforme a corrente, portanto abaixo será usada a classificação da versão páli, por ser a que será utilizada na análise da profecia de Buda mais abaixo, cuja divisão é a seguinte:</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A) <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya Pitaka</em> (Coleção de Regras Monásticas), formada pelos textos:</div>
<ol style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 0px 0px 20px 3em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Patimokka</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Suttavibhanga</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahavagga</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Cullavagga</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Parivara</em></li>
</ol>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
B) <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sutta Pitaka</em> (Coleção de Sermões de Buda), formada pelos textos:</div>
<ol style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 0px 0px 20px 3em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Digha Nikaya</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Majjhima Nikaya</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Samyutta Nikaya</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Anguttara Nikaya</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Khuddaka Nikaya</em></li>
</ol>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
C) <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Abhidhamma Pitaka</em> (Coleção de Textos Especulativos) formada por:</div>
<ol style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 0px 0px 20px 3em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dhammasangani</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vibhanga</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dhatukatha</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Puggalapannatti</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Kathavatthu</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Yamaka</em></li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tika-patthana</em> e</li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Duka-patthana</em></li>
</ol>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 700; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A coleção de textos <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya</em></span></div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A Coleção de Regras Monásticas (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya Pitaka</em>) sobreviveu em sete cânones, cujos nomes das correntes <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">vinayas,</em> com a língua original e a língua na qual o texto sobreviveu entre parênteses, são enumerados abaixo (Prebish, 1994: <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">passim</em> e Sujato, 2012: 21):</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A) da tradição <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahasanghika</em>:</div>
<ol style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 0px 0px 20px 3em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahasanghika </em>(Sânscrito, sobreviveu em tradução chinesa)</li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Lokuttaravada </em>(Sânscrito, sem tradução)</li>
</ol>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
B) da tradição <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sthavira</em>:</div>
<ol style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 0px 0px 20px 3em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahaviharavasin</em> (Páli, sobreviveu na língua original)</li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dharmaguptaka</em> (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gandhari,</em> sobreviveu em tradução chinesa)</li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahisasaka</em> (Sânscrito, sobreviveu em tradução chinesa)</li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sarvastivada</em> (Sânscrito, sobreviveu em tradução chinesa)</li>
<li style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mulasarvastivada</em> (Sânscrito, sobreviveu nas traduções chinesa e tibetana).</li>
</ol>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 700; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A ordenação da primeira monja budista</span></div>
<div class="wp-caption alignright" data-shortcode="caption" id="attachment_932" style="border: none; color: #404040; display: inline; float: right; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin: 0px 0px 1.5em 20px; max-width: 100%; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 310px;">
<a href="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><img alt="14_-__Kanakprabhaji___Nuns_in_Morning_Prayer_02" aria-describedby="caption-attachment-932" class="wp-image-932 size-medium" data-attachment-id="932" data-comments-opened="1" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"0"}" data-image-title="14_-__Kanakprabhaji___Nuns_in_Morning_Prayer_02" data-large-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg?w=478" data-medium-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg?w=300" data-orig-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg" data-orig-size="478,327" data-permalink="https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02/" height="205" sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" src="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg?w=300&h=205" srcset="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg?w=300&h=205 300w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg?w=150&h=103 150w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/14_-__kanakprabhaji___nuns_in_morning_prayer_02.jpg 478w" style="border: 1px solid rgb(204, 204, 204); display: block; height: auto; margin: 3.71875px auto 0px; max-width: 98%; padding: 5px;" width="300" /></a><div class="wp-caption-text" id="caption-attachment-932" style="background: rgb(239, 239, 239); border: 1px solid rgb(239, 239, 239); color: #999999; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 0.8075em; margin-top: 0.8075em; max-width: 98%; outline: 0px; padding: 5px; text-align: center; vertical-align: baseline; width: 303.796875px;">
Diferente de como muitos budistas se vangloriam, a ordem das monjas (sadhwis) jainistas foi fundada antes da ordem budista de monjas (bhikkhunis).</div>
</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Dos textos que formam a coleção<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya</em> (Regras Monásticas), interessa-nos aqui o capítulo X do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Cullavagga</em>, onde é relatada a história da ordenação da primeira monja por Buda, sua tia e mãe de leite, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em>. Este relato diverge em alguns detalhes quando comparamos as redações dos diferentes cânones do<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya</em>, de maneira que aqui será utilizada a versão páli do cânone <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahaviharavasin</em>, seguida pela corrente <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Theravada</em> (Rhys-Davids, 1989: 320s; Warren, 1995: 441-7 e Horner, 2001: 352s). Esta recensão relata que, depois de insistir por três vezes com Buda, para que as mulheres pudessem abandonar seus lares e entrarem para a vida monástica no <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sangha</em>, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em>se dirigiu para <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vesali</em>, onde se encontrava Buda, para então tentar mais uma vez. Chegando lá, acompanhada de cerca de quinhentas mulheres da região de <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sakhya</em>, com a cabeça raspada, com os pés descalços, com os membros empoeirados, com o rosto coberto de lágrimas, se colocou do lado de fora do pórtico do portão de entrada. Ao vê-la assim, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ananda</em>, o discípulo e assistente de Buda, perguntou-lhe o motivo daquela aparência e daquele choro. Ela respondeu que estava assim porque Buda não lhe permitiu entrar para a vida monástica. Então, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ananda</em>, decidiu interferir e se dirigiu ao local onde estava Buda para tentar mais uma vez, informando que sua tia, madrasta e mãe de leite, a grande <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em>, estava no portão chorando porque desejava se tornar monja, mas não lhe foi permitida a entrada na ordem monástica. Daí, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ananda</em> fez a solicitação da entrada de<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gotami</em> na ordem por mais três vezes, o que o Buda recusou novamente. Enfim, <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ananda</em> fez então uma solicitação eloquente e comovente, o que finalmente resultou na aceitação do Buda, porém na condição de que <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em> aceitasse previamente as Oito Regras Importantes (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Atthagarudhammas</em>).</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Estas regras para as monjas são seguidas até hoje nos países onde se conserva a ordem das monjas budistas (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">bhikkhunis</em>), porém elas são bombardeadas por críticas das feministas que as consideram carregadas de sentimentos discriminatórios, depreciativos e preconceituosos com relação à mulher. Das oito regras, bastarão mencionar aqui apenas as duas mais discriminatórias e subjugadoras:</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Regra 1: “Uma monja, que foi ordenada mesmo que seja por um século, deve reverenciar respeitosamente, levantar-se do seu assento, saudar com as mãos juntas, realizar a devida homenagem a um monge ordenado, mesmo que seja naquele mesmo dia. Esta regra deve ser honrada, respeitada, reverenciada, venerada, nunca ser transgredida durante sua vida” (Horner, 2001: 354 e Sujato, 2012: 47).</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Regra 8: “De hoje em diante, advertência de monges pelas monjas é proibida, (enquanto) advertência de monjas pelos monges não é proibida” (Horner, 2001: 355).</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Obviamente, nem todos percebem estas regras acima com olhos aprovadores. Janice D. Willis, as avalia da seguinte maneira: “Estas oito regras especiais para mulheres servia para deixar claro o status separado e inferior das monjas comparado ao dos monges” (Willis, 1985: 62). Mais adiante, comentado sobre a oitava regra, ela acrescenta: “Claramente, tal regra pretendeu solidificar para sempre o lugar subordinado das mulheres dentro da Ordem Budista. Ainda mais, além de um período probatório de dois anos para as monjas, havia mais regras estabelecidas para elas do que para os monges. Também, frequentemente acontecia que os monges incorriam em menos punições que as monjas, por uma espécie idêntica de ofensa (Willis, 1985: 80).</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 700; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A profecia da redução da vigência do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dharma</em></span></div>
<div class="wp-caption alignright" data-shortcode="caption" id="attachment_933" style="border: none; color: #404040; display: inline; float: right; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin: 0px 0px 1.5em 20px; max-width: 100%; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 310px;">
<a href="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg" style="border: 0px; color: #117bb8; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><img alt="buddha 3" aria-describedby="caption-attachment-933" class="wp-image-933 size-medium" data-attachment-id="933" data-comments-opened="1" data-image-description="" data-image-meta="{"aperture":"0","credit":"","camera":"","caption":"","created_timestamp":"0","copyright":"","focal_length":"0","iso":"0","shutter_speed":"0","title":"","orientation":"1"}" data-image-title="buddha 3" data-large-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg?w=700" data-medium-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg?w=300" data-orig-file="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg" data-orig-size="1024,768" data-permalink="https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/buddha-3/" height="225" sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" src="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg?w=300&h=225" srcset="https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg?w=300&h=225 300w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg?w=600&h=450 600w, https://observadorcriticodasreligioes.files.wordpress.com/2014/09/buddha-3.jpg?w=150&h=113 150w" style="border: 1px solid rgb(204, 204, 204); display: block; height: auto; margin: 3.71875px auto 0px; max-width: 98%; padding: 5px;" width="300" /></a><div class="wp-caption-text" id="caption-attachment-933" style="background: rgb(239, 239, 239); border: 1px solid rgb(239, 239, 239); color: #999999; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 0.8075em; margin-top: 0.8075em; max-width: 98%; outline: 0px; padding: 5px; text-align: center; vertical-align: baseline; width: 303.796875px;">
Buda profetizou que, com a entrada das mulheres na ordem monástica, a duração do Dharma seria reduzida em 500 anos.</div>
</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Após aceitar as ordenações de<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pajapati Gotami</em> e das suas companheiras, Buda se dirigiu ao seu discípulo <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ananda</em> e proferiu a seguinte profecia preconceituosa de que: “se as mulheres não tivessem deixado suas casas e se tornado monjas, o verdadeiro <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">dhamma</em>teria durado por mil anos. Agora, uma vez que as mulheres deixaram suas casas e se tornaram monjas, a verdadeira religião (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">dhamma</em>) não durará muito tempo, durará somente quinhentos anos” (Rhys-Davids, 1989: 325; Warren, 1995: 447 e Horner, 2001: 356). Em outras palavras, as mulheres são o motivo para o encurtamento da duração da verdadeira religião em quinhentos anos, ao invés de durar mil anos, durará apenas quinhentos anos, em virtude da entrada das mulheres na ordem monástica. Uma curiosidade é que esta profecia só aparece com esta redação, onde é especificado o número de anos da redução da vigência do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dharma</em> (verdadeira religião), na versão páli do cânone dos <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mahavaharavasins</em>, enquanto que, nos textos dos outros cânones não aparece assim. Por exemplo, na versão sânscrita do cânone<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mulasarvastivada</em>, a redação deste trecho é mais enxuta e aparece assim: “Exatamente, ó Ananda, o domínio do <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dharma</em>, se as mulheres abandonarem suas casas para se tornarem monjas, não continuará por muito tempo” (Paul, 1985: 84).</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Esta profecia pode ter tido efeitos em alguns países orientais de predominância budista, pois nalguns deles a ordem monástica das monjas (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">bhikkhunis</em>) foi extinta há alguns séculos, tais como na Tailândia, no Sri Lanka e em Mianmar (antiga Birmânia), porém sobrevive precariamente no Tibet, na China e com um tanto mais de vigor em Taiwan. Existem alguns esforços para se restabelecer a ordem das monjas naqueles países onde foi extinta, mas as tentativas têm resultado em vão, sendo assim, as aspirantes precisam viajar para outros países para serem ordenadas.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Acusar as mulheres pelo motivo do declínio de uma religião soa absurdo nos dias de hoje, quando as mulheres têm demonstrado grande capacidade e habilidade nas tarefas externas, enquanto que no passado só cumpriam, quase exclusivamente, tarefas domésticas, sendo que, muitas delas ocupam hoje alguns dos mais importantes cargos de liderança no mundo, fato inimaginável na época de Buda.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Agora, se acreditarmos nesta profecia preconceituosa, ela deixa duas conclusões. Se Buda pretendeu dizer que a verdadeira religião (<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dharma</em>) é o mesmo que Budismo e que iria durar no máximo quinhentos anos, seu fim não aconteceu no prazo por ele apontado, uma vez que a religião budista existe há cerca de 2.500 anos e ainda é florescente em muitas partes do mundo, inclusive passou a ser objeto de crescente interesse no Ocidente a partir do século XX. Se ele, por outro lado, pretendeu dizer que, depois dos primeiros quinhentos anos, o Budismo não seria mais uma verdadeira religião, resta então investigar o que é enfim este Budismo atual, pois sem uma explicação convincente para esta última hipótese, parecerá que é uma religião com o prazo de validade vencido.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">
<span style="border: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: 700; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Obras consultadas</span></div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
CONZE, Edward. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A Short History of Buddhism</em>. Oxford: Oneworld Publications, 1996.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">______________ El Budismo: Su Essencia y su Desarrollo</em>. México: Fondo de Cultura Económica, 1997.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
HAZRA, Kanai Lal. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">History of Theravada Buddhism in South-East Asia: with Special Reference to India and Ceylon.</em> New Delhi: Munshiram Manoharlal Publishers, 1982.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
HIRAKAWA, Akira. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A History of Indian Buddhism: from Sakyamuni to Early Mahayana</em>. Honolulu: University of Hawaii Press, 1990.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
HORNER, I. B. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Women Under Primitive Buddhism</em>. London: George Routledge and Sons, 1930.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
___________ (tr.) <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">The Book of the Discipline (Vinaya Pitaka), vol. V (Cullavagga).</em> Oxford: The Pali Text Society, 2001.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
JACOBI, Hermann (tr.). <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Jaina Sutras, Sacred Books of the East, vol. 22.</em> Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1994.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
PAUL, Diana Y. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Women in Buddhism: Images of the Feminine in Mahayana Tradition</em>. Berkeley: University of California Press, 1985, p. 77-94.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
PREBISH, Charles S. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A Survey of Vinaya Literature</em>. Taipei: Jin Luen Publishing House, 1994.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
RHYS-DAVIDS, T. W. and H. Oldenberg (trs.). <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Vinaya Texts, part III</em> (Sacred Books of the East, vol. 20). Delhi: Motilal Banarsidass, 1989, p. 320s.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
SUJATO, Bhikkhu. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Bhikkhuni Vinaya Studies: Research & reflections on monastic discipline for Buddhist nuns.</em> Santipada, 2012.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
WARREN, Henry Clarke. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Buddhsim in Translations</em>. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1995.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
WILLIS, Janice D. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Nuns and Benefectresses: The Real Role of Women in the Development of Buddhism </em>em <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Women, Religion and Social Change</em>. Yvonne Y. Haddad (ed.). Albany: State University of New York Press, 1985, p. 59-85.</div>
<div style="border: 0px; color: #404040; font-family: inherit; font-size: 13px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 20px; margin-bottom: 1.5em; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
WINTERNITZ, Maurice. <em style="border: 0px; font-family: inherit; font-weight: inherit; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A History of Indian Literature, vol. II</em>. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1990.</div>
<div class="sharedaddy sd-like-enabled sd-sharing-enabled" id="jp-post-flair" style="border: 0px; clear: both; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0.5em 0px 0px; vertical-align: baseline;">
<div class="sharedaddy sd-sharing-enabled" style="border: 0px; clear: both; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div class="robots-nocontent sd-block sd-social sd-social-icon-text sd-sharing" style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #606060; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12px; line-height: 14.3999996185303px;"><b>https://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/09/03/a-profecia-sobre-a-reducao-da-vigencia-do-dharma-por-buda/</b></span></span></div>
</div>
</div>
</div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-28286368176456750422019-09-04T16:46:00.001-07:002019-09-04T16:46:32.634-07:00A história do theravada<br />
Desde o início deste blog tenho defendido o theravada (a escola à qual eu mesmo seguia a mais de uma década) como a escola mais antiga e mais ortodoxa. Apenas transmiti a informação tal qual recebi da tradição e confirmada por muitas outras escolas e por extensa pesquisa neste sentido.<br />
<br />
Mas se todas as outras escolas que confirmam isso (ainda que hajam muitas que neguem também) estiverem erradas? Geralmente elas receberam essa informação da própria escola theravada e não há muita razão para que elas duvidassem isso enquanto escolas religiosas. Mas enquanto estudante de história obviamente temos que ir muito além disso. Se você colocar as palavras história e theravada em um buscador na internet, provavelmente você terá umas dez páginas de de opções que apenas vão de alguma maneira dar razão à lenda que a escola theravada é a mais antiga e que tem ligação com os primeiros concílios. Mas se você buscar textos, artigos históricos, pesquisas arqueológicas e históricas que partam de informações mais acuradas e investigadas nas fontes e documentos antigos teremos uma outra história, bem diferente dessa propagandeada antiguidade do theravada.<br />
<br />
Para iniciarmos esta série sobre a história do theravada deixo aqui um video do amigo André Munis que me ajudou muito a encontrar mais informações sobre essa verdadeira história e constitui também um resumo do que tenho achado até agora. Assista, talvez seja muito surpreendente para você caso conheça a história comum apresentada por sites ou pelos próprios adeptos da escola theravada. Eu já vinha fazendo esta pesquisa quando era participante do theravada, devido a antiguidade de muitos textos que constituem o cânone chinês que (estranhamente?) são mais antigos que os do cânone pali, considerado o mais antigo. Não quis publicar para não contrariar ou chocar meus amigos theravada, mas depois experimentar suas reações sectárias quando você não concorda com e até acusações gratuitas sem qualquer fundamento, percebi que a grande maioria não desenvolve uma real amizade e pior ainda compaixão ou mesmo empatia pelos seus amigos, pelo contrário, a amizade e gentileza se reduz ao período de concordância ou de silêncio dos discordantes. A questão é que não lhes interessa a verdade, mas o que diz a tradição, embora os monges mais liberais são exautados mesmo rompendo até com os princípios mais básicos do dhamma. Por favor assista esse primeiro vídeo. Trari evidência de pesquisadores sérios que vão confirmar algumas coisas desse primeiro video.<br />
<br />
<br />
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=AyfFdHa3ug8&t=42s">https://www.youtube.com/watch?v=AyfFdHa3ug8&t=42s</a>Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-58256124465043574852019-02-01T20:21:00.002-08:002019-02-01T20:21:35.825-08:00 O COMEÇO<br />
<br />
Numa sala com um pequeno tablado Ryokan entra balançando as mãos em saudação e diz, em voz suavemente cantada no seu sotaque japonês-americano, "meu nome é Ryokan Hiroshi, venho aqui como professor itinerante a convite de vocês"... E enquanto escrevia uma lista de temas num quadro dizia seu objetivo: ..."para estudarmos esses temas e outros que surgirão, eu falarei antes, apresentando e ensinando, pois vocês me tem por especialista, e depois conversaremos. Mas antes vamos às apresentações de cada um de vocês, por que estão aqui?"<br />
<br />
Então ele sentou numa beira do tablado e foi mirando e apontando as pessoas segundo algum critério que transparecia no seu olhar, o que, ao final se percebeu, era por idade. As pessoas diziam seus nomes e a razão de estarem ali sentados naquelas cadeiras escolares como ele bem frisou conscientizando as pessoas de suas presenças ali e de suas razões pessoais para isso.<br />
<br />
Essa abordagem próxima, atenta e impressionante atraiu tanto a atenção das pessoas que nenhum dos estudantes tem essa lista de temas, ninguém anotou, todos estavam concentrados naquela figura, talvez encantadora por sua simplicidade e inteligência. Depois disso ele apagou o quadro e escreveu um tema diferente do que figurava como primeiro da lista. E esse alguns anotaram, "Apresentação".<br />
<br />
APRESENTAÇÃO<br />
<br />
Bom dia, meus amigos, já fomos todos apresentados e conto com sua atenção e amizade para conversarmos sobre o tema que apresentarei hoje aqui, sucintamente, porque é um tema que vai em muitos conhecimentos, sobre a proposta clínica e terapêutica do médico, como se chamou a si mesmo, o Buda. Essa proposta, indo direto ao assunto, se pode classificar em três abordagens que são três momentos e, ao mesmo tempo, três desenvolvimentos que já estavam na verdade implícitos no primeiro.<br />
<br />
Primeiro temos a buda-terapia auto [centrada], que é a forma que todos conhecem e se tornou a prática religiosa das religiões budistas praticamente em todas que é a chamada meditação; depois temos a abordagem realmente religiosa, decodificada para a maioria como devocional ao Buda, aos budas para outros, aos budas e bodhisatvas para outros, a um certo buda do passado para outros e a um certo buda do futuro para outros (que já veio, no entender de uns, e que virá no entender de outros, então observe que cada escola de budismo está preocupada apenas com sua linha e nenhuma fará um estudo como este nem jamais abordará o que abordaremos aqui hoje porque é uma visão de dentro e de fora de todas as escolas, como se fosse ciência da religião praticamente, mas feita por cientistas que passaram por todas as escolas em seu conjunto); depois finalmente temos a buda-terapia centrada no outro ou em todos os seres ou no caminho do bodhisatva como é conhecido.<br />
<br />
Já devem ter notado que o estágio do meio é bem mais complexo e realmente, exigirá muito mais informação, é complicado, por isso deixarei por último, já que não teremos tempo de aprofundar nenhum deles, que pelo menos seja visto quando já tiverem uma ideia do que é o budismo na visão oriental, sua prática e seus resultados (algo que deveria ser sempre observado).<br />
<br />
Então como foi pedido resumirei minhas teses apresentadas sobre o assunto para dar conhecimento pelo menos de sua existência e de que existem muitos estudiosos e muitas posições diferentes e que não existe consenso algum, como se quer fazer parecer, sobre determinados temas que geraram escolas filosóficas. Tudo que se conhece de budismo hoje não vem de nenhuma escola original única específica mas de combinações e desenvolvimentos da informação de um número de escolas que surgiram logo no inicio do budismo.<br />
<br />
Com Buda ainda vivo já haviam duas escolas, ambas seguindo o ensinamento do Buda, uma que se formou nas andanças do Buda por terras mais distantes e lá permaneceu, e uma que o acompanhou desde o início até o fim da trajetória, sendo que nessa mesmo houve pelo menos uma grande cisão, com o Buda ainda vivo. Então na verdade seriam três escolas, mas esta não foi considerada mais seguindo o Buda então são duas. Isto fica mais explícito ou famoso no Sutra do Lotus, mas aparece em muitos outros suttas e sutras, é só prestar atenção.<br />
<br />
Só que esta dissidência, que deixou de receber o restante dos ensinamentos, considerando-o como desnecessário para eles que eram já seguidores por muitos anos, influenciou muito as outras que surgiram depois, pois os monges que encontraram essa divisão deram bastante crédito a esses outros, que obviamente haviam vivido ao lado do Buda por muitos anos. Outro ponto é que essa dissidência gerou grupamentos diferentes o que resultou em grupamentos diferentes também de ensinamentos e de pensamento. E isso também aconteceu com as outras duas divisões originais. Não é nosso objetivo aqui hoje detalhar isso nem dar nome a essas escolas, mas só mostrar a diversidade de pensamento e sua origem no princípio do que se convencionou chamar budismo já.<br />
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Então vejam que não há como não ter havido confusão, por causa de um acontecimento desse... Portanto cada escola trás a sua verdade, não quer dizer dizer que alguma detenha o conhecimento certo, autêntico e completo, também não quer dizer que não, nem que tudo que existe possa ser relativizado em relação a escolas. Não, Buda existiu e ensinou ensinamentos, que são como são, o que se diz que ele disse não altera o que ele realmente disse, existe obviamente ali muito, muito mesmo, do que ele disse.<br />
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Por isso um cânone budista não é como um cânone cristão, algo que possa ser tido como em teologia, inerrante apesar de trabalho humano de escrita, mas [sim] como trabalho humano de escrita que contém não exatamente o que Buda disse, mas da forma como foi transmitido pela tradição oral e posteriormente anotado. Esclarecido esse ponto, então entendam com isso o porque de minha abordagem, como se fosse de fora, para apresentar aos que estão de fora: porque vocês estão de fora, mesmo os que aqui são budistas, pois estão dentro de sua própria visão ou da visão de sua escola e de fora de todas as outras escolas, ou seja, da maior parte do que se chama budismo. Mais tarde verão que não existe tanta intersecção assim entre as escolas como o convívio faz parecer.<br />
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A TERAPIA CENTRADA NO INTERIOR OU AUTO-CENTRADA<br />
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Dito isso posso passar ao ponto que quase todas as escolas, 80% eu diria, mais ou menos, estão de acordo, sobre a necessidade da técnica, seja ela como for, que se chama meditação (afinal estou aqui para falar de meditação e como vocês podem convidar um professor que não ao menos gosta da palavra meditação para falar de meditação? Veremos). Não quero falar de visões de escolas aqui, mas apenas do ensinamento puro e simples como está registrado, seu aspecto prático.<br />
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A meditação é uma prática extremamente fácil. O ensino errado dela como uma prática difícil é apenas um erro didático (claro os professores budistas não tiveram que estudar didática nem psicologia, nem oratória, etc.). Esse erro consiste em confundir o resultado mais profundo com a própria prática. A prática é extremamente fácil, seu resultado, a concentração (Buda nunca falou em meditação) é que é difícil para nós quando estamos destreinados nisso. A controvérsia surge apenas [1] no que é essa concentração, e [2] quais são os seus níveis necessários e [3] para que ou por que precisamos praticar a concentração, chamada aqui no ocidente de meditação (não vou tocar nesses pontos controversos [1 e 2], isso vocês descobrirão por si mesmos se praticarem, somente falo do último [do 3], "para que"). Ou seja, há grande confusão por causa do uso dessa palavra, que confunde a prática com seu resultado. No oriente geralmente não existe tanta confusão porque são duas palavras diferentes, bhavana, a prática, o procedimento, para se atingir dhyana, ou a concentração. Um dos motivos para que eu use mais a palavra dhyana...<br />
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Meditar, a prática, consiste simplesmente em prestar atenção. Estão surpresos? É isso mesmo que vocês ouviram, a prática da meditação é só e simplesmente prestar atenção. A ferramenta mais importante da prática é a atenção. Buda não invetou isso, é claro. Ele praticou o que lhe foi ensinado, só que ele foi a resultados diferentes, ele tinha outras buscas diferentes daquelas de seus professores. Mas em todas as culturas essa prática existe, cada uma envolta em seus próprios procedimentos.<br />
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Aqui vocês tem essa herança judaica muito forte, os judeus meditam, o seu procedimento é meditar na lei dia e noite, ou seja, é focar a atenção no conhecimento da lei e no seu cumprimento, no comportamento o tempo todo de acordo com a lei. Os cristãos herdaram em parte essa meditação, mas muito menos, pois seu procedimento é mais dividido em duas partes, meditar na escritura, ou seja, ler remoendo, recebendo a inspiração divina, lentamente e com plena atenção e a outra é bem parecida, eu diria que igual nesse aspecto, à budista, que é estar todo o tempo vigilante, e mais, como se Jesus fosse voltar a qualquer momento, com a lembrança do Cristo também como habitando seu corpo, dentro, e como modelo de comportamento, externamente, e ainda, aliado a isso, em oração todo o tempo.<br />
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No Egito e na Grécia antigos a meditação derivada da escola hermética era refletir longa e concentradamente sobre um assunto considerado superior. Hermes relata isso logo no inicio de seu Corpus Hermeticum, como estava compenetrado, refletindo acerca dos mistérios da existência, de Deus e dos seres, e sua mente foi como que arrebatada, e nisso se baseia a meditação hermética. Em yoga, que, apesar de ainda não sistematizada na época, influenciou muito a vida e a forma de meditar do Buda, a atenção se dirige ao corpo, à respiração, e então só depois no mais profundo, como o budista entra logo no início, [atenção] na mente e na consciência, seu funcionamento, etc.. Semelhantemente no taoismo, a contemplação passiva dos fenômenos, da natureza, semelhantemente entre os indígenas aqui da Norte América, semelhantemente a outras culturas que podem ser chamadas xamanísticas...<br />
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O problema é que as pessoas não conhecem muito a história do oriente e lançam tudo isso muito para trás no tempo, mas todas essas coisas praticamente pertencem ao mesmo milênio surgindo em lugares diferentes, mas mais tarde com a expansão do comércio e das conquistas se encontrando no mundo palestino, também ao norte da Índia e no mundo helenista onde se popularizam em comparação com o que eram antes. Como Patanjali sistematizando yoga mais ou menos no ano 150 a.C.; o conhecimento hermético entre a elite grega em Alexandria; o budismo também provavelmente encontrou os essênios e com certeza mais tarde os cristãos e depois os gnósticos. Haviam monges itinerantes budistas no mundo helenista da época em que Jesus estava andando por ali e provavelmente eles constataram semelhanças e diferenças entre os procedimentos tanto que surgem três vertentes bem diferentes mais ou menos a partir daí. Surge a do budismo tântrico que dizem ter sido influenciado por hinduísmo, certamente por yoga, politeísmo, panteísmo; também surgem o budismo que enfatiza o caminho do bodhisatva, talvez até influenciado pelo cristianismo; e uma corrente que se aproximava mais do estilo de vida mais simples do budismo inicial influenciado muito especialmente pelo taoismo, mas também provavelmente pelo mundo helênico como se pode ver na arte na China da época que tinha sua relações comerciais e no uso de termos e conceitos mais ocidentais pelos eruditos budistas.<br />
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Mas no budha-dharma, no ensinamento de Buda, há um procedimento indispensável, por isso ele sistematizou esse procedimento e criou um trinamento intensivo, durante parte do dia para o desenvolvimento desse treinamento, que tem dois momentos, o treinamento em si e a vivência do que foi treinado no dia a dia, isso é toda a budha-terapia em sua abordagem que primeiro quero falar, esse treinamento. Vamos a ele.<br />
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O TREINAMENTO FORMAL<br />
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Aqui está uma frase do Buda encontrada no Digha Nikaya, vamos ler juntos: “Impermanentes são as coisas condicionadas, sujeitas à origem e cessação. Tendo surgido, elas são destruídas, a sua cessação é a verdadeira bem-aventurança.” [(usei a tradução mais conhecida encontrada em www.acessoaoinsight.net para maior exatidão)] Não há dúvida no budismo sobre isso, sobre esse assunto. Mas vamos prestar atenção ao que diz.<br />
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Nos devemos obedecer aos preceitos e treinar ninguém transcende isso. Um desperto não ultrapassa isso, porque quando ele está livre ele não consegue mais não cumprir os preceitos, parece uma contradição, mas é isto, quando ele está livre, desperto ele não transcende os preceitos nem o treinamento, pois ele naturalmente os cumpre e já está treinado.<br />
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Por outro lado vamos prestar atenção ao que diz: "Impermanentes são as coisas condicionadas, sujeitas à origem e cessação." Ele não está falando de cultivo, de treino, todas as coisas condicionadas, treinadas, cultivadas são condicionadas, são surgidas e devem desaparecer porque "tendo surgido, elas são destruídas, a sua cessação é a verdadeira bem-aventurança." Veja bem, elas, todas, vão desaparecer, e mais, seu desaparecimento é a verdadeira bem aventurança. Isto é o princípio do paradoxo aplicado à iluminação, mas isso é outro assunto, pois aqui temos que ver quem está treinando e quem será liberto, o condicionado está treinando, o eu [(ego)] está treinando e obedecendo para que o verdadeiro eu seja liberto, o incondicionado seja liberto. O que vai despertar? O que vai ser libertado? Aquilo que nunca esteve preso, aquilo que nunca foi apagado, nunca dormiu, nunca sonhou. O que é isso? O incondicionado, o não alterado, o não mutável, o permanente, nas palavras de Buda, O Eterno. O que está aí dentro de você, mas você não tem acesso, permanece como que morto, não é a consciência biológica, não é a consciência animal, independe disso, é a consciência pura, que não surge na dependência de matéria e mente nos doze elos, é o que o zen chama de verdeiro eu, que os cristãos chamaram de Cristo dentro [(ou Cristo interno nas traduções latinas e tradições místicas)], que os hermetistas chamaram de nous [(ou "seu próprio nous" com letra minúscula)], e assim por diante.<br />
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Eu tenho que falar assim porque Buda o chamou simplesmente de incondicionado. E não diferenciou o incondicionado de Nirvana, nem de Dharmakaya, a não ser em pouquíssimos sutras, como os Tathagatagarbha-sutras, e isto ficou muito difícil para os ocidentais e para os japoneses também, por isso fazemos comparações e as tradições tântricas do Japão também deram diferentes nomes, para entendermos o que Buda está chamando de desperto, de buda, de liberto, de tathagata. Thathagata é o que assim veio e assim retornou, que nunca se alterou, que permanece idêntico ao que sempre foi, puro, incontamindo como é descrito em alguns suttas, vazio de todas as impurezas, de toda dependência (pois incondicionado), de sofrimento, de toda e qualquer mudança, variação, impermanência. A destruição do que é condicionado, ou seja, visões errôneas da realidade que criam o mundo de ilusão, é a verdeira bem-aventurança, visões errôneas, sentimentos errôneos, desejos errôneos...<br />
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Que adianta eu dizer isso amigos, algo tão filosófico? Para que vocês não caiam no erro de quase todos os budistas do oriente, de estarem cultivando a atenção vigilante [(mindfulness)] no eu ou do eu ou do eu biológico. Não é essa consciência que precisa ser percebida, é a consciência sutil, aquela que está sempre presente, por trás de todas as outras e de todos os estados, mesmo no sonho sem sonhos (ou escuridão sem memórias ou nada). Vocês estão identificados com a mente ou com o corpo, com a consciência biológica, não vai adiantar reforçar isto, vai piorar, vocês tem que acordar para a consciência verdadeira que independe do corpo e da mente, é para isso todo o método e todo o discurso de Buda, não para outra coisa. O que vocês me dizem?<br />
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Platéia: Me parece complicado para nós ocidentais entendermos as definições que não são definições do Buda, as definições negativas, que vão descrever as coisas pelo que elas não são, tais como não-eu e Nirvana, ou se isso é um estado ou algo. É que me parece muito difícil, eu mesmo tenho receio, temo praticar algo que não tenho definido qual o resultado a longo prazo ou a curto prazo. O que devemos procurar? Qual é o objetivo? Eu vejo que isso não é definido na meditação quando se ensina.<br />
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Resposta: Geralmente no começo não, a pessoa tem que ir vendo por si mesma. Eu considero uma didática não boa. Depois que você está treinado e tranquilizar a mente e atingir alguma concentração deve dirigir sua mente ou para os graus dhyana ou para percepções específicas do ensinamento como as três marcas da existência, os doze elos da originação interdependente, etc.. O problema é que só ensinam isso para monges ou no máximo em alguns casos para pessoas muito experientes. Também discordo dessa didática. Logo no começo a pessoa tem que saber o que fazer e para onde vai com sua mente e consciência. Se não fica perdido, afinal tudo que conhecemos se encontra na consciência, ainda que não esteja aparecendo no momento...<br />
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P. Mesmo assim eu acho difícil, em comparação com outros sistemas, que a pessoa se anime para praticar algo que o levará a uma espécie de anulação de si mesma.<br />
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R. Não precisa ser assim. Isso pode acontecer numa escola mal dirigida, mal orientada, ou numa escola que é uma distorção (como existem de fato). O uso da concentração como falei tem objetivos, de conhecimentos e compreensões específicas, e você pode usar também como ferramenta para seus objetivos pessoais e desobstruções pessoais, porque o processo da meditação antes de tudo é de remoção de obstáculos. Isto que está falando pode ser uma questão da linguagem. Veja...<br />
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A escola dhyana, o chan, o zen talvez tenham sido as primeiras a investir na solução do problema da limitação da linguagem em expressar as realizações espirituais. Por um lado através de paradoxos, questões complicadas e aparentemente insolúveis como os koans, gestos, ações, ações simbólicas, por outro lado através de um densa produção intelectual e filosófica que procurava explicar justamente o inexplicável em muitos de seus pontos. É nessa literatura que vai tratar os mesmo fenômenos com novos termos sem se preocupar muito com os tradicionais, mas buscando termos que expressem mais o tipo de realização que eles se propunham e muitos haviam realizado.<br />
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Então temos a experiência do "verdadeiro eu" em vez de a "experiência do vazio de um eu"; o "auto-conhecimento" ou "conhecimento de si mesmo" em vez do conhecimento "das coisas como realmente são"; "esquecer de si" em vez de mindfulness simplesmente ou de "consciente da consciência" ou do "lembrar-se de si" de outros; consciência-apenas ou mente-única (uns dizem) e até Deus no lugar de Nirvana ou incondicionado, muitas vezes. Se vocês observarem bem, isso parece até uma heresia, trocando as definições negativas antigas (o que a escola [zen] da não-mente vai tentar resgatar depois), por conceitos positivos. Mas na verdade observe que todos os primeiros conceitos não tem referencial na experiência nem no mundo tal qual conhecemos, não existe como ter uma ideia deles, essa mudança de termos vai dar uma ideia a pessoa daquele que buscamos. Isto é apenas uma ferramenta, pois, como alguém vai dedicar a vida a uma libertação a qual sequer pode conhecer as características? Ou como você disse bem, como alguém vai se dedicar a algo que parece ser descrito como uma aniquilação de si mesmo?<br />
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Para os ocidentais isso fica fácil de entender se compararmos às palavras de Cristo, quer ver?<br />
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"Negue-se a si mesmo", parafraseando, "Quem perder sua vida por amor a mim vai ganhá-la, mas quem agarrá-la vai perdê-la". É quase o mesmo. Entendeu agora como num passe de mágica?<br />
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P. Sim. Verdade.<br />
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R. Essas escolas são na verdade primeiro uma nova linguagem, não uma nova escola, uma nova filosofia. Mas eles procuram dar o entendimento da mesma coisa. Veja, não tem como você ter uma ideia das "coisas como realmente são" se você nunca viu as coisas como realmente são e só conhece as impressões, aparências, ilusões, tem que haver um referencial ao menos na linguagem. O que é atenção plena [mindfulness]? Pergunte a si mesmo se já teve essa experiência. Como é o não-eu [non-self]? Não é, você não vai encontrá-lo, não vai encontrar um "não-eu". Como é Nirvana?Como vou saber como é isso para que eu possa querer isso? Acontece que aquele encontro de culturas que falei proporcionou isso, ver no outro, o que é seu próprio, imaginar que é o mesmo, mas com outra explicação, sob outra perspectiva, ou pelo menos algo similar e usar então uma ferramenta muito utilizada pelo Buda, comunicar o incomunicável através de símiles, e agora temos novos símiles. Isto pôde também resultar em novos conhecimentos e até inovações técnicas. Uma nova forma de compreender também proporcionou outras novas compreensões, algumas se incorporaram à tradição, outras geraram novas tradições, outras transcenderam a tradição entrando nos campos da filosofia, psicologia; outras apenas foram vistas e comentadas nessas tradições e meios budistas e não-budistas.<br />
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P. Eu não vejo essa prática como você falou nos cristãos, nem vejo que eles tenham esse entendimento, eu não vejo relação com o budismo.<br />
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R. Eu falei de cristãos, não de denominações que se dizem cristãs, não de pessoas que se dizem cristãos, não de instituições. Todo cristão deve estudar a bíblia, e tudo isso que falei é bem claro lá, todos que estudam a bíblia sabem disso, devem ter um comportamento, que obedeça os mandamentos incluindo os de Jesus, que não escandalize a outros, deve ser sempre vigilante, meditar e orar constantemente, etc., tudo que falei e mais muitas coisas. Os que não praticam ou nem sequer sabem disso podem ser chamados cristãos? Não. Mas eles se dizem cristãos. O mesmo ocorre no budismo. Não pense que é diferente, são pessoas. Você sabe como é no oriente? Lá muitos se dizem budistas mas não sabem o que é dana, sila e bhavana, não estudam os ensinamentos, não meditam, não cumprem os preceitos nem se dedicam a alcançar os paramitas, e existem escolas e instituições assim como existem no cristianismo que não ensinam a essência do ensinamento, como há no cristianismo instituições que não ensianam os fundamentos, essas não ensinam os fundamentos budistas, mas coisas muito diferentes como rituais e mantras. Existem pessoas que simplesmente assistem a cultos e nada praticam, outros que simplesmente se dizem budistas por ter nascido numa família budista. Eu diria até que são uma maioria, que se enquadra em alguma dessas características ou em todas elas. Essas pessoas que agem assim e essas instituições podem ser chamados budistas? Não.<br />
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O problema aqui é que todos acreditam que nasceram numa cultura cristã e que sabem o que é o cristianismo, mas não sabem. A mesma coisa os críticos acadêmicos não conhecem o que criticam, não estudam o que criticam, como podem criticar? Ou só podem criticar e atribuir histórias e características que não existem. A mesma coisa os que vêem o budismo como uma forma de adoração a Buda e que Buda é como um Deus, isto está correto? E se eu disser que existem pessoas que se dizem budistas que pensam assim? Então vocês vão culpar essas pessoas ignorantes da visão errada das outras pessoas, certo? Exatamente as mesma coisas acontecem, em todo lugar, porque somos humanos, imersos em maya, ilusão, malícia e ignorância. O conhecimento proporcionado pelo simples estudo já evitaria boa parte desses enganos.<br />
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Além dessa relação (negativa aqui), está claro que a prática comum de todos os exemplos que dei é dirigir a atenção para um foco, todos estão praticando uma concentração em algo, é este o ponto. A prática é a mesma embora mude [a] o objeto de meditação ou [b] a interpretação do que ele é ou [c] o método pelo qual se dirige a atenção ou [d] a interpretação das experiências obtidas. Você levou em consideração todas essas variáveis? Geralmente as pessoas não as considera, simplesmente vão lá e pensam sob apenas uma delas, uma única ótica. Se não tem consciência do similar também terá pouca ou nenhuma consciência das variáveis e vice-versa (coisa de pesquisador). Além disso todos os sistemas que falei tem uma norma moral, semelhante inclusive, uma dieta mental, e todos propõem temas e leis sublimes eternas. Eu não posso exigir que percebam como um cientista da religião ou um psicólogo ou antropólogo, por isso mesmo estou mostrando isso, de forma bem simples e resumida, digerida, pois apesar de não haver necessidade de se aprofundar nisso, é necessário que reconheçamos os pontos que devemos ver de agora em diante, que não é mais o mesmo foco superficial de antes. Todas essas religiões, sistemas, filosofias e culturas que falei tem sua própria dana-sila-bhavana, não? Precisamos compreender o outro, do ponto de vista do outro, se estiverem errados não vamos conquistá-los com críticas, mas com nossa visão, podemos apresentar um aspecto que não estão vendo se pudermos perceber. A grande ligação é essa. Há uma falha, um limite humano de perceber, em qualquer pessoa, em todas, um que vê uma coisa não vê outra e assim por diante. Religião podemos discutir, debater, apresentar e nisso passamos a ver mais do outro. Espero que tenha visto agora...<br />
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Todos esses que falei propõem uma certa unificação final ou retorno a um estado original, uma mudança, e que isso clareará sua visão no futuro. Nenhum esforço nesse sentido merece nosso desprezo, todos tem algo a nos informar e nós também temos algo a informar. Se isto surtirá efeito, se será praticável e se será levado à prática é outro assunto. Em todas essas culturas existem pessoas em vários níveis de compreensão dessa mesma cultura. Não estou me colocando como um budista nem como um cristão nem como um psicólogo nem como um pesquisador, mas como justamente alguém como qualquer outro que debate sobre qualquer coisa que conhece e que viu. As pessoas desenvolveram uma reação contra o religioso que tenta convencer outros de sua religião e não vêem que essa defesa passa por justamente criar falsas idéias sobre aquilo que aquela pessoa vai apresentar e ignorar o que ela vai apresentar. Depois vamos por aí criticando o que ignoramos, o que decidimos ignorar. Não é dizer que devemos considerar todas como válidas ou similares, mas estamos falando agora de pessoas, sua colocação foi sobre as pessoas e devemos tratá-las com a mesma amabilidade como se nós mesmos estivéssemos ali naquela situação.<br />
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[Havia mais uma pergunta dessa mesma segunda pessoa e a resposta, mas o texto foi perdido.]<br />
<br />Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-85294225971743091672019-01-23T13:31:00.002-08:002019-01-23T13:31:59.393-08:00Características do tipo de governo recomendado por Buda - Parte 1Resolvi publicar esse artigo porque meu trabalho sobre o sistema de governo indicado por Buda é muito longo, e tendo feito até agora apenas a uma parte (que se concentra nos suttas do Digha Nikaya), ele NÃO trata de outros sistemas, e sim do sistema apresentado por Buda, porém comenta sobre as consequências desses sistema o que inevitavelmente nos leva a comparações com outras propostas, sejam de sistemas de governo ou de sistema político.<br />
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Então como alguns trechos desses suttas tem sido usados erroneamenete, deslocados do contexto e mesmo com a intensão deliberada de enganar (certo tradutor chegou até mesmo a mudar sua tradução retirando palavras com intuito de que esse discurso não parecesse contrariar suas idéias políticas), é coviniente que sejam mostrados os trechos inteiros de onde as frases foram citadas com intensão de fazer parecer certa ideologia que certos autores e tradutores começaram a exaltar. Estes tem usando sua "autoridade" em matéria de budismo para enganar a maioria budista que pouco estuda dos suttas, embora alguns até leiam e até dediquem horas de estudos aos textos e livros desses autores, fraquíssimos em matéria de budismo realmente, tanto que já se até convencionou chamar em países orientais de "budismo light" ou "budismo americano".<br />
<br />
No meu trabalho explico longamente as consequência lógicas e óbvias da proposta do Buda, faço comparações com idéias atuais e demarco bem o que não é e o que não pode ser consequência das idéias apresentadas por Buda, mas aqui, longe disso, pretendo ser bem mais sucinto nos meus comentários e manter o foco nas palavras dos suttas, que elas sejam o centro e a maior parte do texto. Como os trechos dos suttas possuem elementos que contrastam muito com outros sistemas propostos na época e hoje (governar por idéias próprias, segundo o Buda) resolvi fazer, não um resumo do que apresento nele sobre isso, mas um resumo dos contrastes com alguns sistemas de "idéias próprias" que tem sido erradamente apresentados como sistemas que Buda certamente defenderia. Vejamos então aqui nestes dois suttas como contrasta o sistema apresentado por Buda de sistemas defendidos por pessoas (inclusive monges, lamas, professores) falsamente apresentados como sistemas que Buda defende ou defenderia.<br />
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Parte 1 - Um monarca que gira a roda<br />
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Digha Nikaya 26<br />
Cakkavatti-Sihanada Sutta<br />
O Rugido do Leão ao Girar a Roda<br />
<br />
2. “Certa vez, bhikkhus, houve um monarca chamado Dalhanemi que girou a roda, um monarca justo que governou de acordo com o Dhamma; conquistador dos quatro pontos cardeais, que estabeleceu a segurança no seu reino e que possuía os sete tesouros. Que são: a Roda Preciosa, o Elefante Precioso, o Cavalo Precioso, a Jóia Preciosa, a Mulher Preciosa, o Tesoureiro Precioso e como sétimo o Conselheiro Precioso. Ele tinha mais de mil filhos que eram corajosos e heroicos e que aniquilavam os exércitos inimigos. Ele governava tendo conquistado esta terra circundada pelo mar, sem bastão ou espada, através do Dhamma. Mas se ele deixasse a vida em família e seguisse a vida santa, então ele se tornaria um arahant, um Buda perfeitamente iluminado, aquele que remove o véu do mundo.<br />
<br />
Este é o primeiro texto que sido citada em parte, distorcendo o contexto e traduzido omitindo palavras em novas "traduções" (na verdade novas versões, que longe de serem traduções literais ou mesmo transliterações não só traduzem certas palavras de forma diferente como também retiram algumas quando o sentido não lhes convém ao que pensam). Mas vamos prestar muita atenção a cada detalhe.<br />
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"Certa vez, bhikkhus, houve um monarca chamado Dalhanemi que girou a roda"<br />
<br />
Girar a roda do dhamma não é algo que alguém faça por acaso, sabemos, alguém de uma rara capacidade é que pode fazer isso. E o que era essa pessoa? Um MONARCA, ou como em outras traduções em português, inglês e espanhol, um REI. Não era um presidente, não era um ditador, não era um conselho, não era nenhum tipo de ministro nem imperador (como outra tradução errônea também distorce colocando a palavra imperador, que é muito diferente do sentido da palavra rei), era um rei, monarca.<br />
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"um monarca justo que governou de acordo com o Dhamma"<br />
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Novamente a palavra monarca, só que não qualquer monarca, mas que é justo e que governou de acordo com o Dhamma, por isso mesmo é justo. Aqui não existe a mínima possibilidade em se falar de democracia, igualdade, justiça social ou qualquer outra concepção vazia. Ser justo é governar segundo um padrão, o do dhamma, e ponto final, como também veremos depois. Não se muda esse padrão, é um monarca justo que governa de acordo com o Dhamma, não se pergunta à população "o que vocês acham? Devemos governar de acordo com o dhamma ou vocês têm outra proposta?".<br />
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"conquistador dos quatro pontos cardeais"<br />
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Ele conquista, ele não se conforma a sua territorialidade ou nacionalidade. isso pode chocar alguns que pensam que Buda era um anarquista ou liberal "laissez-faire" do comportamento geral (deixe ser, deixe estar, "deixai fazer, deixai ir, deixai passar, o mundo vai por si mesmo").<br />
<br />
"que estabeleceu a segurança no seu reino e que possuía os sete tesouros. Que são: a Roda Preciosa, o Elefante Precioso, o Cavalo Precioso, a Jóia Preciosa, a Mulher Preciosa, o Tesoureiro Precioso e como sétimo o Conselheiro Precioso"<br />
<br />
Ele tem posses, ou bens, podemos fazer um pequena concessão aqui por falta de melhor palavra para esse tradutor, mas de qualquer forma ele tem, e entre o que ele tem se encontram tesouros, animais e uma mulher. Um rei, por definição possui, seja o tesouro, a moeda, a terra, ou tudo isso junto. A ideia de uma república ou democracia (de um governante apenas administrador) não parece contemplada aqui, mas a ideia de um monarca, um rei, está quase já completamente descrita, mesmo que se exclua maliciosamente a palavra do texto.<br />
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"Ele tinha mais de mil filhos que eram corajosos e heroicos e que aniquilavam os exércitos inimigos"<br />
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Mil filhos e soldados, certamente espantoso para os pacifistas budistas, pois que ANIQUILAVAM OS EXÉRCITOS INIMIGOS. Veja bem, ele não negociava, não convencia, não convertia os exércitos, ele aniquilava.<br />
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"Ele governava tendo conquistado esta terra circundada pelo mar, sem bastão ou espada, através do Dhamma"<br />
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Ele governa tendo conquistado pelo Dhamma, não pela espada, então quando aniquilava exércitos? Quando convencia a largar as armas dirão outros. Não, ele aniquilava quando falhavam as conversações, quando era atacado, quando em terra que governava surgiam revolucionários armados, obviamente ele os ANIQUILAVA. Se você é um rei e seu país é atacado sem aviso e sem negociação, você diz ao povo que se renda? Um rei que governa segundo o Dhamma aniquilava o inimigo. E expandia seu reinado e governava através do dhamma.<br />
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"Mas se ele deixasse a vida em família e seguisse a vida santa, então ele se tornaria um arahant, um Buda perfeitamente iluminado, aquele que remove o véu do mundo"<br />
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Ele estava pronto para ser um Buda, veja que aqui não está escrito apenas um arahant, mas um Buda, o que realmente acontece nesse história, como veremos e que é o padrão em outras história contadas pelo Buda. A seguir veremos características precisas desse monarca nos deveres de um monarca que gira a roda.<br />
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Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-31268028427928445862018-10-25T08:23:00.000-07:002018-10-25T08:23:29.849-07:00A Compreensão Daimoru<span style="font-size: large;">Por R. Hiroshi</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Hoje vou explicar aos senhores a compreensão daimoru, que chamo daimoru porque é a compreensão que eu adoto.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Antes devo dizer que uma compreensão não é uma escola, uma filosofia, nem uma religião. No japão existem várias compreensões dentro de uma mesma escola, parecido com os católicos que têm os agostinianos, os franciscanos e assim por diante, ou em uma denominação cristã existem pós-tribulacionistas e pre-tribulacionistas ou em escolas diferentes, assim como existem judeus hassidistas, ortodoxos, nazarenos, messiânicos e entre os messiânicos exitem os unitaristas e trinitaristas, por exemplo. Não é uma divisão drástica como os hindus impessoalistas e os personalistas. Uma compreensão é um ponto de vista. Que pode ser adotados por uma escola, ou muitas escolas, ou parte de uma escola ou pessoas de fora da escola ou fora do budismo. Explicado esse ponto, para que ninguém pense que fundei uma escola a partir desse ponto de vista... Vamos ao que interessa.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Daimoru é uma recuperação moderna do ponto de vista da escola dhyana antiga. Essa compreensão surgiu recentemente, mas talvez seja bem mais antiga, talvez até ela seja mais ortodoxa que a própria ortodoxia ou que se tem como ortodoxia. Ela diz sobre o ato de comer, de se alimentar de uma doutrina, de preencher os quadrantes da mente com uma doutrina. Ela passa primeiro pela boca onde precisa ser mastigada depois engolida, depois vai ao estômago onde é digerida e ao intestino onde é absorvida e o excesso é excluído através do anus. Ela trata o ensinamento como linguagem operacional e a linguagem como alimento da mente (o que Buda chamou de meios hábeis e de preenchimento dos quadrantes mentais).</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Daimoru significa grande molar. É um detalhamento do primeiro momento da digestão na boca. Você pega um bocado, não dá para pegar tudo de uma vez certo? Você corta com os dentes da frente, depois você mastiga. E lá atrás existem grandes molares e muita força onde se tritura e mistura formando uma pasta que vai ser engolida. Então você pega outro bocado e a mesma coisa e assim por diante e adiante, vai se alimentando, compreendendo. Isto é essa compreensão.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O que vai ser feito pelo intestino é outro trabalho, digamos, é individual, particular. Nós oferecemos o prato cheio, e ensinamos a mastigar bem, isso que é importante nessa compreensão. Ou seja se a pessoa vai praticar profundamente, tomar aquilo como religião ou filosofia ou apenas intelectualmente, sobre isso não é da nossa conta porque nada podemos fazer, a decisão é dela. Mas quando ela está comendo nós dizemos "olhe como se mastiga" e aí vem o grande molar que deve pulverizar, triturar, misturar, gerar uma pasta. As outras horas da digestão nós não podemos ver certo? Então é nisso que podemos ajudar.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">E o que significa essa visão, essa compreensão, essa abordagem? É uma abordagem. Significa que tomamos o dharma como dharma, isto é, como um ensinamento prático e ponto final, nós chamamos de terapêutica ou procedimento, mas aqui no ocidente tem sido chamado de psicologia budista e alguns livros dentro dessa abordagem ou mesmo muito fora dela levam um título parecido com isso. Não está incorreto, porque são várias psicologias diferentes. Porque é como a psicanálise. Existe Freud e vários continuadores que diferem dele, temos Jung, Reich, Winnicott, no Brasil existe a psicanálise integrativa que faz uso de várias correntes teóricas. É parecido com isso. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">E o que é isso? Hoje aqui numa reunião onde só vemos homens é algo como se via no tempo de Buda na maioria dos casos, monges, todos homens, reunidos... E num momento Buda mudou isso. Buda foi adaptando seus procedimentos às situações conforme iam acontecendo. É isso. Nossa visão é que existem muitos budas, isto é muitos despertos, e entre esses muitos graus de despertamento, e eles deixaram ensinamentos, linhagens, tradições, até livros. Não estou dizendo que tudo isso é canônico, não estou falando de religião, definitivamente. Estou falando de uma realidade que aconteceu e continuou acontecendo. Então temos muitos procedimentos, e muitos budas, é muita coisa, muita informação, muitas práticas, muitos métodos. Nós precisamos saber qual é o alimento certo e além disso mastigar corretamente e digerir, porque muito dele ainda será inútil e terá que ser jogado fora. Se você simplesmente vem aqui e engole não é bom, será pouco o proveito.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então nós separamos ao longo de milênios os componente mais nutritivos e indispensáveis desse alimento, precisa que haja um cozinheiro experiente que tenha aprendido de outro e assim por diante. Então oferecemos esse prato, que evoluiu ao longo dos séculos e de acordo com o que temos hoje, das comidas, das regiões, das limitações alimentares dos indivíduos, mas o mais importante é mastigar bem. Ou seja, fazer a nossa parte consciente da digestão, plenamente e corretamente para aproveitar ao máximo esse alimento. O importante é o que faz com isso. Então nós damos algo intensivo, intencional e consciente. Então a pessoa deve praticar. Porque é uma auto-psicanálise profunda, uma terapia que a pessoa é que deve administrar a si mesma.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Em que consiste isso? Em praticar a essência da terapia do Buda, dhyana, de instante a instante. No theravada se chama sati. Mas nós vamos além de sati que é atenção vigilante: nós vamos integrar sati a tudo, toda ação, todo pensamento, toda fala, toda percepção, etc.. Mas todos não já fazem isso? Eu devolvo a pergunta: fazem? Ou ainda, com que regularidade? Constante ou intermitentemente? Não serve. Esse é o treino, sati desse jeito serve de treino. Dhyana é a realização do que se propôs a treinar, estar desperto, acordado, percebendo a realidade como ela é. É difícil? E de instante a instante? Aí sim, agora pode dizer que é difícil. O resto e fácil. Ou você não acha fácil? Se você acha difícil atenção vigilante então isso aqui deve ser uma maratona para você. Por isso que o centro é o grande molar, mastigar e mastigar a essência do método. O grande molar esmaga, destrói, pulveriza os obstáculos. Consiste nisso.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">E qual é a essência do método? Bom, há duas partes. Uma é esta, estar acordado. E para isso você tem que ter sido levado a acordar por alguns instante para saber como é, precisa ter despertado, visto o que é ilusão e o que é real, visto o que é bom e o que é mal. Então veja que isso é muito diferente daquele método de ficar se olhando como um buda, tentando agir como um buda, acreditando já ser um buda, é o oposto, é encarar a realidade feia, discernir a corrupção, é como a contemplação de cadáveres, é ver os animais em luta dentro de si mesmo e saber separa-se deles, é o contrário de se unir tudo, de dizer que tudo é luz e paz e amor. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Dhyana é estar separado, abandonar, largar, toda visão condicionada do mundo, todo prazer e desprazer, todo desejo de ganho e perda, Buda chama de abandonar, aqui chamam de desapegar (um termo impreciso), nós falamos de se separar de toda corrupção. Então no primeiro procedimento já são dua partes: primeiro abandonar a visão condicionada e segundo permanecer acordado na visão incondicionada. Sim é um intensivo senhores.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">A outra parte é que para a pessoa receber isso, a única coisa que pode parecer com algo religioso é isso: para receber ela tem que tomar oito ou dez preceitos ou votos durante o aprendizado e depois os cinco ao sair do período de recebimento. Mas porque isso? Porque essa terapia tem uma parte moral, sem a qual não é completa e não sendo completa não dá certo é perda de tempo, não adianta. Então para a pessoa receber essa instrução ela precisa apenas ter um compromisso ético, com dana, sila e bhavana.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O que ´´e isso, o outro lado da terapia, tanto para aplicar em outros, se não não tem sentido, quem quiser a libertação e o bem apenas para si por favor vá embora nesse momento, não é bem vindo e está correndo risco aqui (pois o seu ego vai crescer um pouco mais com isso em vez de diminuir). Então são três coisas básicas que o primeiro buda ensinou, a moral, a generosidade e o despertar ou o processo para ele que vulgarmente se tem chamado ou adotado a meditação.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Quais são esses compromisso? Geralmente há uma lista, chamados de paramitas. Mas vamos ao básico para qualquer um começar hoje mesmo. Existe primeiro metta-karuna. Veja que estou usando a linguagem do cânone pali, isto é comum a todos, não adianta os theravadins, se aqui há algum quererem fugir de praticar paramis. Metta é amor incondicional, agape, é traduzido como amor benevolente porque é uma atitude e se torna ação, não é simplesmente um sentimento como costumam pensar no ocidente. E karuna é compaixão, mas é novamente uma atitude compassiva que se torna ação, diferente de pena, piedade, empatia, é bem mais além do que estas. Ok, então temos o terceiro ponto, generosidade, mas é uma generosidade de abrir mão, de colocar o outro primeiro, é uma generosidade desinteressada, inclusive de resultados, é traduzido normalmente como dar, mas é melhor dizer "se dar", "se doar". Porque dana é dar e se dar. Então temos esses três elementos do segundo ponto. Que é preciso concordar, é condicional. Para receber essa compreensão é preciso concordar com os termos.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Depois temos o compromisso de não matar, não roubar, não mentir, não ter relações sexuais indevidas nem se embriagar. São os cinco preceitos, que se vai treinado até levar ao máximo. Tem que concordar também. "Ah! gosto de beber, não acho que seja mal!", então tchau! É condicional, se você costuma se embriagar não deve vir aprender isso, não, muito mal. É discutível, pois existem exceções nessas regras, mas elas tem que ser aceitas e cumpridas, a exceção não pode se tornar a regra. Outras formas de budismo religioso ou budismo light estão muito em moda. Lixo. Budismo de salão. Melhor não se aproximar disso.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então existe a maneira de ficar acordado, de dirigir a atenção, de ficar atento, vigilante de instante a instante e isso é todo um curso, isso é toda a terapia. O que você vai encontrar lá, o que vai ver e o que vai observar é tudo que deve ser tratado, e tudo isso descrito até aqui são apenas elementos auxiliares do tratamento, remédios. A terapia mesmo é feita consigo mesmo, a digestão e o mastigar, e com seu orientador, o ensinar, o ruminar e retroalimentar-se [feedback].</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então veja que definitivamente não religião nem uma filosofia, é uma terapia para os que se reconhecem doentes. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Muito criticado por outros que pensam diferente e dizem que não é budismo é apenas uma psicologia ocidental adaptada pelos japoneses ao budismo. Aí eu pego eles num salto. Buda disse que a essência do ensinamento é o caminho óctuplo, é o que vou falar agora, Buda diz que enquanto houver o caminho óctuplo há o dharma. No mahayana se atrela também os paramitas e se coloca até como mais importante que o caminho óctuplo, pois bem, veja que é bem mais um caminho moral do que um caminho religioso ou uma psicologia apenas. Mas assim ficou conhecido e é uma boa divulgação, psicologia budista, porque é uma psicologia, científica, criada por Buda, desenvolvida por vários budas e professores, que tem se comprovado eficaz há milênios. Enquanto religião não se comprova nada, claro, é matéria de fé, o Nirvana, os doze elos, os devas, mundos, kalpas, tudo isso é matéria de crença, ou cada um algum dia vai comprovar ou não, mas apenas a si mesmo. Mas a psicologia, a terapia se comprova eficaz. Então veja de que se trata, não de provas nem crença, mas de eficácia. Essa é a compreensão daimoru.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Que é a essência do ensinamento, comprovada em sua eficácia, constitui uma terapia universal, independente de religião e filosofia, que pode ser utilizada por qualquer pessoa através dos meios eficazes para chegar ao resultado satisfatório esperado a saber, visão clara, libertação dos sofrimentos e das limitações da visão condicionada de realidade, e a prática voluntária e prazerosa do bem, a evitação do mal, visto como coisa temida e vergonhosa, e a purificação da mente em paralelo com o desenvolvimento de virtudes apreciáveis. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Qualquer outra psicologia pode fazer uso desta para alcançar os mesmo fins, qualquer religião pode fazer uso desses procedimentos para que seus seguidores alcancem mais eficientemente estes fins, qualquer filosofia de vida pode se utilizar desses procedimentos desde que mantenha os compromissos éticos para que seus adeptos sejam pessoas melhores e mais benéficas. Essa é a compreensão daimoru. Que o dharma é uma terapia criada por uma pessoa e desenvolvida vivida e experimentada por várias outras que transmitiram a essência eficaz dessa terapia para o bem da humanidade e de todos os seres, para aguentarmos pelo menos esse período de vida nesse mundo conturbado, limitante onde estamos todos condenados à morte, velhice, doença e sofrimento e então superarmos o esquecimento e a inconsciência. Para a diminuição do sofrimento. como um presente, como medicos que dão remédios. Porque você não será cobrado, nem você receberá um certificado, uma formatura ou qualquer outro símbolo, mas um procedimento. Em resumo, em apresentação, está dito. Isto é a compreensão daimoru.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. Eu ouvi dizer que daimoru é uma seita secreta do Japão ou uma escola esotérica, ou herética, isso procede?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Não. Daimoru é público, é muito praticado, é uma estética, é uma análise clínica no Japão, é uma psicoterapia, tanto pessoal como de aconselhamento, existe também a psicologia japonesa, que também tem um pé no budismo e a terapia morita [(japonesa também)] que é centrada na atenção consciente, e na observação das experiências internas ou mentais, ou seja, na atenção vigilante. São muitas variantes. O que acontece é que ninguém usa mais esse nome, daimoru, porque nem conhece, porque foi tomado por uma seita secreta, e agora está mais associado a ela, então ninguém quer usar esse nome, por não saber do que trata interiormente, se é uma heresias ou outra coisa. Outros relacionam aos remanescentes dos licchavis, um clã da antiga Índia, talvez mais proeminente onde é a região da Mongólia, de origem uralo-altaico, que espalhou pelo Tibet, e hoje está no norte de Bihar e de Terai, uma região do Nepal. O Mahaparinibbana Suttanta se refere a eles como os Kshatriyas, que reclamaram as relíquias do Buda. Como existem hoje escolas que adoram as relíquias, e como existem escolas chamadas de Budismo Primordial que consideram o uso de estátuas errado ou heresia, mas veneram ou adoram relíquias do Buda, o que é considerado por outros uma heresia... Enfim, há toda essa confusão, mas apenas confusão das pessoas, que pensam coisas sobres as outras ou deduzem sem realmente saberem, mas aposto que isso não acontece por aqui. [Riso generalizado]</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. Em que essa terapia participa em nossa ordem?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Uma pergunta de ordem técnica, muito bem. A atenção vigilante é uma das práticas fundamentais da ordem. O curso é para todos que querem aprofundar o estado de atenção, ou chegar, a samadi, a dhyana, ao satori... Isto é, um curso de aperfeiçoamento e aprofundamento nessa terapia. Não se chega a isso sem destruir os obstáculos. Serve para as pessoas praticarem por si mesmas num nível mais avançado até viverem acordados, alguns mesmo quando o corpo está dormindo, ou seja, está consciente de todas as suas experiências, de onde está, do que está acontecendo, do que está vivendo, do que está em sua mente. Por que? Para chegar ao significado, que é a proposta da escola, ler o librum naturae, compreender tudo como ensinamento. Então, nesse caso o curso é auxiliar para isso. Mas é, como sabem, obrigatório para os professores, pois precisam conhecer todas as técnicas e todas as ramificações para ensinar e para aplicar quando se faz necessário.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. E como é que se faz isso, que se fica acordado ou em dhyana?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Isto é todo o curso de daimoru. Sati é facil, você aprende num instante, agora, mas dhyana é o fim de um processo. E não é bem assim... Ficar em dhyana o tempo inteiro já é um completamente desperto.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. O senhor não poderia resumir o procedimento em passos?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Já fiz. Vou resumir mais ainda então. 1, acordar a atenção vigilante, consciente; 2, detectar e esmagar e digerir e destruir os obstáculos, abandonar todos, todo o tempo e 3, permanecer no estado acordado, generoso e claro gerado por essa ausência de obstáculos até que venha outro ou volte o mesmo e você repete o 2, o abandono. Mas há todo um aprendizado, método, muitos detalhes, muitos momentos, é um curso inteiro, longo. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. Está parecendo a escola da limpeza do espelho, é isso?...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Essa escola é parecida porque também deriva da nossa antiga escola Dhyana, é em outros termos a mesma escola ou filosofia da consciência-apenas, antes da divisão da escola da não mente, todas são derivadas de Dhyana, o zen, rinzai, o chan, a soto...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. E aquelas pessoas que vêem isso como algo religioso, ou vindo de uma religião ou que são de outras religiões?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Veja, não é algo religioso. Seria o mesmo que recusar a fazer psicanálise, quando se precisa, porque Freud era um leitor de Nietzsche que dizem que era ateu (mas não era, ouviu?), ou porque a pessoa era cristão e Freud era judeu (também não era...). Estou com péssimas comparações, mas vamos lá. Seria o mesmo que não tomar um remédio que se precisa porque se sabe que seu inventor era ateu ou contra sua religião. Seria o mesmo que sendo um religioso a pessoa tivesse medo de estudar Platão quando está fazendo um curso de filosofia, porque Platão tinha relações homossexuais. Existem entendimentos necessários dentro de uma ciência e o daimoru, ou a psicologia budista, como queiram (porque Buda não parece ter proposto uma ciência, nem uma filosofia, nem uma religião, nem uma psicologia, mas de todas essas "psicologia" é o que me soa mais próximo à proposta de Buda), é uma matéria necessária na ciência que estudamos.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. O senhor pratica elementos de várias religiões, já se mostrou aqui cristão e taoista algumas vezes. Isso não aumenta o risco de chamarem a nossa ordem de sincretismo ou de religiosa?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. O que? O fato de eu adotar essas disciplinas ou da ordem estudar a psicologia budista?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. Fale sobre as duas coisa então, por favor.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Veja, eu discordo do ponto de vista religioso, do uso da palavra religião aqui. Todo cristão por exemplo, o que estuda teologia, sabe que Yeshua HaMashiach não teve intensão de ensinar religião, é uma questão de comunicação de Deus e de salvação, não de religiosidade, certo? Da mesma forma penso eu, Buda não teve intensão de ensinar uma nova religião ou religiosidade: existem essas disciplinas, entre elas algumas psicologias, minha parte aqui é essa psicologia, não outra, é minha matéria. A visão aqui é filosófico-científica, a ordem se declara científica no sentido de sua metodologia, se seu objeto de estudo passa pela religião isso não a torna sincretismo, seria o mesmo que dizer que a antropologia é uma religião sincrética ou um sincretismo, certo?. Isso é uma desorganização no pensamento, a pessoa que pensar assim não está organizando seu pensamento ou desconhece a ordem e quem desconhece pode pensar milhares de coisas erradas sobre. E o que podemos fazer?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Quanto ao fato de eu adotar posições cristãs, taoista e budistas isso é um critério que só cabe a mim, eu não preciso me definir para o mundo, o mundo não precisa de minha definição. Quem sou eu? Ninguém precisa, na verdade, isso é o ego tentando se segurar em alguma coisa, tentando se auto afirmar, não precisamos disso, pelo contrário, precisamos colocá-lo no seu devido lugar ou na inexistência, que é do mundo da ilusão. A ordem utiliza elementos judaico-cristãos, budistas, herméticos-kabalistas, taoistas e yogues, mas num âmbito de ciência, se a pessoa escolhe uma ou outra religião desse tipo é assunto dela suas escolhas, é um efeito colateral desse estudo, que na verdade não tem esse objetivo. É o mesmo que a ineficácia de um curso de filosofia para muitos: eles não aprendem a filosofar por si mesmos, mas sim aderem a visão de algum filósofo e param nisso. Eu uso as ferramentas que trouxe e que ainda me são úteis e as ferramentas que a ordem me deu. Porque é para isso que estudamos essas coisas, como ferramentas para objetivos. Não é que eu tenha me posicionado como sendo de uma religião ou de outra, tecnicamente falando, não estou aqui para isso, embora vocês, alguns, saibam qual minha posição. Não se pode confundir as coisas, misturar o pensamento e voltar ao velho "eu sou isso ou aquilo". Isto seria voltar ao reducionismo e a auto-identificação egocêntrica de novo. Nós estudamos ciência meu rapaz, por isso nos escondemos (também por isso), porque nossa ciência às vezes estuda a religião dos outros e descobre seus erros fatais, e não estamos aqui para destruir as religiões dos outros, mas para ajudá-los a verem a verdade, não se pode perder de vista esse objetivo.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">P. Mas para ver a verdade não é preciso saber o que é mentira?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Isso não tem lógica. É um argumento falso. Muito usado eu compreendo. Ai o maligno vai semear mentiras uma depois da outra e você nunca verá a verdade distraído em desmascarar mentiras. Veja, se você demonstrar que algo é mentira não quer dizer que encontrou a verdade sobre aquilo, quer dizer apenas que aquela era uma mentira. Digamos, Deus, se você demonstrar que uma religião está mentindo sobre Deus e comprovar isso, você automaticamente descobre ou revela o que é na verdade Deus? Não. Então essa postura é errada. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">E qual é a certa? Descobrir a verdade e demonstrar a verdade: Quando você comprova e demonstra a verdade sobre uma coisa a mentira sobre ela cai. Todas as mentiras caem automaticamente. Esse é o caminho. Não adianta sair criticando as religiões se você não consegue demonstrar a verdade, está apenas sendo um arrogante egoísta tão ignorante quanto os iludidos pela mentira, pois você também não sabe a verdade. É hipócrita. A razão de nossa ordem é a verdade, descobrir a verdade é o caminho. "Conhecei a verdade e a verdade vos libertará". Simples, prático, direto, no alvo.</span><br />
<div>
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Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-41396903584108283232018-10-20T13:30:00.001-07:002018-10-20T13:30:38.757-07:00Uma Seção de Perguntas - Parte 4<span style="font-size: large;">De Uma sessão de perguntas feitas pelos estudantes a Ryokan Hiroshi</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Alguém perguntou por escrito qual a diferença entre o zen tradicional e o zen que eu pratico. Eu não respondi na hora porque isto entra no tema de hoje e falei que assistisse hoje e se ainda restasse dúvida conversaremos mais. Porque trataremos sobre pontos práticos.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O tema que quero abordar hoje passa levemente pela história do zen, uma parte dela, e pela questão ou abordagem terapêutica moderna do zen. Primeira coisa que não existe essa história de zen tradicional. Existem escolas chamadas zen derivadas da escola que surgiu a partir do ensino do missionário indiano Bodhidharma, sim que não era chinês, talvez sua origem seja desconhecida, mas se diz que ele veio da Índia, não? Não explica sua aparência que é normalmente figurado como um homem enorme, alto e gordo. Mas há um detalhe que os desenhos não mostram, só as descrições. Ele era chamado o bárbaro loiro, tinha olhos azuis, cabelos longos e era louro.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Bem, em todo esse aspecto enigmático, some a personalidade enigmática, mais o ensinamento ou falas enigmáticas, isso tudo é que gerou a semente da escola zen. Estou falando da história real, não da lendária ou simbólica. Ele é o patriarca da escola. Mas ele não fundou o zen, nem mesmo o chan, que é da onde vem o zen, ele ensinou uma terapia para os monges, que serve para qualquer pessoa, mas é a que os monges em geral precisam porque suas mentes ficam doentes de tanto estudar e decorar sutras, de tanto meditar, de tanto repetir atividades, sua mente fica realmente doente, não purificada (e agora vocês entendem porque não dou muitas palestras em monastérios, vocês percebem?).</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">[Risos]</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Se você pegar qualquer monge, para não generalizar vamos dizer a grande maioria, e lançar na vida cotidiana do mundo, ele estará logo a mesma coisa ou algo pior do que quando entrou para o monastério (veja que não falo de teoria ou conhecimento, mas de prática e resultado). Ele logo estará impaciente, irritadiço, ansioso, triste, rabugento, facilmente enganado às vezes (porque atrofia também a intuição às vezes), com mais dúvidas do que sabedoria, talvez com mais dúvidas que antes. Estou exagerando? Bem, eu li relatos de monges que votaram e é parecido com isso, tem muito mais coisa, às vezes nem isso, mas tem outras coisas... Porque o monge se isolou das situações de estresse normais e trocou por outras. O chan surgiu assim. Um homem descobriu isso, nele mesmo e criou uma forma de resolver o problema, isso é o ensinamento de Bodhidharama, para mim.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Agora vou dizer como, de forma bem resumida porque vocês podem fazer isso de forma bem mais eficiente e com mais tempo numa pesquisa na internet sobre a história de Bodhidharma e das escolas chan, podem achar livros inteiros sobre isso até. Ele viu o que a maioria de vocês não está vendo, ele passou por isso e viu em outros. O que é?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Que existem milhares de monges e praticantes no mundo, muitos são dedicados, alguns são extremamente dedicados, mas o que eles alcançaram? Quantos atingiram a iluminação? Quantos ao menos experimentaram Nirvana? Quantos se libertaram das impurezas?... Olhe, vamos ser logo diretos: quantos se libertaram das primeiras impurezas mais fáceis e atingiram dhyana alguma vez? Assim mesmo por baixo, vamos cortar por baixo. Você sabia que existem monges que praticam corretamente desde a infância e continuam com dúvidas, supersticiosos, sem atingir um jhanazinho sequer? E você aí se acha tão especial que vai sentar um dia na semana por uma hora e vai atingir o estado de buda?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Amigos! Que prisão! Que escravidão! Era assim que Bodhidharma se via (vou dizer que se via, não vou dizer que estava, mas era como se via, sem realização). Bodhidharma vendo isso se tornou exagerado, praticou severamente, por horas e horas, dias e dias sentados. E o sono vinha...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Entendam, ele praticava corretamente ou não? </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Pronto. Segundo ponto. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Segundo que não existe isso de tradição zen. Claro, se não existe zen tradicional, não existe zen-tradição. Eu não sou um mestre zen, se você encontrar um mestre zen mate-o [(parafraseou a famosa frase zen "se você encontrar um buda mate-o"...)]. Foi isso que foi deixado. Uma escola surgiu a partir do ensinamento de Bodhidharma. Mas essa escola já surgiu praticamente dividida em duas, ou três tendências. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então com o tempo foram acrescentados elementos de outras escolas como rituais e isso foi se modificando ainda, acrescentando umas coisas, tirando outras. O que sobrou do original numa visão histórica? O que se perdeu? Existem histórias tradicionais misturadas com lendas, mas historicamente quais são as garantias? Mas o que importa realmente é isso [(o que restou e o que se perdeu)] porque é isso que dirá a efetividade original. Muitos vão dizer que esse ensinamento foge ao original do Buda ou até mesmo de Bodhidharma, mas a nossa medida é a efetividade. Por isso a escola se separa do aspecto religião e religa ao aspecto disciplina, vida, e, então, terapia. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Nós então preferimos ficar apenas com o original efetivo. Nós olhamos inversamente à visão de muitas escolas. Elas olham "o ensinamento é isso", outra diz, "não, de forma alguma, o ensinamentos é isso". No Japão, uns pontuam que são os sutras, outros que é certo sutra, outro que é a tradição desde o Buda, outras que é certa tradição ou reforma de algum mestre, outros que é o "ide" do Buda. Embora nós sejamos dessa última linha de pensamento, nós olhamos ao contrário: olhamos para todas as escolas e dizemos "o que trás o resultado proposto por Buda?". O que está de acordo com o dharma e seus resultados? E primeiramente tenho que dizer que não é a religiosidade.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">É uma visão difícil de ser aceita e difícil de ser explicada e eu não vou explicar. Mas se você pensar que o "ide" de Buda é suficiente como nós, está tudo explicado. Consequência: você tem que estudar os sutras e suttas e ouvir os que os ensinam, você tem que considerar os ensinamentos de tradições, você tem que ter praticado por muitos anos para ser experiente, você tem que conhecer o que os restauradores dizem que é o mais puro e original ensinamento que saiu da boca do Buda e ver se isso procede historicamente falando, e, você tem que ponderar tudo e fazer o que fazemos: conhecer os resultados e a efetividade da prática. Então você estará pronto para atender o "ide" do Buda. Foi isso que Bodhidharma fez. Essa análise é o que Buda ensinou a fazer, ele não ensinou a você pesquisar escolas e escolher uma. Ele disse para ponderar e e testar seus ensinamentos. Então tudo que se faz hoje conhecendo visões de escolas, está tudo errado. Está se perdendo.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então veja que nossa visão é a única que faz o que todas as outras visões fazem sem excluir nenhuma, é a mais completa, a que abarca todas as possibilidades sem perder a noção do efeito.</span><br />
<span style="font-size: large;">Agora, nossa escola é uma escola patriarcal, ela tem uma série de preservadores e "restauradores". E alguns desses centraram mais enfaticamente no ensinamento mais puro para trazer resultado, são como especialistas, são terapeutas. Isso atraiu pessoas de todas as religiões, primeiro no Japão e depois em países do continente [(Ásia)] e Estados Unidos e agora começando a se espalhar pelo mundo. Pessoas vendo os efeitos dessas práticas analisando seus benefícios e as suas próprias necessidades vieram aprender. Então muitos saíram formados por duas escolas no Japão inicialmente como professores zen. Eles eram de outras escolas budistas, de outras religiões, padres e pastores cristãos, psicólogos, professores de ordens esotéricas, estudiosos, taoistas pesquisadores, historiadores, médicos, psicanalistas. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então isso começou a se espalhar. Cursos de formação, novas escolas. As pessoas continuavam em suas religiões ou ordens e suas profissões ou psicologias e utilizavam essa "técnica", quando na verdade incorporavam essa prática e moral em suas vidas. Monges theravada inauguraram wat's, locais desse tipo de introdução centrado em resultados, com retiros longos de três meses, quatro meses, um ano, de formação. Outras escolas do zen fizeram o mesmo... Antes de mais nada é uma reforma de nós mesmos, uma reforma moral (principalmente para aqueles que tinham dificuldade de seguir a moral do budismo ou de suas religiões e agora conseguem) e uma reforma no modo de ver. O primeiro passo do caminho óctuplo... É indispensável.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Essa é a nossa visão.</span><br />
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Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-74020447439390618302018-10-17T12:28:00.003-07:002018-10-17T12:30:13.357-07:00Gyoji, a prática incessante<br />
Seshin de Rohatsu de 1986<br />
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por Ryotan Tokuda<br />
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"Os rostos originais dos Buddhas e Patriarcas não podem ser vistos. O rosto original, ossos e medula dos Buddhas e Patriarcas também, como também não parecem ir ou vir. Devemos examinar a prática incessante de um só dia. Portanto, cada dia é precioso. Se vivermos em vão durante 1.000 anos, acabamos nos aborrecendo com os meses e os anos. Isto é um triste desperdício de tempo. Mesmo 1.000 anos de escravidão dos sentidos são redimidos por um só dia de prática incessante. Uma vida corporal de um só dia é a possessão mais valiosa de todas.<br />
<br />
"Portanto, se vivermos somente um dia e possuirmos a função de todos os Buddhas, um dia é mais útil que reencarnar durante incontáveis vidas. Por isto, se o problema da vida e morte não foi decisivamente resolvido, não devemos desperdiçar um só dia sequer. Um só dia é um grande tesouro a ser altamente cotado, é melhor, muito melhor que um pedaço de jade ou as jóias de um dragão. Sábios do passado contavam um só dia mais que seus próprios corpos e mentes. Devemos refletir calmamente sobre isto. E descobrimos algo de mais precioso que a jóia que concede todos os desejos ou riquezas. Mesmo um só dia em uma vida de cem anos não pode ser devolvido ou tomado de volta. Existirá algo que possamos fazer, alguma ação, algum método para que o recuperemos? Tal não existe.<br />
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"Se desperdiçamos tempo, somos enredados como a pele enreda o corpo. Santos e sábios davam mais valor a cada dia e a cada mês que às suas próprias vidas e ao seu país. Se o tempo for desperdiçado, seremos cativados pelo status e pela fortuna do mundo impermanente. Se evitarmos, viveremos no Caminho. Se tivermos determinação, não passaremos um só dia inutilmente. Pratiquemos e proclamemos o Caminho! Portanto, tenha em mente que os Buddhas e Patriarcas não gastam um dia sequer em prática inútil. Durante os dias tranqüilos de primavera, sentemos perto de uma janela cheia de luz e reflitamos sobre tal. Em noites de outono, de chuva fina, fiquemos em um choupana simples de floresta e nos concentremos na prática. Sentimos falta de tais tesouros porque não temos a prática. Como pode a virtude da prática ser tempo roubado? Nada nos é roubado. A virtude de muitos kalpas é roubada? O que causa o conflito entre o tempo e nós mesmos? O ressentimento, porque a nossa prática é insuficiente.<br />
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"Não devemos nos permitir sermos condescendentes demais conosco mesmos. Isto causa auto-ressentimento. Os Buddhas e Patriarcas também têm ligações de gratidão e de amor. Eles, contudo, as abandonam. Eles têm muitos relacionamentos, mas os abandonam. Mesmo que lamentemos, não podemos nos aborrecer com nossas relações com os outros. Se não cortarmos os liames de gratidão e de amor, os laços de gratidão e de amor nos cortarão fora. Se temos apegos com a gratidão e com o amor, devemos assim proceder. Ter apegos nos mostra que devemos cortar tais coisas."<br />
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Esta é a continuação do capítulo do Sobogenzo , capítulo Gyoji, a prática incessante. Aqui, vamos passando rápido, ele está falando sobre a importância da prática. Como se estivesse dizendo: falar sobre Zen, depois de algumas leituras, uma pessoa inteligente consegue falar, por isto existem vários tipos de Zen. O "Zen de salão" para os ocidentais. Às vezes leram alguns livros sobre o assunto e gostaram muito. Parece piada, né? Koans, etc., estas coisas são impressionantes! Fica-se impressionado e narra-se estas coisas num salão qualquer de sociedade. Com as damas, tomando café, tomando chá, batendo papo, e aí falando sobre Zen. "Isto é Zen!" Parece muito bonito, mas o fato é que nada tem a ver com ele. Por isto, às vezes precisamos em vez de boca, falar com o corpo. A boca pode mentir. Mas o que corpo está fazendo é que esclarece as coisas completamente, ao invés da fala.<br />
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Então, pratiquemos quietos, mas sem cessar. O praticante Zen falante, principalmente durante o sesshin, guarda o silêncio com aquela cara... Mas se começa a falar muito, então prejudica não somente a si mas aos outros também. Depois do seshin pode-se falar, ao terminar o retiro. Assim é o Mosteiro Zen e a prática com os colegas. Depois, aqui no texto, fala-se sobre o tempo, sobre a impermanência; nós os sentimos muito pouco em muito poucas ocasiões. Quando há jovens, eles não entendem o sofrimento dos mais velhos. Quando se tem saúde, não se entende o sofrimento dos doentes. Quando tem-se força, saúde e beleza, tem-se orgulho e vaidade e não se entende o sentimento de outras pessoas. Mas estas coisas todas não dependem de si mesmo. Apenas acontecem, mas isto não é algo que dure para sempre. Logo depois... até ontem era um rapaz moço, mas hoje já está de barba branca. Isto nunca mais se pode ter de volta. Todos sabem disso. Mas sentir na alma, poucos podem.<br />
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Mestre Dogen coloca os quatro tipos de cavalos: 1) O que vendo a sombra do chicote, já começa a cavalgar; 2) O que o chicote tem que tocar a pele; 3) O outro cavalo, o chicote tem que cortar até a carne; 4) O último, o chicote tem que cortar a carne e chegar até o osso, senão, ele não sente. Isto significa que quando a pessoa encontra a morte num jornal todos os dias, é um problema dos outros. Mas se encontrar a morte de alguém mais próximo, lamenta-se: "Ele era jovem, não deveria ainda ter morrido." Depois, quando é um parente, pessoas mais íntimas, sente-se, sente-se muito e se chora. Mas depois de algum tempo, se esquece novamente. Agora , ele é aquele cavalo que só sente quando o chicote corta a carne ou o osso quando chega o seu momento. Tem que morrer amanhã. Não adianta. E assim temos os quatro tipos de cavalos.<br />
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Neste caso, o Buddha Gautama era uma pessoa muito sensível. Apesar de ser um príncipe, estava passando na cidade e vendo tudo. O Rei, seu pai, preocupado, lhe falou: "Vá passear para se divertir." E passeando, ele encontrou um velho. "Quem é este?" Um camarada respondeu: "É um velho!" Com as costas curvadas, não conseguia andar, era um velho. "O que é velho?" "Ah, todo mundo fica velho com a idade, ninguém disto escapa." "E eu também vou ficar assim?" "Pois é claro que sim! Aqueles que são nascidos, envelhecem." "Ahhh!" Sentido, ele voltou ao palácio. No dia seguinte, passeando por um outro lado, se deparou com um doente sendo carregado, suportando dores, e perguntou novamente: "O que vem a ser?". "Isto é um doente". " O que é um doente?". "Enquanto temos físico, ficamos do-entes". "Então eu também vou ficar assim?". "É claro! Como todo mundo". Isto é muito simbólico, mas ele, perfeito, com saúde, jovem, viu a doença e o envelhecimento dentro de sua juventude. Encontrando com mortos sendo conduzidos ao cemitério: "O que é isto?" "Isto é a morte." "O que é a morte?". "O que é a morte? Todo mundo morre, nasce e morre." . "Eu também?". "Claro, todo mundo morre". E a quarta vez, saindo do castelo, encontrou-se com um monge, andando tranqüilamente. "Quem é este?". "Este é um monge". "Ah, talvez este seja o meu caminho". E assim o jovem príncipe estava traçando a direção de sua vida. Abandonar, renunciar. Até um dia sair do castelo. Este relacionamento amoroso, pessoal mais forte, pai e mãe, esposa, filho,etc., é uma coisa bonita, mas ao mesmo tempo agarra e amarra. Existem leigos que vivem sozinhos, solteiros.<br />
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Hoje em dia monges também podem casar. Mas antigamente, realmente se dedicando ao Caminho, todos pelo menos uma vez cortavam todas as relações. Este tipo de coisa é muito difícil. Existem koans para isto: " o dedinho mindinho". O dedinho está amarrado com uma linha de costura, uma linha vermelha. Porque é que não se pode cortar a linha? O koan é este. "Porque não se pode cortar uma linha vermelha?" Puxando um pouco se pode romper esta linha. Aqui existe um relacionamento com as pessoas. Cortar requer força. Mas havendo sentimento, desligar-se é difícil. É realmente difícil. Mas o mundo é assim. Na vida de monges, se renuncia. Abandona-se. Neste momento é a própria força ou a força dos outros. Um fio vermelho significa a relação com a família, a mulher; é realmente difícil cortar. Mas o tempo que é tão precioso é uma coisa do mundo, mundana... Por isto, uma vez despertado surgirá esta necessidade. E quando sentir, aí surgirá o impulso de tudo largar. O trabalho, suas tarefas e funções; mas a barreira é sempre este relacionamento mais íntimo... Esta questão é mais para monges... Hoje em dia, os monges casam, mas eu digo que o casamento de um monge não é um casamento qualquer. Claro, todo mundo é assim, principalmente monges, não é uma questão de casar por acaso. Tendo-se uma certa idade, aí se deseja casar. Por que casar? Porque ficar sozinho é muito chato. Fica-se solitário. Ou talvez para alguns seja uma questão de confiança dada à sociedade. Isto é a resposta, o casamento. Mas não, aqui se trata de um amor mais profundo. Depois disto, existe alguém mais além, e isto não é por acaso. Aqui são poucos os monges, mas despertando, assustam-se com alguma coisa mais profunda, talvez a impermanência. Quando se está realmente com este sentimento, uma energia enorme leva-nos em frente.<br />
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De certa maneira, as pessoas se tornam enfim escravas dos cinco sentidos. Comida boa, escutar música, ver coisas bonitas, ler livros preciosos, arte, teatro. Mas o que acontece é que o tempo passa tão rápido que assusta. Se morrer aos setenta, oitenta anos, até que tudo bem, mas às vezes morremos tão jovens, até os bebês podem morrer. Neste momento nós realmente reagimos: "O que é isto?". O monge Ikkyu, muito cínico, andava com um crânio na ponta do bastão de peregrinação durante o Ano Novo. O ano Novo no Japão é como o Natal aqui. Aqui todo mundo fala "Feliz Natal"; ou então, "Feliz Ano Novo". Mas porque razão "feliz"? Completando o ano, a morte está chegando mais perto. "Ah, não fale isto sobre o Ano Novo! Ano Novo é uma coisa boa, você está falando em morte? Por favor, fale uma coisa alegre, mais agradável." Então ele disse: "Primeiro morre o avô, em seguida morre o pai e em terceiro lugar morre o filho." "Ah, morre todo mundo?" . "Sim, mas morrendo nesta ordem, avô, pai e filho, está muito bom. Se o filho morrer primeiro do que o pai ou o avô, isto seria uma tristeza". Por isto, os monges para sentirem a impermanência, faziam certos tipos de meditações no cemitério, vendo cadáveres; quando vinham desejos sexuais, iam lá e olhavam. Viam os corpos e os cadáveres.<br />
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Na Índia jogavam-se os cadáveres no cemitério, não enterravam, não faziam cremação. Aquela moça bonita morreu, ela ainda pode despertar desejo, mas logo depois, um dia, quando está quente, não leva nem 24 horas, começa a correr líquido, um sangue meio aguado, e começa a inchar e a mudar a cor, vermelho meio roxo, manchas; se morreu acidentalmente com água ou com fogo é mais terrível. Como eu sou monge, já encontrei vários tipos de mortes. Fui várias vezes ao Instituto Médico Legal. É uma coisa terrível. Os corpos ficam nas gavetas, na geladeira. Totalmente nus. E geralmente todo mundo está cortado de cima abaixo e mal costurado. Todos iremos para lá. Não importa se ricos ou pobres. Nem se é inteligente, não importa, tem que passar por lá, tirar todo a roupa e somente uma etiqueta no peito. Este corpo cheira, cheira, e passa lá um dia, três dias, uma semana... com mau cheiro. Comendo depois peixe assado, grelhado, a carne não entra mais na boca. É o mesmo cheiro, nós nos lembramos. A carne, coisas inchando e começando a abrir, com bichos; começam a vir moscas, aparece o osso, um cachorro vem e leva um pedaço. Daqui a pouco vem o vento e leva tudo. Neste momento, com o que você está apegado? Este é o outro lado da realidade. Aí vem aquele susto, a questão: "O que é a vida e o que é a morte?". "O que é o amor?". "O que é a eternidade?". "O que é o absoluto?". Estes tipos de perguntas, quando uma vez surgem, não passam mais. Se não resolvemos este sofrimento espiritual, não encontramos a paz. Mas raramente este tipo de questionamento acontece, porque neste mundo há tanta coisa bonita, tanta coisa boa, tanta coisa divertida.<br />
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Um viajante encontrou com bichos, uma onça, um tigre, leões, panteras; aí fugiu para dentro de um poço que ele por acaso descobriu. E se segurou ali dentro em um cipó; quando olhou para baixo, havia um outro bicho, uma serpente venenosa, esperando de boca aberta. Desesperado, segurava apenas a corda. E aí apareceram dois ratos, um branco e um preto, e começaram a comer o cipó. Quando acabaram de roer, ele caiu. E lá no fundo do poço encontrou uma flor aberta, que deixava cair néctar; aí ele recebeu o mel com a língua: "Ah, que doce!" E naquele momento o viajante esqueceu todos os perigos. O que é isto? Estes quatro bichos são os pontos cardeais, são os quatro sofrimentos: 1) a vida é sofrimento, 2) o envelhecimento é sofrimento, 3) a doença é um sofrimento, 4) e a morte é um sofrimento. E o cipó, ao qual ele estava agarrado, é o tempo; o dia é o rato branco e a noite é rato negro. Dia e noite. E os outros animais... A flor no poço o que é? A flor é a vida que dá as sensações para satisfazer os desejos: comida, música, estes tipos de desejos de bens materiais, sexo, etc, etc. Os jovens estão procurando alguma coisa, mas não sabem o que. Não sabem onde encontrar. Sexo, suspense. Com estas sensações instantâneas, estão esquecendo certas coisas e, inconscientemente, estão querendo fechar os olhos para outras. Então, cada vez mais estas outras coisas são mais fortes. Com isto eles querem esquecer a realidade. Mas quem despertou não pode esquecer. Naturalmente, sozinho ele começa a se afastar das pessoas e começa a meditar sozinho. Porque dentro dele aconteceu alguma coisa errada. Alguma coisa errada. Com o que realmente se pode contar? Começa a pensar: sobre seu pai, dinheiro, casa, carro, esposa, filho. Para certas pessoas a resposta é positiva: "eu tenho dinheiro, eu tenho casa, eu tenho pai." Mas para alguém mais esclarecido, realmente com que se pode contar? Nem a nós mesmos podemos conduzir livremente. Tudo despende uma força enorme. A isto se chama impermanência.<br />
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Nós batemos o han, o han é um tambor de madeira, não sei se vocês notaram, primeiro bate-se sete vezes com o mesmo distanciamento entre cada batida, depois carreira rápida, depois bate-se cinco vezes, depois carreira, depois três vezes mais. E assim o nosso tempo é cada vez menor: 7,5,3,1,0. Zero. Zero! Quando é zero é a hora do adeus. Aí se vai embora. Falando desta maneira, as pessoas podem pensar: "O Budismo é tão pessimista! Por isso que eu não gosto. Tem cheiro de morte". Mas não é. Para realmente vivermos neste mundo, pelo menos uma vez ou outra, ou em alguma ocasião, é bom pensar um pouco. Pensamos que temos muito tempo pela frente. Não! Metade já se foi, passou. 2/3 já se passaram. Dentro da história japonesa, dentro da literatura, há uma pala-vra, go-avai, que significa: as coisas lamentáveis deste mundo. Sentindo a impermanência, mais lamentável ainda. É um sentimento. Mas esta filosofia quando chega a ser mais profunda, através dos monges Zen, fica ainda mais acentuada. Como eu expressei, vendo as coisas que vi no limite deste mundo, até onde se pode gozar?<br />
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Ainda temos um pouco de tempo. Têm perguntas, sobre este assunto?... É por isto, dentro da história do Zen, que os monges abandonam suas famílias. Isto é perigoso. Este pensamento e esta filosofia, são muito perigosas hoje em dia, para os jovens principalmente, que tão facilmente se separam. Antigamente, o Sexto Patriarca cuidava de sua mãe com muito amor e ainda assim abandonou tudo. Difícil de abandonar e abandonou. É isto. Não é como hoje, que as pessoas estão tão pouco ligadas, tão irresponsáveis. Não é neste senti-do. Por isto, se for uma pessoa qualquer, então não deve brincar, "ah, eu agora sou monge!". "E agora novamente vou voltar a ser leigo!". "Ah, não deu certo, então eu sou monge novamente". É desta forma que as pessoas estão brincando, quando na verdade isto é uma coisa muito séria. Por isto até agora, os grandes mestres são realmente heróis. Cortaram aquilo que não podia ser cortado. Por isto naturalmente, o treinamento deles dentro do mosteiro é diferente dos demais monges. Porque cobram de si mesmos e dos outros também as situações e as mudanças bruscas. Tem que ser sério mesmo. É assim a teoria que diz que nós devemos dedicar 99% ao treinamento; agora cortando, depois renunciando ao mundo. Amor todo mundo tem, mas este amor é limitado, apenas à sua esposa, apenas ao seu próprio filho; se o filho brigar com o filho do vizinho, em seguida começa a briga dos pais. Falam muito também, especialmente os militares, em amor à pátria, e o que é o amor à pátria? Amar a sua pátria... então começa a guerra, e gritando no campo de batalha, os filhos se vão. Vejam o resultado da Argentina: a guerra das Malvinas. É o amor limitado a si mesmo ou aos vizinhos, pátrias, estados; mas o verdadeiro amor é muito mais, uma coisa universal.<br />
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Os monges, cortando estes amores particulares, penetram no amor universal ou fraternidade, uma coisa maior, e vivem neste mundo mais amplo. Esta é a missão dos monges. Não é apenas fugir da responsabilidade deste mundo. Vem agora uma outra espécie de responsabilidade de não acabar com este treinamento, a prática incessante de todos os Buddhas e Patriarcas que chegou até nós. Neste caso, isto se chama grande compaixão, já não é mais amor. É grande compaixão. É em cima disto que monges vivem. Se os monges não a tiverem, apenas quiserem ganhar uma iluminação particular, sabedoria, não terão verdadeira compaixão.<br />
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No fundo, no fundo, há que se ter esta grande compaixão. Neste caso, ela não tem limites de espaço, ocidente ou oriente, sul ou norte, um país ou outro país. Não tem esta diferença de país, distância, de espaço e não tem limite de tempo, passado, presente e futuro. Aquele amor de Jesus Cristo, até agora vive. Quantas pessoas foram salvas com isto? Buddha, Confúcio, Sócrates, estas grandes figuras da humanidade, apareceram, sacrificando as suas vidas particulares e se ofereceram a todos os seres e, com isto, estão numa outra dimensão, num outro nível de pensamento, ajudando fora das coisas do mundo, em outro mundo sagrado. Este é o mundo do Dharma, como nós o chamamos; neste caso, a grande compaixão sem limites cobre tudo, todos os seres humanos, todos os seres viventes, inclusive as plantas. Esta é a filosofia fundamental budista, por isto este trabalho ecológico, com o meio ambiente, voltado para a natureza, no fundo está baseado nesta filosofia; não somente seres humanos, mas o amor, a compaixão, alcança até os bichinhos, até as plantas. Não matar, mas dar a vida pelas coisas, até as coisas materiais, insensíveis, até os bens materiais. Até isto: dar a vida até por estes objetos.<br />
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Se maltratar, isto quebra, precisa então consertar. Mas se tratar bem, este relógio funciona por anos e anos sem quebrar. Então está se dando a vida, para o gravador, para o cobertor, colchões, esteiras, tapetes, etc, tudo. Não matar, significa dar a vida para as coisas. Então, deste jeito, mudam-se todos os conceitos e muito mais além ainda, mais além. Então, este amor sem limites cobre tudo, passado, presente e futuro e o espaço também, e ainda é incansável. Incansável, significa que estamos querendo ajudar e salvar, mas não querem aceitar, porque estão bêbados e estão adormecidos. Queremos ajudar, mas não aceitam, porque estão apegados às coisas do mundo, não escutam, não reconhecem. Não desanime, não pare, vá, vá, mesmo com muito sacrifício e muitas dores, mas não canse, vá, constantemente. As pessoas não têm natureza de Buda? Como salvar este tipo de gente? Não quero abandonar ninguém. Todo mundo tem que ser salvo. É a filosofia do Bodhisattva. Esta filosofia do Bodhisattva é incansável. Corajosa. A qualquer tipo de dificuldade pode-se fazer frente. Sozinho. Esta é a dignidade dos monges. Se não a tiver, é melhor voltar para casa. Morar com sua família, lar, aquela comida quentinha, música, aquele sorriso bonito, é bom. Depois daquela grande negação, vem esta grande aceitação, a constatação de que o mundo é todo maravilhoso. Tudo é maravilhoso. Depois de passar por isto, nós sentimos claramente. Senão, com pouco treinamento, brigando sempre, vamos nos separar. Deixemos de brincar com estas coisas agora. O Shobogenzo, a prática incessante, é para isto, não é para saber de nada mais. Zen, aqueles koans interessantes, isto não é Zen de salão, tomando chá, não, é algo que parece estar abrindo a sua barriga, saindo dos intestinos e andando, arrastando-se a dor. Senão é melhor ficar parado e viver neste mundo. Tomar banho, ir para o cinema.<br />
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Temos um pouco mais de tempo. Têm perguntas? Não sei se entenderam, perguntem para não haver mal entendidos nesta parte de renúncia ao mundo. Por favor, as senhoras aqui ficam muito preocupadas, não é isto. O Budismo Mahayana é muito amplo com a compreensão de suas famílias. Podem seguir o Caminho, não necessariamente sozinhos. O caminho é muito amplo, muito amplo, pode-se ir com 2, com 3, com um grupo, todos juntos. Mas algumas pessoas, realmente poucas, levaram aquele susto... estes homens não tem jeito, despertam. Se não houver perguntas sobre este assunto muito sério... Desculpe, mas temos que encarar esta seriedade, porque está no texto.<br />
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Pergunta: Que diferença faz saber destas coisas, se na hora de vivê-las dói para todo mundo?<br />
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Resposta: Este treinamento Zen é "para estes poucos" que levam a sério. Zen é uma coisa nova aqui, mas aquele que o procura têm problemas, problemas psicológicos de certa maneira, é um doente, apesar de ter saúde mental, física e intelectual, mas mesmo assim é um doente. Doente de vida verdadeira. Querem viver realmente. Assim, com a necessidade, começam a procurar várias coisas e por acaso alguns chegam até o Zen. Por isto, dentro do Zen, há esta loucura, essa dureza, porque o treinamento dói, é duro. Mas quem procura este Caminho, está escrito no texto, os seus problemas doem mais ainda. Então estas dores não se comparam. Por isto aguenta-se e vai-se muito mais além. Para frente. Este treinamento é difícil. Mas realmente, a pessoa sabe o valor. As coisas verdadeiras não são ganhas com tanta facilidade . São difíceis. Por isto o treinamento é simbolizado por pérolas que estão no queixo do dragão. Se a pessoa precisa ganhar estas pérolas, tem que lutar com este dragão. São Jorge, contra este dragão ou demônio, é você mesmo. Se conseguir ganhar do dragão, se transforma em um deus, um deus e guardião ao mesmo tempo. Este corpo pode fazer muita coisa. Bobagens, besteiras com o karma, mas ao mesmo tempo com este corpo nós podemos fazer muitos atos bons. Isto é transformação. Encontrando-nos com o Caminho, com este ensinamento, começamos a mudar. As células, carnes, músculos, os ossos, se transformam no corpo de Buddha. Nós temos o corpo do Buddha cósmico, mas ainda é muito simples, precisa se transformar realmente, manifestar a beleza de Buddha. Ainda fazemos muita besteira. Mas o treinamento é um passo depois do outro.<br />
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Pergunta: O que significa que nós termos que lutar contra o dragão?<br />
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Resposta: Esta luta é porque nós temos ignorâncias incontáveis. Isto desde muito tempo atrás, e por isto estas raízes são muito fortes. Tem que cortar . Esta é a luta. Agora, o Budismo Mahayana, o Zen, vai muito mais além: tenta sem cortar estas ignorâncias, vivendo neste mundo com família, com mulheres, com filhos, com pai e mãe realizar a iluminação. Esta é que é a libertação verdadeira. O Zen é assim. Dentro do Shingon esotérico é assim. Aceitação. Se uma pessoa resolveu tudo e se iluminou, vem aquela exclamação do Buda: "Que maravilhoso! Todas as coisas são douradas! Todos os seres têm a natureza de Buddha. Céu, terra, todos os seres viventes realizaram a iluminação comigo. Quem tem ouvido, escuta o meu sermão!" Como o orvalho do céu: quem toma uma vez deste orvalho, nunca mais morrerá. Quem está sofrendo com esta mortalidade, esta impermanência, quem encontra este ensinamento, é como tomar estas gotas do céu. Este é o ensinamento do Buddha. Aí nunca se perderá a vida. Todo mundo tem medo de doença, envelhecimento e morte. Então, para quem pode ter esta pureza, esta tranqüilidade absoluta, esta é a melhor coisa que existe. Não são somente os bens materiais que contam, mas é dar segurança e vida, este é o trabalho dos monges. Com esta missão, o egoísmo de seguir o Caminho sozinho deve ser contrabalançado. Por isto, este é um trabalho de herói. Como um herói, lutando contra milhões de inimigos, pode-se mais ganhar para si mesmo. É um trabalho muito difícil. É isto.<br />
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https://www.sotozencuritiba.org/Gyoji.php<br />
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Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-46106190731776208242018-10-10T12:38:00.000-07:002018-10-10T12:38:00.574-07:00Uma Sessão de Perguntas - parte 3 <br />
<span style="font-size: large;">Uma sessão de perguntas feitas pelos estudantes a Ryokan Hiroshi</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">3. O senhor poderia falar mais sobre sua saída do zen e os motivos e que lição trás isso para nós? Pois parece algo muito semelhante á experiência de muitos que chegaram aqui desiludidos com o que estavam seguindo, e não como outros que não deixaram suas doutrinas de antes.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Não, porque eu não deixei o zen e não, ainda, porque eu nunca segui o zen...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">É incrível como, de tantas formas de budismo e tantas doutrinas que estudei, o que fascine mais as pessoas seja sempre o zen. Eu não posso falar sobre isso porque seria uma má propaganda, seria um falar mal. Eu já falei outras vezes que o zen é que deixou o zen e isto pode soar mal para algumas pessoas, ou que estou falando mal do zen. [Falou um dito chinês ou japonês, que não podemos entender ao todo, aparentemente sobre surrar um cão de guarda, algo que talvez deva equivaler ao nosso "cuspir no prato que comeu".]</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O que eu posso dizer é que o zen não serviu para mim senão como uma ponte, por um tempo. Eu pensava que era meu caminho, mas estava atravessando uma ponte que levou a muitos caminhos para escolher. E eu escolhi não seguir no zen oficial porque muitas coisas não se ajustaram às minhas necessidades na época. Isto é tudo. Boas ou más escolhas, aqui estou.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">No zen que eu estive há roupas, ritos, obrigações, recitações, devoções, hierarquia. Na outra escola que segui que também é zen (ou uma derivação do zen que tenta restaurar o princípio) me vi livre dessas coisas e envolto apenas no que interessava, estudo e prática, e fiquei pronto para estar livre títulos e poder ensinar de maneira simples como um monge itinerante, ajudando as pessoas com o que eu sabia. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Até que casei e fui morar nos Estados Unidos novamente, conheci o cristianismo e algumas ordens e conheci essa ordem aqui, isso aqui nos Estados Unidos e no Japão, e professores em Jerusalém, e principalmente na Inglaterra e Escócia, na Alemanha, Áustria, Holanda e outros lugares. E como um professor itinerante fui pela América do Norte e Central, onde sofri perseguição como em alguns lugares como aqui na América do Sul, há muitas proibições e a intromissão das autoridades nas religiões e ordens, então fui morar no Brasil um tempo e depois fui para Israel, um bebê, recém renascido, tentar viver em Jerusalém e girar por aqueles lugares, ensinando e fazendo missões da ordem. Tudo isso é muito simbolicamente interessante. Porque depois a tentativa era expandir indo ao norte da Índia, Butão, Nepal, Tibet, China, Coreias (se fosse possível na Coreia do Norte) e então voltar ao Japão. E agora aqui estou de volta. Cidadão de muitas terras.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então veja, eu tive que deixar as outras ordens para fazer isso, elas têm suas regras, seu funcionamento. Então somando tantas sabedorias eu só poderia estar nessa ordem porque eu não iria negar nada que fosse verdade em nome de alguma organização. Eu não podia negar os ensinamentos certos do budismo, que são verdadeiros, nem os da kabalah que são verdadeiros, nem os do zen, nem Jesus, nem Rosacruz, porque eu não poderia negar o que é verdadeiro. Então tive que largar outras ordens sectárias e tive que entrar nesta, até por proteção das perseguições. Minha família não era bem esperada no Japão de volta, vamos dizer, e eu não era bem esperado nesses países cheios de proibições religiosas como os países árabes e as ditadoras e os comunistas aos quais eu queria passar novamente e dar continuidade ao que comecei, então como já estava mais perto de casa voltei do Japão direto para os Estados Unidos. Quer dizer, estive no Hawai também, e toquei com eles e alguns conversei sobre o Dhyana e sobre a ordem e sobre Jesus Cristo... Eles me falavam de religiões ancestrais e eu falava disso... Foi assim.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu tinha que voltar para casa e cuidar dos meus pais, não podia mais ser um andarilho, nem um monge muito menos...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Mas no zen existem muitas coisas que não são muito zen, certas tradições e transmissões, bem como rituais e devoções, muita meditação sentado, longa. Não é como estão pensando. Há muita disciplina, muito rito, muita cerimônia, ao acordar, ao andar, a distância dos passos. Vocês podem está misturando o melhor de cada uma das três tradições mais faladas aqui. Por exemplo o soto e a Rinzai têm muita diferença e tem disciplinas que muitos não conhecem.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Algumas coisas foram acrescentadas depois. Que no chan não tinha. Coisas também no chan. Que no Dhyana não tinha. E eu como vocês queria a verdade logo, e ao contrário de vocês não achava bonito toda essa coisa cultural. Que é exótico para vocês, mas nós já estamos saturados, é feio, muito "enfeite", para pouco resultado. Muito ego, muito orgulho. Não digo da escola nem das escolas, mas as pessoas em todas as escolas, quero dizer. Contendo aquela ira, em sorriso, aquele orgulho em prostrações, entendem? Sim, sabem bem...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<br />Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-89718289811223680392018-09-19T11:20:00.002-07:002018-09-19T11:20:22.636-07:00Uma Sessão de Perguntas - parte 2<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; color: #f48d1d; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 22px; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal; margin: 0px; position: relative;">
<br /></h3>
<div class="post-header" style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.6; margin: 0px 0px 1em;">
<div class="post-header-line-1">
</div>
</div>
<span style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px;">Uma sessão de perguntas feitas pelos estudantes a Ryokan Hiroshi</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">2. Qual a contribuição mais importante do estudo do budismo, no geral, para a sua vida e que o senhor poderia dizer que é universal e possa nos ajudar, a nós e à humanidade como um todo?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu quero acrecentar à resposta anterior, o que vai responder essa pergunta. A grande contribuição do budismo é o voto de bodhisatva. No budismo mahayana, muitas escolas, elas tem o voto de bodhisatva. Eu fiz o voto de Bodhisatva, sozinho, em minha casa, no jardim, eu me comprometi em atingir o conhecimento supremo para ajudar a todos os seres a atingir o mesmo, para ajudar todos os seres a atingir a libertação, para ajudar todos os seres a encontrar a verdade, Nirvana, ou fosse lá o que fosse isso. Isso me deu um impulso imenso, em minha visão, em minha prática, nos resultados. Eu não estava procurando a verdade como dizemos aqui, para mim, para meu ego, para minha satisfação, mas pelo bem de todos os seres. E isso me impulsionou muito. E isso é uma visão universal, útil, para qualquer um, de qualquer religião, como se pratica aqui, isso vem do voto do bodhisatva!</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então a maior contribuição entre tantas, na minha vida, do budismo, foi o voto de bodhisatva. E é isso que eu recomendo ter como meta, essa é a motivação, a melhor delas. Porque é para o bem dos seres, e não é qualquer bem, é a libertação, salvação, iluminação, purificação, desobstrução. Não é para uma liberdade nem uma felicidade idiota, egoista. Aqui no Brasil temos o exemplo de certos cristãos. Por que eles vão tentando levar a pessoa a se converterem? Por que eles são tão chatos? É simples, porque eles querem salvar a todos. Embora a salvação deles, na doutrina cristã, não tenha nada a ver com a sua, nem com levar pessoas a conversão, eles insistem nisso muito, por quê? Porque eles se preocupam em salvar os outros. Isso devia ser uma lição para vocês. Isso tem um significado profundo. Isso mostra como pessoas em ordens são muitas muito egoístas e arrogantes. Falta humildade para compreenderem isso, compreenderem que lhes falta amor, compaixão, que são egoístas. Essas são as principais características do bodhisatva, amor e compaixão. Eu não vi muita coisa aqui assim no meio budista nem no meio das ordens. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu diria que isso é a principal contribuição para o mundo, mas como você pode ver, não é exclusividade dos budistas, pessoas de outras religiões muitas vezes são muito mais dedicadas do que os budistas. Na escola dhyana no geral esse tema não é muito falado, porque não existe muito como ensinar uma pessoa a amar os outros, a ser compassiva, não existem os treinos, rituais e simulações dos vajrayanas, mas tem como ensinar a ser menos egoísta, a ver melhor a interdependência... Então quando a pessoa está pronta faz o voto de bodhisatva, não é algo programado, que vai acontecer num certo estágio, não, é uma consequência, tem que ser sincero, de coração. Mas na escola dhyana também não existe a busca da iluminação, o que existe são os meios hábeis de ser iluminado aqui agora para o bem dos seres, não pode ser para si, não adianta. Existem muitos trabalhos e distribuição de tarefas, é ajudar, obedecer, um servir sem fim, então ou a pessoa entende o significado. que ela é egoísta, só pensa em si, ou de que antes estava presa pelo seu próprio egoísmo e arrogância (Buda chama da presunção, a raiz do ego), ou ela se pergunta "quando é que vão me ensinar o dhyana?" e vai embora decepcionada. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O que eu digo ser o mais importante para todos é isso, essa é a grande contribuição, viver como um bodhisatva, viver para o outro, cada ação de sua vida, está contribuindo para, você sabe que é para atingir esse fim de servir, de esclarecer, de libertar. Só que nós não fazemos isso com doutrina, é diferente. Nós simplesmente estamos presentes, estamos ali, junto, para ser luz e ponte, a pessoa tem que fazer a leitura da grande compaixão, nós temos que ser lidos como caracteres no livro da compaixão, isso é difícil, por isso deve ser praticado. As ações, os feitos, vão ensinar...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Ryotan Tokuda usa muitas comparações com os místicos e filósofos cristãos, sobre a questão de Nirvana, e outras bem profundas, isso é muito bom, abre nossa compreensão encerrada numa linguagem para outra linguagem estranha do oriente. Existe a história de Francisco e sua compaixão pelas pessoas e pelos animais. Eu comparar muitas vezes a prática, e a motivação dos cristãos, que agem como verdadeiros bodhisatvas, não ficam esperando um momento surreal que ninguém sabe como é para poder sair ensinando. Não se espera o céu se abrir e dizer "oh, estou salvo!", ele sabe que no final está salvo e vai levar isso a outro. Assim como no Norte [(América do Norte, Europa)] o cristianismo e os missionários estão esfriando houve um grande esfriamento dos bodhisatvas depois da expansão do budismo porque ele ficou preso a instituições e linhagens e votos oficiais.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Quando fiz oficialmente o voto de bodhisatva eu já estava praticando ele décadas. Existe uma resistência não só a outras religiões praticando budismo, mas principalmente aos budistas mesmo, em avançar, ensinar a avançar, como uma coisa para poucos. Isso não está restrito a monges, nem a budistas, é um caminho simples que pode se somar a qualquer caminho. O caminho do despertar, de andar desperto, de andar em espírito, na consciência. Não é preciso ler todos os livros nem passar horas sentado.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O mahayana surgiu como uma valorização da vida não monástica como meio, mas depois isso também perdeu a força. Buda instruiu também reis e aos reis como instruir todo o povo. Mas isso é esquecido e volta novemente o monopólio monástico. Bohidharma instruiu reis e gente do do povo, os pais instruiram os filhos. Mas depois no chan mesmo surgiu uma divinização do Buda, dos bodhisatvas, dos monges, e uma sacralização errada: se um novato tinha algum insight isso era atribuído a alguma divindade ou para ser aceita tinha que ser vista como revelada por um buda ou uma forma especial do Buda. O ensinamento era desprezado em sua eficácia prática e a transmissão super valorizada, então surgiram as degenerações, a aceitação dos devas de outras religiões como sendo parte de um novo panteão de divindades agora budista, de bodhisatvas. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Mas a verdade é isso, os bodhisatvas somos nós, temos que ser. Estas pessoas na época queriam ser grandes autoridades por seus próprios interesses. Qualquer um que estuda a história do chan sabe disso. E Buda ensinou a fazer isso por compaixão dos seres. É uma grande diferença. Então eu vejo que manter essa motivação é difícil e é o principal e universal: se tornar um bodhisatva pelos outros.</span><br />
<div>
<br /></div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-38009772514870792242018-08-27T12:13:00.000-07:002018-08-27T12:17:31.537-07:00Uma Sessão de Perguntas - parte 1Uma sessão de perguntas feitas pelos estudantes a Ryokan Hiroshi<br />
<br />
<span style="font-size: large;">Estou aqui hoje à disposição da ordem para todo o tipo de pergunta. Comecemos sem delongas!</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">1. O senhor sendo um roshi ou um mestre zen apresenta alguma visão para nós que não somos do zen e mesmo que não são budistas que nos convenceria a praticar a psicologia budista ou a didática ou a meditação? Que vantagens temos nós da ordem em praticar isso?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">[Um momento de riso]</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">R. Bem, eu já sabia que essa pergunta surgiria... Mas veja que o senhor colocou de uma forma que são muitas perguntas em uma. Tenho muitas observações sobre ela. É uma pergunta importante.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Primeiro, eu não sou um mestre zen, não uso mais esse termo (ou título) de roshi, e aqui na ordem, nessa fraternidade pelo menos uma regra é que não há mestre, ninguém pode ser chamado mestre, se eu ainda fosse "mestre zen" é um erro você me chamar de mestre mesmo assim, já que também ensino aqui na ordem. É uma reverência para comigo e irreverência para com a ordem, está invertido aí, é errado. Então saiba que não é porque não uso o termo simplesmente, mas você conhece a regra, eu estou aqui ensinando, ensino aqui, então jamais poderia me chamar de mestre. Por outro lado compreendo que você não me chamou no presente, que sua intenção não era dizer que sou "sendo", mas que fui ou fui tido como, no passado, "tendo sido". Mas é preciso que eu esclareça para outros, mas você se referiu a minha posição no zen, na sua pergunta, então devo explicar para todos.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Segundo, que depois que deixei as obrigações da ordem zen ingressei numa ordem que prepara pessoas de qualquer religião, para o zazen e para ser um "mestre zen", ou seja, um professor zen, seja qual for sua religião ou escola (não vou citar o nome porque apesar de existirem algumas escolas assim no Japão vou fazer algumas críticas construtivas a essa escola aqui). </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu não vim aqui convencer, só apresentar algumas ferramentas nas quais sou especialista, diga você; outros professores vão apresentar outras; você é que vai avaliar a que é que vai ser útil para o seu objetivo.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">No objetivo geral da ordem, tem relação com o aprimoramento do uso de uma ferramenta fundamental, que você já tem e mal utiliza, a principal ferramenta de todas eu diria, a consciência, que você vai estar mais consciente pela atenção, pelo tipo de atenção, pela concentração, e assim por diante.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Esqueci o resto da pergunta...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">[Alguém lê uma anotação pessoal da pergunta]</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Ah sim!</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O mais importante vou dizer agora. Mas primeiro preciso dar uma breve advertência. No mundo hoje as pessoas estão com pressa e muito contaminada com um pensamento mau, danoso, "que vantagem eu terei nisso", é isso que o pensamento, o marxismo cultural, incutiu em todas as pessoas, porque ele diz que as pessoas pensam em termo de vantagem, mas isso não é verdade. Você tem que perguntar a essas pessoas, já que elas pensam que é assim, qual é a vantagem que ela está tendo em pensar assim, que vantagem quer tirar para si em lhe ensinar tal coisa estúpida? Porque nós somos algo, não somos? Qual a vantagem disso? Porque o insatisfeito com a vida não então se mata? Não estou dizendo que se mate hein! Porque o insatisfeito consigo mesmo resolve fácil, se mata e pronto. Não. Nós estamos num determinado estado de consciência. Nós somos algo e você faz assim, muita coisa, porque é o que você é, porque é o que você é agora, porque você é gente, porque você se tornou meditativo, simplesmente por isso. Por que eu me tornei meditativo? Porque eu me tornei meditativo. Pronto. No zen dizem porque meditamos: porque meditamos. Não é para que. Essa é a resposta. Essa pseudo inteligência que quer sempre ganhar algo é o caminho oposto, é estupidez. Você faz e pronto, porque você quer, porque você gosta, porque você é, e pronto. No zen não se procura vantagem, não procura provocar algo, é o contrário. Você falou de zen, então eu digo isso, no zen é o contrário, você aquieta. Tem um cara que chamam mestre, não é porque ele é o sábio, é como a brincadeira de "o mestre mandou", tem o mestre para você não precise se preguntar por que, você obedece e pronto. Hora de levantar, hora de trabalhar, hora de comer, hora de sentar [zazen], hora de andar, hora de deitar, hora de começar tudo de novo...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Perguntaram a um mestre zen porque ele andava de uma lado para o outro [praticando a meditação andando] se já era iluminado, ele disse, "porque já sou iluminado". A pessoa surpresa e sem entender perguntou porque ele andava assim antes, ele disse "porque eu não era iluminado". Entende?</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então, essa é uma razão para praticar. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Mas se você é agnóstico, ateu ou cético você precisa praticar para ver isso, para ter uma experiência pessoal convincente e uma compreensão da realidade tal qual é ou expandir sua visão, seu meio de investigação. Não se trata de zen ou de budismo, se trata da verdade, você precisa de ajuda, para vê-la. Alguns irmãos aqui, muitos, eram assim e entraram na ordem para isso, para descobrir isso, uns pela fé, uns pelo observação empírica, outros pela lógica ou por tudo isso somado, que é o certo, eles mudaram de ideia. Uma razão é para ver isso, que ensina a escola.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Veja que Buda não ensinou isso diretamente, mas se juntar algumas partes do que ele disse sobre isso, você tem esse resultado. Ações que fez têm um significado nisso. Seria muito longo e complexo mostrar isso aqui e agora, que envolve vários textos, e ainda mais não seria suficiente. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Não ser suficiente entender o que está escrito é outra razão. Para muitos é assim. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Você precisa apreciar por si mesmo. Aí você pode argumentar que Buda não explicou, mas alguns patriarcas e autores zen, e até de outras escolas explicou isso muito bem e que você já entendeu e já está satisfeito. Não está. Lá no fundo, numa madrugada escura ou no meio da depressão ou das notícias ruins do mundo vai surgir uma dúvida, dependendo do seu estado de consciência você não vai satisfazer aquela dúvida, ela existe. Então isto é outra razão, para que não reste dúvida, porque a dúvida é um obstáculo. E vocês aqui sabem que com dúvida não se vai longe, não se dá um passo significante.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Você pode dizer que está bem na sua religião sem interferência do método de outra ou que se contenta com a sua fé e que ela é suficiente. Isto é bom, mas depende da fé em que. A fé é bom, e suficiente, mas só se ela estiver na coisa certa. Se ela estiver errada? De nada serve, é lixo, enganação. Se, digamos, coincidentemente, aquilo que você tem fé é verdadeiro você acertou o grande prêmio. Mas se você colocou ela em coisa errada, de que adianta? Você está perdido. Suponha que você depositou a fé num totem de pedra e seus amuletos e talismãs sua vida toda, você teria perdido uma vida numa mentira. O que ganhou com isso? Que experiência? Lamentável. Então para eliminar essa dúvida essa prática também é recomendada, é útil. Não é duvidar da sua fé, mas imagine algumas fés erradas que existem e logo você vai entender, é uma coisa prática, não é filosófico-dogmático, você vai se dirigir para uma certa coisa, não para os objetos de sua fé, a princípio é outra coisa e no final só é que você vai constatar que é igual. A procura do verdadeiro.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Ainda eu poderia falar dos outros usos na ordem, um ´por um. Mas vocês devem saber. O primeiro é a questão do estar consciente, você foca no espírito, na consciência, sua mente se liga à realidade das coisas, a realidade é espiritual, não é material. Do contrário você estaria ligando a mente às impressões mais fortes, a materialidade e qual o resultado disso? Você sabe o que acontece com a matéria. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">O segundo motivo é que é uma psicologia. As outras escolas, inclusive de budismo, acreditam que você vai limpando o espelho até ele ficar limpo e depois ele está limpo para sempre. Mas isso não acontece, você precisa estar vigilante o tempo todo e não deixar a poeira assentar no espelho de novo, ou seja, as impurezas mentais, mesmo quando arrancadas totalmente, elas voltam, pois o espelho sempre reflete a imagem, e o espelho está no mundo agora, e no mundo tem poeira, e se você permitir tudo volta novamente, então é um treino, vigilância e limpar o espelho. Você precisa tomar banho todos os dias. É simples. Você precisa limpar a mente todos os dias. Isso é um auxílio, um processo intencional e racional, que vai colaborar com o trabalho espiritual na ordem, e em qualquer religião verdadeira inclusive. Veja que não estou nem falando do produto final, só do processo.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">E por último, o mais mundano de tudo, é uma terapia. Aí entramos em longos detalhes e inúmeras aplicações que não cabe aqui, mas para cada pessoa um caso. A pessoas estão doentes, a humanidade está doente, e não é agora, é sempre, isso é um desvio de Nirvana, as pessoas poderiam estar numa vida de harmonia e conhecimento, mas estão num mundo de caos e ignorância que tem pouca sabedoria. Cobiça, aversão e ignorância são a causa desse estado de coisas, de mundo, de seres. Em última análise a terapia vai curar essa doenças, esse desvio. Mas ela começa com passos que vão curar os derivados desse trio maléfico aqui agora. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Isto é bom para a vida, a convivência, a compreensão, a liberdade, o trabalho bem feito, a família equilibrada, a saúde, a paz, e o desenvolvimento de seus potenciais. Você não precisa se apegar a isso, pois isso não é tudo, é só uma pequena coisa, uma pequena parte, um barquinho, uma ferramenta, mas se toma isso como religião, o barquinho, você estará errado, é uma terapia, uma ajuda para a cura.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Então você tem que estar um tempinho do dia numa tarefa atento, olhando a consciência, como tudo estando e sendo fenômeno na consciência, estar ciente disso, lembrado, e observando tudo, vigilante, ao que acontece na mente, vendo os fenômenos na mente. Isso é só um início, um treino, mas que tem que funcionar desde a primeira vez, não é para o futuro. Em muitas escolas é para o futuro, mas para a nossa é agora. Isso então é duas coisas: instantâneo e gradual (as duas escolas zen se dividiram e cada uma ficou com só uma metade, sem entender o zen, sem o zen). Por isso eu sou zen e por isso eu não sou zen. [Zen porque ficou com tudo inteiro, não-zen porque o que se chama zen ficou só com metade].</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Muitos aqui sabem como ensino a meditar andando, e sabem que existe o zazen, sentado. Sentar é apenas para aquietar o corpo, o corpo é o balde, a mente é a água. Mas você não é nem o balde nem a água, então porque se preocupar com isso? Bem, essa era uma questão inicial da escola da não-mente. Nós falamos apenas de costume, não vamos entrar aqui nessa questão. Mas se você só meditar sentado vai demorar, porque você ainda está se identificando com a mente, você é o que olha para o fundo do balde através da água, não é o balde, nem é a água. É claro que vai precisar aquietar um pouco para ver o fundo do balde no início, mas depois que você já o viu, já o conhece, para que vai ficar olhando para o fundo do balde? Não tem nada aí! Você já viu o fundo, os lados e já viu a uma refletida na água. Mas você já viu seu próprio rosto? Você já viu todo o resto que o balde com água pode refletir se você sai andando? Então meditar andando é um treino para a vida. Você precisa olhar para fora do balde, para si mesmo, para o universo todo que existe agora e antes e depois, descobrir as leis, descobrir o desconhecido. Então se desapegue desse balde com água pelo amor de Deus!</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Foi isso que Buda ensinou na minha concepção. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Ele ensinou a olhar para fora, fora do seu ponto de vista habitual, de balde ou de água, de um novo ponto de vista, solto, livre, do ponto de vista do espelho que pode refletir o infinito, infinitamente, do ponto de vista da consciência infinita. O zen está dizendo que Buda ensinou a olhar para dentro, mas não é só isso, isso é uma ínfima parte. O zen está dizendo como Hermes, que tudo que tem fora está também dentro, mas vai demorar muito de você só olhar para esse lado, se desapegue dos lados, do sujeito-objeto, você acredita mesmo que vai sustentar isso vidas e vidas? Por isso o zen verdadeiro ensina uma iluminação para já, não é esperar um satori no futuro. Na verdade não existe dentro e fora. Tudo é consciência, tudo é na consciência, olhe para você ver se não é, aí me diga. Isso é iluminação.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Muito depois você vai ver que isso são mensagens, esses reflexos, aí tem coisa do agora futuro também, que tudo tem um significado, mas agora não, agora isso é tudo e por muito tempo você só precisa disso e de estar voltando ao seu professor e trocando experiências, ele vai orientar o que for preciso. São dessas maneiras que esse ensinamento ajuda, não há que convencer, a pessoas vai se quiser quando estiver conhecendo. O convencimento não é algo que devamos tentar com isso e a vantagem é: pare de procurar vantagens, vantagens são tolices, não existem vantagens. Assista. Aquiete.</span><br />
<div>
<br /></div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-91786772059358170982018-08-23T18:06:00.000-07:002018-08-23T18:06:05.383-07:00A Prática Incessante <span style="font-size: large;">Gyoji, a prática incessante</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Seshin de Rohatsu de 1986</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">por Ryotan Tokuda</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">"Os rostos originais dos Buddhas e Patriarcas não podem ser vistos. O rosto original, ossos e medula dos Buddhas e Patriarcas também, como também não parecem ir ou vir. Devemos examinar a prática incessante de um só dia. Portanto, cada dia é precioso. Se vivermos em vão durante 1.000 anos, acabamos nos aborrecendo com os meses e os anos. Isto é um tris-te desperdício de tempo. Mesmo 1.000 anos de escravidão dos sentidos são redimidos por um só dia de prática incessante. Uma vida corporal de um só dia é a possessão mais valiosa de todas. Portanto, se vivermos somente um dia e possuirmos a função de todos os Buddhas, um dia é mais útil que reencarnar durante incontáveis vidas. Por isto, se o problema da vida e morte não foi decisivamente resolvido, não devemos desperdiçar um só dia sequer. Um só dia é um grande tesouro a ser altamente cotado, é melhor, muito melhor que um pe-daço de jade ou as jóias de um dragão. Sábios do passado contavam um só dia mais que seus próprios corpos e mentes. Devemos refletir calmamente sobre isto. E descobrimos algo de mais precioso que a jóia que concede todos os desejos ou riquezas. Mesmo um só dia em uma vida de cem anos não pode ser devolvido ou tomado de volta. Existirá algo que possamos fazer, alguma ação, algum método para que o recuperemos? Tal não existe. Se desperdiçamos tempo, somos enredados como a pele enreda o corpo. Santos e sábios davam mais valor a cada dia e a cada mês que às suas próprias vida e ao seu país. Se o tempo for desperdiçado, seremos cativados pelo status e pela fortuna do mundo impermanente. Se evitarmos, viveremos no Caminho. Se tivermos determinação, não passaremos um só dia inutilmente. Pratiquemos e proclamemos o Caminho! Portanto, tenha em mente que os Buddhas e Patriarcas não gastam um dia sequer em prática inútil. Durante os dias tranqüilos de primavera, sentemos perto de uma janela cheia de luz e reflitamos sobre tal. Em noites de outono, de chuva fina, fiquemos em um choupana simples de floresta e nos concentremos na prática. Sentimos falta de tais tesouros porque não temos a prática. Como pode a virtude da prática ser tempo roubado? Nada nos é roubado. A virtude de muitos kalpas é roubada? O que causa o conflito entre o tempo e nós mesmos? O ressentimento, porque a nossa prática é insuficiente. Não devemos nos permitir sermos condescendentes demais conosco mesmos. Isto causa auto-ressentimento. Os Buddhas e Patriarcas também têm ligações de gratidão e de amor. Eles, contudo, as abandonam. Eles têm muitos relacionamentos, mas os abandonam. Mesmo que lamentemos, não podemos nos aborrecer com nossas relações com os outros. Se não cortarmos os liames de gratidão e de amor, os laços de gratidão e de amor nos cortarão fora. Se temos apegos com a gratidão e com o amor, devemos assim proceder. Ter apegos nos mostra que devemos cortar tais coisas.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Esta é a continuação do capítulo do Sobogenzo , capítulo Gyoji, a prática incessante. Aqui, vamos passando rápido, ele está falando sobre a importância da prática. Como se estivesse dizendo: falar sobre Zen, depois de algumas leituras, uma pessoa inteligente consegue falar, por isto existem vários tipos de Zen. O "Zen de salão" para os ocidentais. Às vezes leram alguns livros sobre o assunto e gostaram muito. Parece piada, né? Koans, etc., estas coisas são impressionantes! Fica-se impressionado e narra-se estas coisas num salão qualquer de sociedade. Com as damas, tomando café, tomando chá, batendo papo, e aí falando sobre Zen. "Isto é Zen!" Parece muito bonito, mas o fato é que nada tem a ver com ele. Por isto, às vezes precisamos em vez de boca, falar com o corpo. A boca pode mentir. Mas o que corpo está fazendo é que esclarece as coisas completamente, ao invés da fala. Então, pratiquemos quietos, mas sem cessar. O praticante Zen falante, principalmente durante o sesshin, guarda o silêncio com aquela cara... Mas se começa a falar muito, então prejudica não somente a si mas aos outros também. Depois do seshin pode-se falar, ao terminar o retiro. Assim é o Mosteiro Zen e a prática com os colegas. Depois, aqui no texto, fala-se sobre o tempo, sobre a impermanência; nós os sentimos muito pouco em muito poucas ocasiões. Quando há jovens, eles não entendem o sofrimento dos mais velhos. Quando se tem saúde, não se entende o sofrimento dos doentes. Quando tem-se força, saúde e beleza, tem-se orgulho e vaidade e não se entende o sentimento de outras pessoas. Mas estas coisas todas não dependem de si mesmo. Apenas acontecem, mas isto não é algo que dure para sempre. Logo depois... até ontem era um rapaz moço, mas hoje já está de barba branca. Isto nunca mais se pode ter de volta. Todos sabem disso. Mas sentir na alma, poucos podem.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Mestre Dogen coloca os quatro tipos de cavalos: 1) O que vendo a sombra do chicote, já começa a cavalgar; 2) O que o chicote tem que tocar a pele; 3) O outro cavalo, o chicote tem que cortar até a carne; 4) O último, o chicote tem que cortar a carne e chegar até o osso, senão, ele não sente. Isto significa que quando a pessoa encontra a morte num jornal todos os dias, é um problema dos outros. Mas se encontrar a morte de alguém mais próximo, lamenta-se: "Ele era jovem, não deveria ainda ter morrido." Depois, quando é um parente, pessoas mais íntimas, sente-se, sente-se muito e se chora. Mas depois de algum tempo, se esquece novamente. Agora , ele é aquele cavalo que só sente quando o chicote corta a carne ou o osso quando chega o seu momento. Tem que morrer amanhã. Não adianta. E assim temos os quatro tipos de cavalos.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Neste caso, o Buddha Gautama era uma pessoa muito sensível. Apesar de ser um príncipe, estava passando na cidade e vendo tudo. O Rei, seu pai, preocupado, lhe falou: "Vá passear para se divertir." E passeando, ele encontrou um velho. "Quem é este?" Um camarada respondeu: "É um velho!" Com as costas curvadas, não conseguia andar, era um velho. "O que é velho?" "Ah, todo mundo fica velho com a idade, ninguém disto escapa." "E eu também vou ficar assim?" "Pois é claro que sim! Aqueles que são nascidos, envelhecem." "Ahhh!" Sentido, ele voltou ao palácio. No dia seguinte, passeando por um outro lado, se deparou com um doente sendo carregado, suportando dores, e perguntou novamente: "O que vem a ser?". "Isto é um doente". " O que é um doente?". "Enquanto temos físico, ficamos doentes". "Então eu também vou ficar assim?". "É claro! Como todo mundo". Isto é muito simbólico, mas ele, perfeito, com saúde, jovem, viu a doença e o envelhecimento dentro de sua juventude. Encontrando com mortos sendo conduzidos ao cemitério: "O que é isto?" "Isto é a morte." "O que é a morte?". "O que é a morte? Todo mundo morre, nasce e morre." . "Eu também?". "Claro, todo mundo morre". E a quarta vez, saindo do castelo, encontrou-se com um monge, andando tranqüilamente. "Quem é este?". "Este é um monge". "Ah, talvez este seja o meu caminho". E assim o jovem príncipe estava traçando a direção de sua vida. Abandonar, renunciar. Até um dia sair do castelo. Este relacionamento amoroso, pessoal mais forte, pai e mãe, esposa, filho,etc., é uma coisa bonita, mas ao mesmo tempo agarra e amarra. Existem leigos que vivem sozinhos, solteiros.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Hoje em dia monges também podem casar. Mas antigamente, realmente se dedicando ao Caminho, todos pelo menos uma vez cortavam todas as relações. Este tipo de coisa é muito difícil. Existem koans para isto: " o dedinho mindinho". O dedinho está amarrado com uma linha de costura, uma linha vermelha. Porque é que não se pode cortar a linha? O koan é este. "Porque não se pode cortar uma linha vermelha?" Puxando um pouco se pode romper esta linha. Aqui existe um relacionamento com as pessoas. Cortar requer força. Mas havendo sentimento, desligar-se é difícil. É realmente difícil. Mas o mundo é assim. Na vida de monges, se renuncia. Abandona-se. Neste momento é a própria força ou a força dos outros. Um fio vermelho significa a relação com a família, a mulher; é real-mente difícil cortar. Mas o tempo que é tão precioso é uma coisa do mundo, mundana... Por isto, uma vez despertado surgirá esta necessidade. E quando sentir, aí surgirá o impulso de tudo largar. O trabalho, suas tarefas e funções; mas a barreira é sempre este relacionamento mais íntimo... Esta questão é mais para monges... Hoje em dia, os monges casam, mas eu digo que o casamento de um monge não é um casamento qualquer. Claro, todo mundo é assim, principalmente monges, não é uma questão de casar por acaso. Tendo-se uma certa idade, aí se deseja casar. Por que casar? Porque ficar sozinho é muito chato. Fica-se solitário. Ou talvez para alguns seja uma questão de confiança dada à sociedade. Isto é a resposta, o casamento. Mas não, aqui se trata de um amor mais profundo. Depois disto, existe alguém mais além, e isto não é por acaso. Aqui são poucos os monges, mas despertando, assustam-se com alguma coisa mais profunda, talvez a impermanência. Quando se está realmente com este sentimento, uma energia enorme leva-nos em frente.</span><br />
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<span style="font-size: large;">De certa maneira, as pessoas se tornam enfim escravas dos cinco sentidos. Comida boa, escutar música, ver coisas bonitas, ler livros preciosos, arte, teatro. Mas o que acontece é que o tempo passa tão rápido que assusta. Se morrer aos setenta, oitenta anos, até que tudo bem, mas às vezes morremos tão jovens, até os bebês podem morrer. Neste momento nós realmente reagimos: "O que é isto?". O monge Ikkyu, muito cínico, andava com um crânio na ponta do bastão de peregrinação durante o Ano Novo. O ano Novo no Japão é como o Natal aqui. Aqui todo mundo fala "Feliz Natal"; ou então, "Feliz Ano Novo". Mas porque razão "feliz"? Completando o ano, a morte está chegando mais perto. "Ah, não fale isto sobre o Ano Novo! Ano Novo é uma coisa boa, você está falando em morte? Por favor, fale uma coisa alegre, mais agradável." Então ele disse: "Primeiro morre o avô, em seguida morre o pai e em terceiro lugar morre o filho." "Ah, morre todo mundo?" . "Sim, mas morrendo nesta ordem, avô, pai e filho, está muito bom. Se o filho morrer primeiro do que o pai ou o avô, isto seria uma tristeza". Por isto, os monges para sentirem a impermanência, faziam certos tipos de meditações no cemitério, vendo cadáveres; quando vinham desejos sexuais, iam lá e olhavam. Viam os corpos e os cadáveres.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Na Índia jogavam-se os cadáveres no cemitério, não enterravam, não faziam cremação. Aquela moça bonita morreu, ela ainda pode despertar desejo, mas logo depois, um dia, quando está quente, não leva nem 24 horas, começa a correr líquido, um sangue meio aguado, e começa a inchar e a mudar a cor, vermelho meio roxo, manchas; se morreu acidental-mente com água ou com fogo é mais terrível. Como eu sou monge, já encontrei vários tipos de mortes. Fui várias vezes ao Instituto Médico Legal. É uma coisa terrível. Os corpos ficam nas gavetas, na geladeira. Totalmente nus. E geralmente todo mundo está cortado de cima abaixo e mal costurado. Todos iremos para lá. Não importa se ricos ou pobres. Nem se é inteligente, não importa, tem que passar por lá, tirar todo a roupa e so-mente uma etiqueta no peito. Este corpo cheira, cheira, e passa lá um dia, três dias, uma semana... com mau cheiro. Comendo depois peixe assado, grelhado, a carne não entra mais na boca. É o mesmo cheiro, nós nos lembramos. A carne, coisas inchando e começando a abrir, com bichos; começam a vir moscas, aparece o osso, um cachorro vem e leva um pedaço. Daqui a pouco vem o vento e leva tudo. Neste momento, com o que você está apegado? Este é o outro lado da realidade. Aí vem aquele susto, a questão: "O que é a vida e o que é a morte?". "O que é o amor?". "O que é a eternidade?". "O que é o absoluto?". Estes tipos de perguntas, quando uma vez surgem, não passam mais. Se não resolvemos este sofrimento espiritual, não encontramos a paz. Mas raramente este tipo de questionamento acontece, porque neste mundo há tanta coisa bonita, tanta coisa boa, tanta coisa divertida.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Um viajante encontrou com bichos, uma onça, um tigre, leões, panteras; aí fugiu para dentro de um poço que ele por acaso descobriu. E se segurou ali dentro em um cipó; quando olhou para baixo, havia um outro bicho, uma serpente venenosa, esperando de boca aberta. Desesperado, segurava apenas a corda. E aí apareceram dois ratos, um branco e um preto, e começaram a comer o cipó. Quando acabaram de roer, ele caiu. E lá no fundo do poço encontrou uma flor aberta, que deixava cair néctar; aí ele recebeu o mel com a língua: "Ah, que doce!" E naquele momento o viajante esqueceu todos os perigos. O que é isto? Estes quatro bichos são os pontos cardeais, são os quatro sofrimentos: 1) a vida é sofrimento, 2) o envelhecimento é sofrimento, 3) a doença é um sofrimento, 4) e a morte é um sofrimento. E o cipó, ao qual ele estava agarrado, é o tempo; o dia é o rato branco e a noite é rato negro. Dia e noite. E os outros animais... A flor no poço o que é? A flor é a vida que dá as sensações para satisfazer os desejos: comida, música, estes tipos de desejos de bens materiais, sexo, etc, etc. Os jovens estão procurando alguma coisa, mas não sabem o que. Não sabem onde encontrar. Sexo, suspense. Com estas sensações instantâneas, estão esquecendo certas coisas e, inconscientemente, estão querendo fechar os olhos para outras. Então, cada vez mais estas outras coisas são mais fortes. Com isto eles querem esquecer a realidade. Mas quem despertou não pode esquecer. Naturalmente, sozinho ele começa a se afastar das pessoas e começa a meditar sozinho. Porque dentro dele aconteceu alguma coisa errada. Alguma coisa errada. Com o que realmente se pode contar? Começa a pensar: sobre seu pai, dinheiro, casa, carro, esposa, filho. Para certas pessoas a resposta é positiva: "eu tenho dinheiro, eu tenho casa, eu tenho pai." Mas para alguém mais esclarecido, realmente com que se pode contar? Nem a nós mesmos podemos conduzir livremente. Tudo despende uma força enorme. A isto se chama impermanência. Nós batemos o han, o han é um tambor de madeira, não sei se vocês notaram, primeiro bate-se sete vezes com o mesmo distanciamento entre cada batida, depois carreira rápida, depois bate-se cinco vezes, depois carreira, depois três vezes mais. E assim o nosso tempo é cada vez menor: 7,5,3,1,0. Zero. Zero! Quando é zero é a hora do adeus. Aí se vai embora. Falando desta maneira, as pessoas podem pensar: "O Budismo é tão pessimista! Por isso que eu não gosto. Tem cheiro de morte". Mas não é. Para realmente vivermos neste mundo, pelo menos uma vez ou outra, ou em alguma ocasião, é bom pensar um pouco. Pensamos que temos muito tempo pela frente. Não! Metade já se foi, passou. 2/3 já se passaram. Dentro da história japonesa, dentro da literatura, há uma palavra, goavai, que significa: as coisas lamentáveis deste mundo. Sentindo a impermanência, mais lamentável ainda. É um sentimento. Mas esta filosofia quando chega a ser mais profunda, através dos monges Zen, fica ainda mais acentuada. Como eu expressei, vendo as coisas que vi no limite deste mundo, até onde se pode gozar?</span><br />
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<span style="font-size: large;">Ainda temos um pouco de tempo. Têm perguntas, sobre este assunto?... É por isto, dentro da história do Zen, que os monges abandonam suas famílias. Isto é perigoso. Este pensamento e esta filosofia, são muito perigosas hoje em dia, para os jovens principalmente, que tão facilmente se separam. Antigamente, o Sexto Patriarca cuidava de sua mãe com muito amor e ainda assim abandonou tudo. Difícil de abandonar e abandonou. É isto. Não é como hoje, que as pessoas estão tão pouco ligadas, tão irresponsáveis. Não é neste sentido. Por isto, se for uma pessoa qualquer, então não deve brincar, "ah, eu agora sou monge!". "E agora novamente vou voltar a ser leigo!". "Ah, não deu certo, então eu sou monge novamente". É desta forma que as pessoas estão brincando, quando na verdade isto é uma coisa muito séria. Por isto até agora, os grandes mestres são realmente heróis. Cortaram aquilo que não podia ser cortado. Por isto naturalmente, o treinamento deles dentro do mosteiro é diferente dos demais monges. Porque cobram de si mesmos e dos outros também as situações e as mudanças bruscas. Tem que ser sério mesmo. É assim a teoria que diz que nós devemos dedicar 99% ao treinamento; agora cortando, depois renunciando ao mundo. Amor todo mundo tem, mas este amor é limitado, apenas à sua esposa, apenas ao seu próprio filho; se o filho brigar com o filho do vizinho, em seguida começa a briga dos pais. Falam muito também, especialmente os militares, em amor à pátria, e o que é o amor à pátria? Amar a sua pátria... então começa a guerra, e gritando no campo de batalha, os filhos se vão. Vejam o resultado da Argentina: a guerra das Malvinas. É o amor limitado a si mesmo ou aos vizinhos, pátrias, estados; mas o verdadeiro amor é muito mais, uma coisa universal. Os monges, cortando estes amores particulares, penetram no amor universal ou fraternidade, uma coisa maior, e vivem neste mundo mais amplo. Esta é a missão dos monges. Não é apenas fugir da responsabilidade deste mundo. Vem agora uma outra espécie de responsabilidade de não acabar com este treinamento, a prática incessante de todos os Buddhas e Patriarcas que chegou até nós. Neste caso, isto se chama grande compaixão, já não é mais amor. É grande compaixão. É em cima disto que monges vivem. Se os monges não a tiverem, apenas quiserem ganhar uma iluminação particular, sabedoria, não terão verdadeira compaixão. No fundo, no fundo, há que se ter esta grande compaixão. Neste caso, ela não tem limites de espaço, ocidente ou oriente, sul ou norte, um país ou outro país. Não tem esta diferença de país, distância, de espaço e não tem limite de tempo, passado, presente e futuro. Aquele amor de Jesus Cristo, até agora vive. Quantas pessoas foram salvas com isto? Buddha, Confúcio, Sócrates, estas grandes figuras da humanidade, apareceram, sacrificando as suas vidas particulares e se ofereceram a todos os seres e, com isto, estão numa outra dimensão, num outro nível de pensamento, ajudando fora das coisas do mundo, em outro mundo sagrado. Este é o mundo do Dharma, como nós o chamamos; neste caso, a grande compaixão sem limites cobre tudo, todos os seres humanos, todos os seres viventes, inclusive as plantas. Esta é a filosofia fundamental budista, por isto este trabalho ecológico, com o meio ambiente, voltado para a natureza, no fundo está baseado nesta filosofia; não somente seres humanos, mas o amor, a compaixão, alcança até os bichinhos, até as plantas. Não matar, mas dar a vida pelas coisas, até as coisas materiais, insensíveis, até os bens materiais. Até isto: dar a vida até por estes objetos. Se maltratar, isto quebra, precisa então consertar. Mas se tratar bem, este relógio funciona por anos e anos sem quebrar. Então está se dando a vida, para o gravador, para o cobertor, colchões, esteiras, tapetes, etc, tudo. Não matar, significa dar a vida para as coisas. Então, deste jeito, mudam-se todos os conceitos e muito mais além ainda, mais além. Então, este amor sem limites cobre tudo, passado, presente e futuro e o espaço também, e ainda é incansável. Incansável, significa que es-tamos querendo ajudar e salvar, mas não querem aceitar, porque estão bêbados e estão adormecidos. Queremos ajudar, mas não aceitam, porque estão apegados às coisas do mundo, não escutam, não reconhecem. Não desanime, não pare, vá, vá, mesmo com muito sacrifício e muitas dores, mas não canse, vá, constantemente. As pessoas não têm natureza de Buda? Como salvar este tipo de gente? Não quero abandonar ninguém. Todo mundo tem que ser salvo. É a filosofia do Bodhisattva. Esta filosofia do Bodhisattva é incansável. Corajosa. A qualquer tipo de dificuldade pode-se fazer frente. Sozinho. Esta é a dignidade dos monges. Se não a tiver, é melhor voltar para casa. Morar com sua família, lar, aquela comida quentinha, música, aquele sorriso bonito, é bom. Depois daquela grande negação, vem esta grande aceitação, a constatação de que o mundo é todo maravilhoso. Tudo é maravilhoso. Depois de passar por isto, nós sentimos claramente. Senão, com pouco treinamento, brigando sempre, vamos nos separar. Deixemos de brincar com estas coisas agora. O Shobogenzo, a prática incessante, é para isto, não é para saber de nada mais. Zen, aqueles koans interessantes, isto não é Zen de salão, tomando chá, não, é algo que parece estar abrindo a sua barriga, saindo dos intestinos e andando, arrastando-se a dor. Senão é melhor ficar parado e viver neste mundo. Tomar banho, ir para o cinema.</span><br />
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<span style="font-size: large;">Temos um pouco mais de tempo. Têm perguntas? Não sei se entenderam, perguntem para não haver mal entendidos nesta parte de renúncia ao mundo. Por favor, as senhoras aqui ficam muito preocupadas, não é isto. O Budismo Mahayana é muito amplo com a compreensão de suas famílias. Podem seguir o Caminho, não necessariamente sozinhos. O caminho é muito amplo, muito amplo, pode-se ir com 2, com 3, com um grupo, todos juntos. Mas algumas pessoas, realmente poucas, levaram aquele susto... estes homens não tem jeito, despertam. Se não houver perguntas sobre este assunto muito sério... Desculpe, mas temos que encarar esta seriedade, porque está no texto.</span><br />
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<span style="font-size: large;">https://www.sotozencuritiba.org/Gyoji.php</span><br />
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Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-46592721129532542842018-08-08T15:25:00.000-07:002018-08-08T15:25:15.214-07:00Apresentação do ciclo de palestras do retiro longo<span style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;">Do livro, sendo transcrito, PALESTRAS DE UM MESTRE ZEN NÃO-ZEN E NÃO MESTRE</span><br style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px;" /><span style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;">Por Ryokan Hiroshi</span><br />
<span style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><br /></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Apresentação</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Amigos, irmãos, frati. Eu estou aqui nesse círculo de palestras e retiro longo da ordem para falar sobre vários temas relacionados a dhyana. Primeiro é sobre o próprio dhyana, dhyana escola, dhyana processo, e dhyana estado. Como na visão da nossa escola. Então falar de duas ordens que agora se interpenetram, especialmente nessa ocasião, e parte dos estudos, a ordem dhyana e a ordem O.I.T.O. aqui diante dessa fraternidade. Então, segundo sobre a ordem e a fraternidade que quase todos vocês aqui estando fazem parte.</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Terceiro, também sobre a influência da que se chama matriz, nesse caso especificamente a matriz cultural, seus obstáculos, seus não-obstáculos, suas facilidades e dificuldades e um pouco como aproveitar bem isso. Também sobre os princípios e fundamentos disso, do que é o mundo no que coincide a visão da escola dhyana com a visão da escola da ordem O.I.T.O.. Do que é o mundo e sua origem e seu final e sua finalidade, então qual a relevância disso para os outros que são cristãos, gnósticos, hermetistas, kabalistas, taoistas e yogues, rosacruzes, não só budistas. </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Situando o ensinamento </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">A ordem 8 costuma agora apresentar quatro ou cinco pontos de vista religiosos autênticos, mas eu, e recomendo isso, costumo apresentar nesses sete, porque você não pode dizer que o gnóstico-cristão, o cristão e o gnóstico sejam uma visão, são diferentes, e em cada um [desses tipos] as várias subdivisões também diferentes; também você não pode enquadrar todos os kabalistas como somente herméticos, somente, cristãos, somente gnósticos...</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">O que torna essas vias iguais não é também a visão, mas sim o objeto visado. Embora cada uma tenha uma visão desse mesmo objeto e é o mesmo objeto, queiram ver os teóricos perdidos no espaço, na subjetividade do ponto de vista humano, histórico, cultural, queiram ver ou não, nada altera. O objeto visado é:</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">1. A verdade</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">2. O incondicionado</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">3. O eterno</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Cada linha de pensamento tem uma ideia e um nome de como seja isso: Deus para os cristãos, o Uno para os gnósticos, o Um para os hermetistas (ou Nous), Ein soph para os kabalistas, o Tao dos taoísatas, o Eu para os yogues, o Dharmakaya para os budistas (por isso eu e alguns dividimos em sete grandes religiões "da ordem"). </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Para todos esses o objeto tem esses três elementos, é [1]verdadeiro, é certeza, é verdade, não existe sombra, nenhuma ilusão, nenhum engano nele, então para nós é onisciente. Outros discutem teorias, como se a perfeição pudesse incluir inconsciência, acaso, não intencionalidade, ser levado a; pelo que apresentam as pessoas ficam iludidas e não veem o que não apresentam, essas lacunas, esses absurdos. </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">É [2] incondicionado, não depende de nada, ele mesmo é o princípio de tudo, não é fruto de nada, não é composto, não é surgido, e para nós [da escola dhyana e da ordem O.I.T.O.], só é condicionado a si mesmo, portanto é algo em si, um eu verdadeiro, substancial, imutável e sendo imutável é [3] eterno. É eterno no tempo e antes do tempo e se houver um depois do tempo e no atemporal, estável, constante. Buda fala isso, tanto no cânone theravada como nos outros. Mas no theravada há controvérsia se o Nirvana é eu ou não-eu também. Para nós não há dúvida porque para a escola dhyana é absurdo que Nirvana seja igual à ilusão, igual ao mundo, ou seja, não-eu.</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">No ensinamento do Buda como é Nirvana?</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Portanto budisticamente falando é "substancial", real, eu; é imutável, e é satisfatório, ou seja, o contrário das três características da existência, bem parecido com o que propõe a escola jonang, e a yogachara e a cittamatra (que pensam que é a mesma escola essas duas). </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">É Nirvana, Nirvana só pode ser o oposto do que é a existência condicionada, pois é incondicionado, tudo que vemos é insatisfatório, Nirvana e completamente satisfatório, tudo que vemos é mutável e transitório, Nirvana é eterno, até aí Buda disse com certeza, mas também tudo que vemos é insubstancial, não-eu, e Nirvana é verdadeiro e verdadeiro eu. Só algumas escolas falam que Buda disse isso, outras que só os tantras, ou a forma espiritual de Buda, ou só nas entrelinhas porque não pode ser dito. Não sei. Fato registrado para todas as escolas é que Buda disse que a obsessão pela ideia de não-eu é tão errada quanto a da ideia de eu e conduz ao pior tormento, a vida no mundo sem forma, do qual é muito difícil sair. Você quer ir para o mundo sem forma? Então quem está meditando para atingir o não-eu tenha cuidado, pare, estará se condenando se continuar.</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Por isso o zen fala de eu verdadeiro de achar o nosso verdadeiro eu, porque ele vem de nossa escola dhyana, nós dizemos isso. Dhyana é estar no nosso verdadeiro eu, estar no espírito, uno com Nirvana. Entenda que não existe dualidade na realidade última, então não existe dualidade entre Nirvana e dharmakaya, é uma coisa só, essa é a visão da escola dhyana que é a visão filosófica consciência apenas (cittamatra). </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Veja, consciência apenas, não inconsciente apenas. Essa consciência é onisciente e tudo que podemos ser e fazer é ver que somos parte dela, unos com ela, ela é incompreensível para nós assim como o Ein ou Ain dos kabalistas, como o Tao, como Deus. Não é como os tântricos dizem, não! Primeiro eles vão se tornar super poderosos, primeira ilusão, segundo eles vão se tornar Budas, segunda ilusão e terceiro eles vão diluir e desaparecer no dharmakaya se tornar o próprio dharamakaya, terceira ilusão (O dharmakaya já está completo e perfeito, já tem todos nós que buscamos a verdade, nós precisamos aprender [a] ver isso em vez de estar discutindo o que Buda disse). Você se identificar com uma coisa é se ligar a ela não se transformar nela, muitos no mundo estariam transformados em carros... ou cargos... [ri da piada e do trocadilho] </span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Nós somos budas é agora, não é amanhã, nunca é amanhã, só precisamos ver isso. Mas não quer dizer um Buda Shakyamuni, quer dizer um buda, o buda você mesmo. Nós somos budas e nós não somos budas, simultaneamente. Na ilusão não somos, mas é só ilusão, na realidade, e só é de fato a realidade, já somos. É o paradigma da simultaneidade proposto aqui pela ordem nossa, de vocês, sim. Mas não estou dizendo como os vajrayanas que todos já somos ou inevitavelmente seremos. Não. Quem disse isso? Muitos perdidos na roda do samsara, muitos no inferno, muitos rodando... não sei para onde vão. Eu sei para onde vai quem busca uma direção, ele vai nessa direção. A personalidade morre, nosso negócio é agora.</span></span><br />
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span>
<span style="color: #4e2800; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: medium;"><span style="background-color: white;">Essa é a ideia de nossa escola e veja porque se encaixa bem com a ideia da escola [da ordem]. Existem teses, inclusive de pessoas aqui presentes sobre isso. Agora vejamos isso na visão geral da ordem... Será nossa próxima aula?</span></span><br />
<div>
<br /></div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-27050520614884987432018-06-06T14:09:00.001-07:002018-06-06T14:09:23.871-07:00UM DISCURSO INSPIRADOR<br />
<span style="font-size: large;">De Ryokan Hiroshi</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Um dos temas que fui mais chamado para apresentar foi sobre como conciliar a meditação no mundo conturbado de hoje. Eu recuso muitas vezes esse tema. Porque esse tema não existe, é totalmente falso, como se diz... falacioso.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Que mundo conturbado? Você tem tudo em suas mãos, você tem tempo. Você abre a torneira e sai água. A um século atrás não era tão fácil. Quando você lê a vida nos mosteiros, tinha que buscar água longe ou cavar um poço, se tivesse água ali. Cavalos, bois e carroças são lentos, hoje tem carro, ônibus, bicicleta, avião. Pense nas cidades na idade média, a dificuldade de se ter os nutrientes. Pense na ilha [(Japão)] depois da bomba. Ou antes também, tudo dependia do mar, dos peixes, das baleias, pouco nutriente na agricultura. Pense na China ou Vietnã quando quase tudo era apenas plantação de arroz, e os quilômetros de caminhada atravessando aqueles charcos para ouvir um monge, muitas vezes ignorante, mas era um tesouro raro, hoje você a internet, tudo na mão. </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Reflita sobre isso cada vez que lavar as mãos. Como isso foi difícil por milênios. Tudo era mais trabalhoso, levava muito mais tempo. Quando você lê a Torah, imagine aquelas pessoas ali no deserto, tinham que procurar um oásis, uma terra fértil, ter gado, não tinha caça, não tinha madeira, não tinha chuva! E tinha uma lei que mandava lavar as mãos antes das refeições. Sim precisava uma lei, porque era difícil, e imagine se todo mundo, que comia com a mão, não lavasse e um ficava doente, e lavava a mão ali na bacia, outro pegava, e outro. Hoje: torneira, detergente, álcool gel. O povo de hoje é muito mole, muito vítima, muito desejo.</span><br />
<br />
<span style="font-size: large;">Onde está o mundo conturbado? </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Onde está o mundo conturbado? Eu digo, na mente, a mente nunca está satisfeita, está sempre inventando problemas, sempre vendo problemas. Quando você pára e faz cinco minutos de "meditação andando" você vê que está em paz, que nenhum daqueles problemas que pensava ter está presente ali, naquele momento. Por isso entendo que as pessoas peçam que eu ensine a meditar no mundo conturbado. Por isso estou falando aqui tanto desse tema da cultura, pois vocês foram capturados por ela na teia, e colocaram a lente dela nos seus olhos, e convenceram que você está sendo injustiçado e que tem lutar para conseguir, lutar, lutar e lutar. E dhyana é o contrário disso. "Eu larguei o fardo"...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Quando Buda diz isso é no momento que descreve a iluminação. Mas você não quer entender a linguagem. Você só quer enquadrar nessa linguagem que você é condicionado. Quando Buda diz isso ele está dizendo que a primeira coisa que precisa fazer é largar o fardo. Se não não entra no caminho. Porque se não não entra em Nirvana. Quer entrar em Nirvana hoje mesmo? Largue o fardo! </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Isso é para ser feito agora, para entrar na iluminação, pisar o pé dentro do clarão.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">"Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé". Quando Paulo diz isso está no fim da caminhada. Mas de novo a linguagem. Entenda, foi aí que ele entendeu (?). Combati, passado, ele esteve combatendo o mal nele, não lutando com os outros, não lutando para obter seus direitos, seus bens, seu sucesso. Acabei a carreira, ele acabou para você, para que você veja, você tem que acabar a carreira hoje, não deixar para amanhã, porque se não o que você quer não faz, e faz aquilo que não quer, exatamente como Paulo no início, a luta boa só é uma, o bom combate, outros são maus, e o bom combate é o de dentro, da purificação (a palavra que incomoda). </span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Guardei a fé. Largou o resto, largou o fardo, guardou a fé. A fé é tão importante, e mais importante, que qualquer pouquinho dela faz grandes coisas para a eternidade. No sutra do Lótus está escrito que se mesmo uma criança brincando de ter fé, despertar por um instante a fé em Buda ela atingirá a iluminação. O que é isso? É o poder da fé. É o que ela faz em você. O que desperta. Significa que se por um momento você quer a transcendência da ilusão, e você crê que existe, que há um desperto, eterno, um despertar, um não sofrer, um confiável e certo... um dia você o alcançará. Mas nem por isso negligencie o necessário, não estou dizendo isso. Mas que mundo conturbado depende totalmente de sua mentalidade isso é um fato. É você, a multidão de pensamentos, sentimentos e reações que criam o mundo conturbado que não existe.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu não ensino meditação</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Primeiro que mundo conturbado de hoje não existe para você que vem até um professor e senta numa cadeira ou almofada no ar condicionado, que vem com seu carro ou de ônibus ou bicicleta, que lavou as mãos antes de comer, que mora numa casa e consome os nutrientes necessários pro seu dia (também nada garante, você pode ser rico e ter uma doença mortal, tem gente agora só esperando a morte, nesse momento...). Aqui você não está na Síria, no Paquistão, na faixa de Gaza, nem em nenhuma país árabe, nem em nenhum país destruído em guerra, nem sob proibições de onde ir, o que pensar, o que ler e o que aprender como já foi e ainda é em muitos lugares.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Segundo, que eu não ensino meditação. As pessoas estranham que no zen é tudo diferente do resto do budismo. Principalmente quando se conhece o budismo porque ainda tem a linguagem, os termos.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Enquanto outras escolas estão obcecadas com o não-eu o zen fala de verdadeiro eu, o zen fala de Deus, de auto conhecimento, de auto observação de si mesmo e ao mesmo tempo diz "que si mesmo?". O zen é cheio de paradoxos. Eu posso explicar um a um desses depois, mas o maior aparente paradoxo do zen é que não ensina meditação. Sim, tudo isso do zen está na sua origem, dhyana. O zen diz que meditar é pensar, refletir, e até se deixar inspirar por. Fomos nós que dissemos isso.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Dhyana não é pensar nem não pensar, nem parar de pensar, nem suspender o processo do pensamento. Dhyana é estar na posição certa. Que o zen foi muito inteligente em desenvolver isso mais um pouco criando a posição de zazen como símbolo, materialização, no corpo também de uma posição certa. Mas a posição certa principal é na mente. Você desloca do agente para o observador.</span><br />
<span style="font-size: large;">Você desloca o agente, mente, para o passivo, consciência.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Significa que você não se identifica com a mente mas com o espírito, a consciência que testemunha como dizem os upanishads. Entrar em dhyana, perdoem a expressão, não é a mente estar atenta observando a própria mente, deixe isso para os psicólogos ou ocultistas. Entrar em dhyana é estar consciente da mente, na consciência, consciente da consciência como diz o theravada, ou seja, da consciência e dos processos que acontecem nela como eles são, isto é, como processos da mente que se nos apresentam à nós, à consciência. Pare de viver na mente.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Quando você senta apenas se dedica um pouco mais a isso, você não senta para meditar, você senta para aquietar tudo, corpo e mente, e poder ver melhor. Não é um ritual religioso, é um procedimento científico, se é que se pode chamar... porque é um método de ficar ciente, de observar e ficar ciente da situação, do que é.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Praticando estar na consciência é tudo, toda a prática. Quando perguntaram a Buda o que os monges praticavam ele respondeu que comiam, cozinhavam, defecavam, sentavam ,levantavam. "Mas isso qualquer um faz!", exclamaram, "qual é a diferença?" A diferença é que ele está consciente que come quando está comendo, consciente que está cozinhando quando cozinha, consciente que está defecando...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Poslúdio</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Não entendemos porque mudaram o ensinamento do Buda para outros. O ensinamento é esse. A nova posição de vida é ver que você é consciência, não mente, não corpo, não matéria. Você é espírito, como dizem aqui. O tempo todo. Permanecer assim. E o que é dhyana? São as várias gradações de permanecer nesse estado consciente, até a última que é Nirvana, onde você vê que tudo é consciência e está livre de todas as impurezas e obstáculos e sofrimento. Nisso difere nossa visão da zen.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Eu sei que vocês estão querendo ouvir a palavra satori, e o que ela significa, mas não é uma boa didática agora. Isso mistura idéias de outra escola. No zen há essa mistura. No dhyana não. satori é outra coisa para nós. Quando estiver falando dessas outras coisas falarei de satori.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Portanto, não force a mente a permanecer consciente, a mente tem que aquietar, deixe-a... Você já está consciente agora, tudo que tem que fazer é estar consciente disso, atento, consciente. consciente que está consciente, consciente da consciência, isto é, do que está acontecendo, seja qualquer coisa, como consciência, seja sensação, lembrança, pesamento, sentimento. Quando está assim já é igual a Buda. A diferença está nas gradações do alcance do conhecimento, é algo totalmente diferente, que a maioria não considera, e das sensações, e dos sentimentos. Isso é nosso próximo tema.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Não é bom dizer assim, nas eu já disse certo, aqui uma variação, para quem não entendeu a primeira forma de dizer que usei. As pessoas estão esperando ver outro mundo, diferente, bonito e colorido, acham que ver as coisas como elas são são é ver algo mais em suas próprias mentes... Não, é ver as coisas, essas coisas mesmo inclusive, se você não vê essas coisas como vai ver outro mundo? Não é ilusão, e é ilusão, se você não vê com a consciência é ilusão, é reprodução mental, com sabor, com gosto, com sentimento, tudo que não tem na coisa. Estão procurando outro mundo, mas essas são suas sensações, seu mundo, não tem como sair dele agora, descanse, não vá enlouquecer, isso é desejo por mais, acalme que já tem muito, "menos é mais". Precisa tirar. Essa agitação, é mental...</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Mundo conturbado geralmente é a mesmo a desculpa "não tenho tempo". Meditar é a mesma desculpa "estou cansado". Agora essa desculpas não tem mais lugar. Agora não tem desculpa.</span><br />
<div>
<br /></div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-47337323500525617862018-05-31T08:28:00.001-07:002018-05-31T08:28:17.236-07:00DHYANA NA CULTURA JUDAICO-CRISTÃ - parte 2<br />
Por Ryokan Hiroshi<br />
<br />
[Esse não foi o título original, não houve título, foi apenas uma continuação da palestra anterior. Os títulos e subtítulos foram colocados por este editor e tradutor]<br />
<br />
<h3>
E na nossa cultura contemporânea?</h3>
<br />
A dificuldade de muitos é justamente o aqui agora, ou seja, o meio, o lugar, a contemporaneidade e a cultura. Olhe, você, a partir de agora, não tem que se preocupar com nada disso. Começou a libertação.<br />
<br />
Na verdadeira cultura judaico-cristã, por exemplo, Jesus ensinou a mesma coisa. Então agora vemos que ninguém prestou muita atenção nisso. Jesus insistiu na vigilância constante, Paulo insistiu na importância disso. Não temos problema algum com o ensinamento de Jesus, que sendo desperto completamente deu o ensinamento para quem o aceite e então cumpra isso (não desconsiderando os outros aspectos de seu ensinamento, é claro). Não existe o obstáculo que estão vendo, qualquer cultura, qualquer atividade, qualquer estado de consciência humano normal, comum, pode cultivar atenção e consciência, e pode, cultivar dhyana.<br />
<br />
Muita gente tem problemas por estar praticando errado ou ensinando errado ou ouviu alguém ensinando errado. Uma coisa centrada no "eu estou observando" ou pior "eu estou no controle", sem comentários, muito ruim, muito ruim. Muito relaxado também é problema. Evocando a consciência biológica também é ruim. Atiçando o ego, ou a si mesmo, isso é o instinto de sobrevivência, que vai causar aflição, ansiedade, tensão, se fosse assim poderiam fazer ativando a consciência com alguma droga ou cafeína ou chá por exemplo [(chá verde)]. Restringindo só ao aqui agora também é errado... Tem muito mais jeitos errados do que certos.<br />
<br />
<h3>
A influência da cultura, das opiniões e das tradições sobre a prática</h3>
<br />
A cultura de outros elementos completamente fora de qualquer religião, mas tidos como religião é que é um problema. Vou falar o tema da cultura aqui. Veja que no budismo é muito pior para se determinar o que é budismo e em que se fundamenta. Nós temos uma posição, mas existem muitas outras. No cristianismo existem dois lados bem distintos. Num temos a tradição como fundamento, assim, católicos, ortodoxos e a maioria das igrejas do oriente que no geral dizem que a religião é determinada pelo que diz a tradição, a igreja, seus representantes maiores; no outro lado temos conservadores, protestantes, batistas e evangélicos em geral que fundamentam a religião nas escrituras. Uns nem gostam da palavra religião, mas chamam de outras coisas como evangelho, boa nova, palavra de Deus. Eles não gostam de ser chamados de religiosos.<br />
<br />
No budismo já foi assim também. Mas isso se perdeu. Hoje tem budistas brigando pelo direito de dizer que budismo é uma religião, não uma filosofia, não uma psicologia, etc. (eles devem ter muita raiva de nós). Alguns budistas falam que Buda não ensinou budismo, mas simplesmente o dharma, o ensinamento. Uns vão mais longe e dizem que budismo é uma invenção dos seguidores. A primeira visão é certa sem dúvida, a segunda vai depender do modo como a pessoa encare o ensinamento e de que lado está (se é praticante ou não do dharma ou parte dele).<br />
<br />
Mas qual é a dificuldade que é maior no budismo? Ninguém define em que se fundamenta essa "religião", uns dizem que é na tradição, a grande maioria; outros dizem que é nos suttas e na tradição oral; outros que é só nos sutras; outros que é nos sutras e na tradição; outros que é só em certos sutras, ou numa certa coleção de sutras, ou só no Sutra do Lótus; outros que é só na tradição oral via linhagem, outros dizem que é na tradição oral, mas que tal linhagem não existe e não é necessária; outros que é a realização de seus mestres ou patriarcas, suas experiências ou o que é passado delas numa linhagem ininterrupta; outros dizem que os sutras até são importante, mas os tantras são os ensinamentos superiores; outros que só o que foi passado oralmente entre altos iniciados é o que determina; outros falam em giros da roda e que só o terceiro giro é o que o budismo é de fato, etc. etc.. Veja que são muitas visões diferentes para nossas cabecinhas ocidentais. É complicado demais.<br />
<br />
Mas não era assim. Lá no Japão temos algumas escolas que abraçam algumas dessas visões, mas hoje existe a tendência de receber de alguém toda uma educação e então fundar sua própria escola; e outra que já existia que está forte agora de tentar restaurar um budismo puro, inicial, ou de algum ponto da história onde se considerou puro. E existem pessoas como nós, que depois de aprendizado longo numa escola ou de passar por várias escolas considera que nada disso existia antes, mas o simples "ide" do Buda. Às vezes a pessoa tinha passado relativamente bem pouco tempo recebendo ensinamento e Buda já os enviava, ou para a floresta, ou para ensinar. Isto aconteceu. Não existe nada errado em nenhuma dessas posições porque todos tem essa liberdade, mas é errado dizer que os outros estão errados, pois no tempo do Buda não existiam essas coisas.<br />
<br />
Então vejam o quanto a questão cultura e rótulos é prejudicial. Muitas escolas seccionaram o ensinamento e definiram arbitrariamente o que era ou não palavras atribuídas a Buda e quais eram os ensinamentos. Então cultura, meus amigos do dharma, é uma criação que vai se tornando quase autônoma e engolindo seus expoentes. É algo muito prejudicial crer em algo assim, "defendemos nossa cultura, nossas raízes", porque o importante é que defendamos a verdade e se não sabemos vamos procurar, não porque alguma coisa é linda ou foi transmitido por nossos ancestrais. Eu sei bem como é isso, e isso dá base a qualquer coisa, qualquer coisa que se diga tradição, que passou por uma linhagem secreta ou que foi preservada numa caverna. Nada disso é selo de verdade, nem antiguidade, nem tradição, nem número de pessoas, nem estética, nada, nada disso atesta nada.<br />
<br />
É muito prejudicial existirem tantos rituais que não geram uma experiência sequer de dhyana, nem um lapso, ou que a pessoa sente por anos e não atinja nada. Está cometendo um erro. Está fazendo como Bodhidharma antes de se libertar desse fardo cultural e da tradição. Sentar horas em meditação numa atitude mental errada é apenas prejudicial e perda de tempo. Treinou o erro. Depois falaremos maneiras boas de fazer isso da maneira produtiva. Mas o mais importante é fazer isso que falei nos outros momentos. É o cotidiano, não são as viagens e encontros e retiros, tudo isso é distração, pouco proveito se auto impressionar atoa. O importante é a atitude diante de tudo. Você está consciente aqui agora? Você está comigo?<br />
<br />
<h3>
Você quer mesmo saber a verdade?</h3>
<br />
Assim veja que não existe uma cultura dhyana, mas uma cultura dhyana é praticamente tudo que há em comum e verdadeiro ou que restou em todas as escolas que podem ser ditas budistas. Porque nem as quatro nobres verdades são um consenso mais. Algumas escolas falam que isso foi só para os discípulos iniciais ou os menos capazes. Outras dizem que a base é só o caminho óctuplo; outros que só os paramitas... Só sobrou dhyana. Será mesmo? Alguma escolas centram em preces, recitações, mantras, invocações e já dispensaram a prática direta para chegar em dhyana. Então não é uma certeza que restou. Elas buscam dhyana por outros artifícios e são tantos artifícios que já esqueceram o que estão procurando. Talvez fosse melhor mudarem de ramo, trabalharem com folclore e turismo, não digo isso como ofensa, digo isso como para vocês e outros um aviso. Digo aqui entre nós.<br />
<br />
Mas se chegar até eles que seja para um bem, um lembrete que fica mais bem gravado se for assim espinhoso, para que lembrem do que realmente estão buscando e se estão mesmo fazendo isso ou querendo ter uma vida prazerosa e divertida cheia de exotismo, escorado no que deveria ser uma terapia justamente para nos mostrar as ilusões dessa coisas, dos ritualismos, das asceses, da dependência de mestres, títulos, crenças supersticiosas, iniciações místicas e autorizações. Ou por outro lado fuga, indiferença, irresponsabilidade, ou acensão profissional, careira, sucesso, dinheiro, sim tem gente que usa o budismo dessa forma, para ajudar nessas coisas.<br />
<br />
Quero que reflitam todos isso pessoalmente. Porque muitos se fascinaram com a ideia do ocidente de religião e pensaram "nós temos que fazer o mesmo" e esqueceram seu objetivo. Eu pergunto se pessoalmente não estamos fazendo o mesmo ao contrário, fascinados com as coisas do oriente, escolhendo essa prática por sua estética, pela cultura oriental, ou para relaxar, ou esquecer dos problemas. Grande obstáculo. Se for por razões desse tipo temos um grande obstáculo. karma ruim. Deveríamos adicionar esse caminho em nossa vida se visamos nos libertar de ilusões, medos, incertezas ou simplesmente por razão nenhuma, seria muito melhor do que os outros daquele tipo "cultural". Deveríamos escolher esse caminho para vermos alguma verdade. Você quer mesmo saber da verdade?<br />
<br />
E dhyana tem a ver com isso, é isso, é uma visão, da verdade.<br />
<br />
<h3>
A posição da nossa escola</h3>
<br />
Qual é a posição da escola dhyana? É nenhuma das anteriores, nenhuma dessas apresentadas e um pouco de cada uma. Dhyana é uma espécie de restauracionismo (eu já sei que "restauracionismo" aqui significa outra coisa em matéria de religião, mas eu digo no sentido da palavra) que remete à tradição oral principalmente, até negando em alguns casos a autenticidade de muitas escrituras, inclusive sua necessidade, sua datação (mas o conteúdo é bem mais importante que a datação, e provavelmente anterior à escritura, em sua forma oral). Ela parece depender da realização ou da experiência de "mestres", mas não é o caso. Definitivamente.<br />
<br />
Ela depende de ter de fato aprendido a praticar chegando a resultados, a ensinar e a ter em mente os princípios, depois do estudo e experiência por um tempo razoável, como sete, oito anos.<br />
<br />
Ela só depende do ide de Buda. Buda mandou seus discípulos ensinarem, não apenas os arhats, não apenas os bodhisatvas, não apenas os budas, não apenas os monges, mas todos os discípulos que receberam de fato seu ensinamento. Assim independe totalmente da tradição, linhagem, escrituras, realizações, cargos, qualquer um que aprendeu a essência do dhyana, na teoria e na prática deve ensinar.<br />
<br />
E nós ensinamos isso, o ensinamento, o dharma, não uma religião, não uma tradição, não é uma linhagem, não são livros sagrados... Nós ensinamos dhyana depois de termos dedicado pelo menos cinco anos de vida ao estudo e prática diária e de instante a instante. Dez anos é um bom tempo.<br />
<br />
Hoje gostam de dizer mestres, professores e até gurus. Você já viu alguém dizer "mestre Bodhidharama"? Os nomes ajudam, mas também atrapalham.<br />
<br />
A escola dhyana histórica teve suas características que tentamos preservar na vida cotidiana de pessoas comuns. Hoje conserva o fundamento e a prática que o comprova. Nós que derivamos da escola dhyana histórica e do que foi preservado por outras escolas como zen, tendai, theravada... Para nós o fundamento, que foi passado junto com outros elementos pela tradição oral, que foi registrado embora não com estrita exatidão e pureza em sutras. É o que se enconta em escrituras inclusive, e alguns tratados registram também elementos e análise desse dharma.<br />
<br />
Não é perfeito, não é satisfatório, não é como num conto fabuloso, mas é o que temos. Temos que ser verdadeiros e realistas. É o que restou da corrupção das eras previstas pelo Buda (Na qual estaríamos agora vivendo o terceiro período, da sombra do dharma, ou como alguns mais "otimistas" dizem, o segundo, do reflexo do dharma).<br />
<br />
Esses são o dhyana. [(Esses elementos)]. O caminho, os paramistas, as características da existência, os três fundamentos dana, sila, bhavana, o caminho óctuplo, entre outros e finalmente o incondicionado. E isto, estes são os mais importantes, são os fundamentos da escola dhyana, e dhyana é também o fundamento de toda ela.<br />
<br />
<h3>
PERGUNTAS</h3>
<br />
P. É intrigante essa visão de não religião e de terapia. Isto está em conformidade com a época do Buda, era assim, já que você tenta resgatar um budismo primitivo?<br />
<br />
R.Não sabemos. Não totalmente. Mas nem há como saber também. Não estamos dizendo que isto é tudo ou que era assim antes. Essa é nossa visão. Não conhecemos poderes de voltar no tempo e ver como foi. Não damos garantias douradas como muitas escolas. Mais pé no chão como diz. A base é que falamos do que parece ser certo e garantido, outras coisas, se tiver dúvida, preferimos ver sem dar certezas que não temos ou como costume, como tradição, adição, erro de tradução, etc.. Mas o que é certo é o que vemos e temos experimentado. Então não é uma promessas de uma libertação futura ou de um Nirvana longínquo e difícil de ser alcançado, mas de uma libertação dia a dia, de um Nirvana cotidiano onde vamos penetrando e nos familiarizando cada vez mais com ele. É isso que importa, não teorias e certezas sobre o passado.<br />
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P. Você falou em Jesus e que ele ensinou isso. Jesus é um buda?<br />
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R. Sim.<br />
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P. Então Jesus não ensinou outra religião, bem diferente do budismo?<br />
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R. Deixe continuar a primeira pergunta sua que vai clarear. Na nossa visão Jesus é um buda, porque buda é desperto, Jesus é desperto, Jesus viveu desperto. Mas isso pode não ser muito simpático para cristão. Então é delicado. Tem que ser sensível se deve dizer isso.<br />
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Respondendo a segunda pergunta a primeira clareia. Primeiro buda não ensinou uma religião. Porque ele não explicou que ou se nós saímos de Nirvana, e então devemos RE-tornar para lá. Ele não explica hora nenhuma a origem de nossa consciência, só dessa consciência limitada e condicionada que vem com o que se chama doze elos. Só diz que existe um anterior consciente. Segundo eu não sei se Jesus ensinou uma religião. O caso é diferente. Buda ensina uma terapia, para agora. Jesus fez algo para proporcionar a salvação da vida eterna, ele não disse "deixe de ser judeu e seja cristão". Nirvana é eterno? É, o fim do sofrimento é eterno. Talvez seja a mesma coisa no final. Mas não é esse o ponto. O meu ponto é que Buda ensina uma prática em que você pode conseguir algo ou não, um fruto completo ou não. Que não acho possível hoje esse fruto completo. Jesus ensina um caminho que você pode conseguir ou não, um fruto que você pode ter completo ou não. Mas ele é quem salva, ele é quem faz o trabalho. É diferente. Buda como um pai que conduz. Jesus é o pai que ele mesmo leva os filhos. Buda não salva, Jesus salva. Buda ensina exercícios, Jesus não ensina exercícios. Você pode complementar em sua mente um com o outro, mas não podemos fazer uma leitura assim de um pela visão do outro sem arriscar a estar errando ou até ofendendo.<br />
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P. Perdão, eu não entendi. É muito estranho tudo isso. Como assim? Vocês creem que Jesus seja salvador?<br />
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R. Sim. Tentarei por de forma simples, já que estou tratando de uma terapia universal dentro da chamada cultura cristã. Não existem judeus messiânicos? Eles aceitam Jesus como salvador, mas mantêm seus costumes judaicos, sua higiene mental, etc.. Aqui nessa ordem, por exemplo, existem pessoas que são budistas cristãos. Eles aceitam Jesus e a bíblia, mas mantêm seus costumes e práticas budistas. Também existe muito mais o contrário, Cristãos que se utilizam de práticas budistas, de sua higiene mental, etc.. É simples.<br />
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Não é por você sentar num café, no Café Mestiço, na Avenida Paulista, todo dia, que você vai virar um paulista. Vão falar com você e ouvir seu sotaque nordestino. O que estou dizendo é que nem Jesus nem Buda nunca disseram "rapaz, você tem que mudar de religião". Buda ensinou práticas para atingir certas coisas, Jesus veio salvar todos que o aceitam como senhor e salvador e se arrependem do caminho do pecado. Ambos ensinam o arrependimento como meio, por exemplo. Mas Jesus veio pagar nossas dívidas impagáveis e Buda nos ensinar a se libertar do sofrimento. É bem diferente. Não podemos dizer que os dois ensinam a mesma coisa embora hajam pontos em comum. Mas assim como os judeus viviam sob uma lei, Buda também ensinou uma lei e as pessoas viviam sob essa lei (a qual ele dispensou no dia de sua morte). Nós também não nos intrometemos nas religiões de outros para mostrar como são segundo a nossa visão. Mas podemos até conversar dentro de limites como estamos falando agora. O fato sobre dhyana é os dois ensinaram, aí tudo bem. Mas talvez Jesus tenha ensinado um dhyana para a vida cotidiana, centrada, na lembrança dele e de seu ensinamento até a morte e ir para o céu então lá sim você será despertado e glorificado. Enquanto que se você quer ver as coisas como realmente são antes de morrer o dhyana de Buda pode ajudar para isso.<br />
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P. Parece muito frio. Só isso?<br />
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R. Dizem que os de origem lá da ilha do extremo oriente são frios (rizadas). Mas brasileiros tem sangue quente. Talvez a cultura tenha fantasiado e colorido demais, esse é o problema. As viagens nova era, místicos, espíritas, ocultistas, talvez exageraram um pouco, um pouquinho. Criando abismos entre o que estava mais próximo e plano. Perguntas sobre o tema?<br />
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P. Eu não entendi a relação consciência-apenas com um salvador, como Amida no budismo shin ou terra-pura, no caso aqui Jesus. Você poderia explicar melhor?<br />
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R. Claro. É muito simples. Estamos diante de duas doutrinas em que seus membros dizem "somos todos um". A diferença é que aqui no ocidente quando se diz todos se refere a todo mundo. No oriente geralmente se refere aos da mesma filosofia, no cristianismo se refere aos crentes, pois eles têm que aceitar o sacrifício de Jesus para ser um com Jesus, certo? Então como você pode me dizer que um não pode se sacrificar pelo outro? Como você pode me falar de pagar karma individual se na realidade somos todos um? Quando saímos dessa ilusão, estamos livres do Karma. Então a explicação é essa, na realidade temos uma só mente, falta você reconhecer isso. Cittamatra, consciência apenas é geralmente traduzida aqui como mente única, que também é tradução correta. Então todos temos dívidas impagáveis certo? Mas vem um que não tem dívida alguma e paga nossa dívida. O que acontece? A dívida foi paga. É pena que alguns não aceitem e queiram devolver o sacrifício, "oh, eu não preciso dele, pagarei minha dívida eu mesmo ao longo de vidas e vidas". Isto é escolha.<br />
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Assim é a salvação de Jesus. Amida é um modelo disso, mas sendo que se tornou, e fez um paraíso onde você vai aprender e ser liberto depois, o que Buda disse com a história de Amida no passado foi o que está acontecendo hoje: seu karma, sua dívida é impagável, você precisa de um salvador. Ora, sua mente é minha mente, a dívida foi paga quanto mais cedo eu aceitar isso, mais cedo esse pagamento vem para minha mente, eu sofro com Jesus, eu morro com ele, eu ressuscito com ele, sua memória é a minha memória, sua mente é a minha mente, sua consciência é a minha consciência, estou salvo... deu para entender?<br />
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P. Sim. Esplêndido! Muito obrigada.<br />
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P. Você falou de barreira cultural e de superar. Acredita que é possível para todos superar barreiras culturais e entender ou aceitar tudo isso?<br />
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R. Sim e sim. Eu vim hoje falar justamente que a barreira cultural não existe, é uma ilusão. Foram as pessoas iludidas que criaram mais e mais "barreiras culturais", como rituais paramentados e caros que duram horas a fio e você não vê nenhum buda sair no final, a pessoa não despertou nenhum pouquinho, está é cansada e sonolenta, esgotada. Tirando essas coisas fora, essas capas, não existe barreira cultural, a instrução é simples, o entendimento é simples. Mas atingir a real compreensão e vivência pode levar tempo. Acabo de mostrar esses dias que não existe [conta nos dedos], 1) a cultura que se atribui existir nesse país, (2) que a que existe, ela não é uma barreira, (3) que não existe incompatibilidade entre cristianismo e dhyana, (4) que tudo é questão de linguagem e consciência, (5) que a prática de dhyana quebra a barreira da linguagem, se ela existir.<br />
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Vocês menosprezam a capacidade de suas mentes mente porque desconhecem, é tudo questão de uso e desuso, tudo questão de exercício. Suas mentes tem uma capacidade enorme inexplorada e pouco usada. A consciência é infinita, mas as pessoas estão sempre limitando ela com um conhecimentozinho, um entendimentozinho, um ... né? Não, isso é auto identificação com uma parte muito pequena da mente. Amor a características, aparências; apego, à ilusão do eu e de sua auto preservação. A preocupação constante em perdê-lo. A barreira cultural não existe para nenhum dos ensinamentos que citei aqui. Mas para superar qualquer aparente barreira cultural só temos que superar a barrira da linguagem. Isso se supera pelo estudo por um lado e por dhyana por outro, porque dhyana você olha antes do nome, na realidade das coisas na consciência. Nomes e títulos podem ser barreiras. Aqui está a cura para essa limitação, dhyana.<br />
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P. O senhor fala de uma visão, epistemologicamente falando, sobre uma certeza, de conhecer uma realidade como realmente as coisas são e fala de uma realidade condicionada que se manifesta num fluxo de consciência que nega ser uma visão solipsista. Poderia esclarecer mais sobre este tipo de conhecimento ou conhecimento e o que nos garante ou dá essa certeza que essa realidade que vemos e acreditamos ser real é distorcida, e que essa outra que veremos é que é real, em suma, o que nos dá essa certeza, de que esse conhecimento é seguro?<br />
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R. Boa pergunta. Ótima. Queria poder responder assim com esse resumo final que perguntou "o que nos da essa certeza?". Começarei por ela, mas as outras são perguntas diferentes concorda? Bem se você for criterioso, nada [nos dá essa certeza]. Nada pode proporcionar certeza. Buda fala de convicção. Essa convicção é dada pela relação experiência-ensinamento, o que é só um ou outro não dá certeza, só quando formos todos budas. Convicção aqui é uma sensação que temos na experiência mais uma convicção no ensinamento, ou seja, por um lado é questão de fé, de confiança n que foi ensinado. Mas isto é um assunto logo e não tem tanta importância para sua questão. Como falei no início a primeira coisa que temos que ver é que estamos imersos, influenciados por uma cultura e que essa cultura é que nos dá uma noção do que é a realidade. Mas essa noção pode estar completamente errada, como mostrei, até a noção de que cultura é a que estamos imersos está errada, é um auto-engano, uma ilusão.<br />
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As pessoas não tentam seguir os mandamentos ou o que a bíblia diz, quase todos falam palavrões, contam mentirinhas e até cometem pequenos delitos de vez em quando, e aprecia a maioria dos elementos dessa cultura que são em sua enorme maioria contrários aos princípios judaicos e cristãos e acreditam que vivem numa cultura judaico-cristã, alguns até se dizem oprimidos pela cultura judaico cristã. Temos que perguntar em que mundo esta pessoa está vivendo ou qual o problema mental que ela está tendo, claro que indiretamente e de forma bem delicada, pois precisam de ajuda. Opressão cultural era o que acontecia no período feudal por exemplo, seja na Europa antes, ou no Japão, ou no quase recente Tibet.<br />
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Pois bem, isso faz parecer que cada um vive em seu mundo particular e compartilha boa parte desse com outros que pensam de modo semelhante. Veja que até aqui é linguagem e visão. Como você vê e como você expressa o que lhe parece. Mas suponha que você confiou no ensinamento de Buda ao ponto de experimentá-lo apenas em certa medida, para ver. Como vai avaliar?<br />
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Sua avaliação será dentro de parâmetros. Buda já dá os parâmetros que ele apresenta como os corretos, que você confia porque ele é Buda e vivenciou o que diz. Então essa duas análises casadas vão moldando uma nova visão. Essa visão tem elementos religiosos, por precisar da confiança, mas é com fim terapêutico, Buda vem trazer um remédio, para um problema mental em que todos estão doentes. Quando você faz da medicina uma religião começa a ter problemas, foi isso que aconteceu na história. E não é nem uma coisa só nem outra. Não é uma verdade assim porque sim, porque Buda disse, nem é uma certeza completa e cientificamente comprovada como outros pintam. É um conhecimento com uma certa segurança, mas não é uma pura crença, nem uma total comprovação irrefutável. É um remédio.<br />
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Vamos pular tudo e dizer que você agora já é experiente. O que garante que o que estrá vendo ou experimentando seja real, ou não sejam outras ilusões como as que tinha antes ou alucinações? Até certo ponto, é apenas a relação fé-experiência, ou seja, a confiança no Buda e a convicção dada pela experiência, uma só dessas pode levar a caminhos errados.<br />
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Vamos pular de novo e dizer que você já está bem avançado. Ainda haverá esses mesmos componentes, mas em número e diversidade maiores. É isso que dá a certeza mais e mais. Mas ainda é dependente, condicionada. Só quando atingir e permanecer em dhyana muda a categoria de conhecimento. Você vai ver conhecimento e conhecedor como uma coisa só definitivamente. O espírito saberá completamente as coisas do espírito como disse Paulo. Ou seja você vê diretamente que tudo é consciência o tempo todo sem decair. Aí mudou. Isso a rigor é no paranirvana, depois da morte dessas formas aparentes e desse mundo ilusório. Isso é entrar em Nirvana.<br />
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A segurança epistemológica é uma só do principio ao fim: a consciência e que tudo que se conhece é nela. Só que no começo é restrito ao redor e a seus conhecimentos e você entra nesse estado e volta. Depois segue gradativamente, transcendendo esse limite de lugar, de tempo e de apenas seu conhecimento, até que tem todos os conhecimentos possíveis, bastando para isso intencionar com sua mente conhecê-los. Essa é a descrião psicológica dada por Buda.<br />
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P. O senhor já atingiu a iluminação?<br />
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R. Sim e não, isto é, às vezes.<br />
<br />
Não existe na realidade atingir a iluminação. Todos já somos budas agora, mas não somos nessa consciência limitada. Somos budas já quando estamos em espírito, ou seja, na consciência pura. Mas isso é diferente de Nirvana. Nirvana é quando não há mais separação entre a consciência plena e a consciência individual, quando "tendo deixado de lado toda cobiça e aversão desse mundo, plenamente atento, plenamente consciente, penetrarmos em Dhyana", há acesso, e união, à plenitude da consciência, você não deixa de ser um indivíduo, mas sua consciência é plena, não há limite, não há separação, no mais, já sabe que não é possível descrever "né"?<br />
<br />
A diferença das escolas dhyana e descendentes das outras é que você experimenta isso agora, não no futuro somente, você é cada vez mais prático em ser buda, você penetra gradativamente cada vez mais em Nirvana desde a primeira vez que senta. Você conhece a iluminação aos poucos, todo dia, vai se acostumando a ser um buda...<br />
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P. É como Jesus e o Espírito Santo?<br />
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R. Sim. Mas o cristão consegue isso bem mais fácil, só que geralmente não está consciente disso. Os budistas a princípio conseguem raramente, por pouco tempo e com dificuldade, mas geralmente consciente disso.<br />
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P. São complementares?<br />
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R. Para muitos sim.<br />
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P. Seu nome é um nome de mestre ou de iniciado?<br />
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R. Não, é próprio. Não usamos o título de mestres. O que é iniciado eu não sei, talvez os irmãos aqui da ordem possam falar melhor sobre isso.<br />
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P. A posição da escola a que se refere é um consenso geral ou há algum mestre ou líder? Nós de outras religiões podemos mudar de religião e seguir sua escola?<br />
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R. Não e não e pergunta complicada. Boas perguntas.<br />
<br />
Não existe consenso geral na escola, cada um é livre desde que mantenham os fundamentos da extinta escola dhyana, se existe um consenso é este, mas nem chega a ser um consenso ou fruto, já que existiu há centenas de anos dessa forma. Nós apenas escolhemos essa forma.<br />
<br />
Então não existe um líder, um chefe geral. As pessoas se reúnem periodicamente e compartilham estudos, pesquisas, experiências, histórias e se despedem. Não há o que ser decido ou mudado, organização, votações. Existe uma assembleia ou um conselho que se reúne quando a escola volta à ativa, em alguma momento da história. No caso meu, essa escola pesquisou e preservou esses ensinamentos e práticas e eu os encontrei, escolhi e adotei. Bem simples. Bem mais que outras escolas pelas quais passei.<br />
<br />
"Nós de outras religiões podemos mudar de religião e seguir sua escola?" Não. Como expliquei eu não considero como uma religião, não é uma religião, embora alguns tenham a liberdade de considerar. Também disse que não tinha que mudar de religião, frisei bastante que Buda não disse "vai ter que mudar de religião". Você segue a escola como alguém que vai ao psicólogo ou a um curso, sobre algumas matérias para o seu próprio bem viver; não existem monastérios, cultos, estátuas, rituais, roupas, ornamentos... nenhuma característica de religiosidade, é exatamente como no tempo de Buda, pessoas que se encontravam, fala e práticas, só, mais nada. Se não existem mais regras monásticas, também não podem existir monges. Espero ter esclarecido bem isso...<br />
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Não havendo mais perguntas.<br />
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Que todos tenham uma boa noite, estou muito grato pela atenção, perguntas e tudo mais.<br />
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Gasshô<br />
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<br />Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-65116013667567560952018-05-26T20:30:00.005-07:002018-05-26T20:44:05.157-07:00DHYANA NA CULTURA JUDAICO-CRISTÃ - parte 1<br />
Por Hyokan Hiroshi<br />
<br />
[Esse não foi o título original, não houve título, foi apenas uma continuação da palestra anterior. Os títulos e subtítulos foram colocados por este editor e tradutor]<br />
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<h3>
Introdução</h3>
<br />
Tenho ouvido que dhyana é um fenômeno cultural, que é restrito à cultura oriental ou até mesmo a uma certa época, que não é apropriado para nossa cultura, ou que pela disseminação da meditação mindfulness está se tornando um fenômeno em nossa cultura. Bem, a primeira coisa que temos que notar é a cultura em que estamos inseridos. No geral os mesmos que dizem tais coisas também dizem que vivemos em uma cultura judaico-cristã, mas se observarmos a nossa cultura não poderemos constatar nada disso.<br />
<br />
Precisamos questionar, primeiro o que seria cultura. E então o que seria judaico-cristã. Hoje nas Américas temos muitos países ditos cristãos. Mas com exceção dos países da América do Norte nós não podemos falar realmente em uma cultura judaico-cristã. Talvez no máximo um sincretismo cultural onde muitos elementos já foram naturalizados e entendidos como cristãos ou mesmo judaicos. Mas que não são na verdade.<br />
<br />
Cultura, sem querer entrar em definições precisas, é uma transmissão de costumes, conhecimentos, moral, artes. Se olharmos para os países da América Latina e procurarmos seu referencial na cultura judaica, ou cristã, ou na Bíblia, pouca coisa vamos encontrar além de algumas palavras e frases de efeito, mas não necessariamente significando a mesma coisa. Os costumes, nossos costumes (posso dizer porque vivo muito aqui), são totalmente diferentes de costumes dessas culturas. Se formos falar de desenvolvimento cultural ou derivação é ainda pior, pois historicamente vemos que nossa cultura se assemelha mais a um desenvolvimento da cultura greco-romana pagã do que da cultura dos primeiros cristãos. Difere muito na América do Norte onde são muitos os judeus e muitos os cristãos, senão a grande maioria, que realmente seguem o fundamento de sua religião, tanto culturalmente quanto em fidelidade aos princípios ou fundamentos. Talvez lá até possamos arriscar em falar de uma certa cultura judaico-cristã estabelecida.<br />
<br />
É justamente sobre isso que falo hoje, dos fundamentos, e dos princípios. Hoje quero falar do princípio, o que fundamenta o cultivo da prática que visa dhyana [(jhanas)]. O que fundamenta uma prática espiritual é a mesma coisa que fundamenta uma cultura? Isto pode ser uma regra? Podemos falar que nossa cultura favorece um certo desenvolvimento cultural ou que ele possui algum fundamento espiritual ou prático-espiritual? São todas perguntas que não pretendo responder, mas é interessante, porque dhyana também é uma cultura.<br />
<br />
Quando olhamos para as Américas Latinas temos um sincretismo, onde em parte domina uma linguagem tida como cristã, mas muitos elementos, crenças, ações, rituais, princípios, moral, ditos pagãos, quer dizer que vêm do que os cristãos antigos consideraram assim. "Pagãos" é no sentido de religiões primitivas que são dominadas pelo animismo, muitos deuses, forças, barganha com seres sobrenaturais, uso de estátuas e objetos de poder, divindades e finalmente superstições.<br />
<br />
O que estou mostrando é que se por um lado muita coisa é questão de linguagem e significados, por outro, a linguagem em si pode ser muito perigosa e enganadora, pois é por causa dela que cremos em ilusões e temos como realidade coisas que não são, e isto que falei é um bom exemplo.<br />
<br />
Estou falando isso porque no budismo não é diferente. Se olharmos para o budismo, seja do norte ou sul da Ásia, mas mais notadamente no Norte, vemos a mesmíssima coisa, e coisa pouca do budismo original. Não podemos falar de uma cultura budista, principalmente em países como a China, a Índia, as Coreias, enfim. Temos um sincretismo da mesma forma que há no Tibet e Nepal onde você vê tantos elementos da cultura e das religiões ancestrais que se você estuda o budismo sabe que você tem que procurar muito até ver algo realmente budista, embora tudo esteja impregnado de relação ao budismo através da linguagem.<br />
<br />
Então veja que isso, cultura isso ou aquilo, é uma ilusão, uma barreira que devemos superar, novamente estou falando da barreira de uma classificação, um nome (e isto é assunto bem budista), que limita e quase se opõe ao significado real das coisas. Isto é um rótulo e as pessoas terminam acreditando no rótulo sem examinar o conteúdo. Dhyana é o combate disso e das barreiras também que nos dividem, das classificações. Dhyana quer mostrar a realidade, então como vai debater diante de nomes errados?<br />
<br />
<h3>
Primeiro temos que olhar o que temos de fato. </h3>
<br />
Qual é o fenômeno que está ocorrendo, antes da linguagem, porque se não fizermos isso passamos a um subjetivismo sem fim. Primeiro temos que olhar o que temos de fato.<br />
<br />
Então a primeira coisa é retirar essa visão de que há uma cultura isso ou aquilo, isso é uma generalização perigosa, e falsa. Existem elementos que podemos citar, comportamentos, tradições, religiosidades, etc.. Que podem ser transmitidos não exata e uniformemente que em seu conjunto pode ser chamado de cultura, mas que de fato não existe em conjunto, são elementos que se inter-relacionam. É como uma floresta, não existe floresta, é apenas como chamamos o conjunto de árvores, plantas, animais. O que existem são árvores, unidades que estão em relação.<br />
<br />
Precisamos parar aqui pois chegamos ao primeiro ponto importante, metodológico. Dhyana viu que tudo que temos está em dependência, primeiro da consciência, e agora, nesse segundo momento estamos vendo: da linguagem. Então precisamos detectar o fenômeno antes da linguagem.<br />
<br />
Apesar do próprio fenômeno poder ser considerado também como linguagem, precisamos vê-lo puro, antes do nome, como ele de fato é, um objeto da consciência, precisamos fazer essa redução fenomenológica, se é que se pode chamar assim, na nossa percepção, para olharmos para as coisas com mais pureza e sem rótulos, antes da percepção até, pois essa trás a identificação, pois o rótulo, ele depende do preconceito, de um conhecimento prévio condicionado, de um somatório de impressões que podem estar distorcendo a realidade. Que podem até muito bem estarem erradas.<br />
<br />
Então para discernir é preciso não discriminar, não rotular, não destacar, apenas lançar o olhar e esse olhar agora tem que ser para dentro, pois sabemos que o fenômeno se desenrola na nossa consciência. Precisamos discernimento, e isso agora é discernir as coisas como são na realidade. Se parássemos aqui e disséssemos que dhyana é isso estaríamos criando um mundo de pessoas retardadas, isto é só uma pequena parte inicial. Na primeira vez falamos que tudo é consciência, agora falamos que tudo é linguagem e como a linguagem é um condicionante e limitante, podendo ser enganadora, temos que captar a consciência pura antes da linguagem. Resumindo. Agora sigamos em frente.<br />
<br />
Assim é com cultura, não existe cultura, existe uma transmissão, feita por pessoas, de alguns elementos. Cultura é simplesmente o conjunto de transmissões, assim como a floresta é o nome do conjunto de indivíduos. Se existir cultura você é uma vítima, não tem jeito, o monstro vai devorar a todos. E se é assim eu sou um tentáculo do monstro, enfiando em vocês mais uma parte do veneno que vai consumir boa parte de sua vida, como fui vítima no passado quando fizeram o mesmo comigo, afinal é a cultura que faz, independente de seus elementos, ela seria cultura isso ou aquilo. Mas o bom é que não existe coisa, tal generalização que seja válida a respeito de absolutamente nada então vamos ao que interessa. Você anda na floresta, é um nela, não tem todas as árvores, não vê todos os bichos, só os do caminho por onde você vai.<br />
<br />
<h3>
Não existe cultura dhyana</h3>
<br />
Já observaram que não existe cultura dhyana? E dhyana é uma cultura. Eu disse que dhyana é uma cultura. Dhyana é uma forma de viver. A forma de viver ligado, como dizem, porém não tenso, alerta, presente. É uma cultura, totalmente diferente da comum, que se procura distração, alguém quer se distrair. Quer um trabalho que o agrade, mas não para estar atento e presente nele, mas para estar distraindo-se com ele. É muito estranho. Isso não é doentio? Ou não é assim? Uns querem aproveitar o tempo, outros querem um passa tempo, como assim?!<br />
<br />
Mas dhyana não é assim, não se automatiza, não se distrai, ela tem que ser cultivada de instante a instante, assim é uma cultura porque dhyana temos que cultivar, de instante em instante estar atento. Mas não é estar atento de qualquer maneira ou a qualquer coisa. É prestar atenção às coisas, as do mundo, inclusive nós mesmos, consciência, corpo e mente, como elas são em sua verdadeira natureza: inconstantes, insatisfatórias, insubstanciais, condicionadas; e como nossa consciência na verdade é, pura, Nirvana.<br />
<br />
Não existe cultura dhyana, ainda não inventaram, porque é algo trabalhoso para uns, prazeroso para outros, mas não são todos que querem, aliás são poucos. É como cultura rock, ou cultura zen, ou cultura gospel, não são todos que querem, mas nem por isso ela deixa de ser cultivada por quem quer ou gosta ou por quem entende seu objetivo ou por quem almeja seu objetivo, mas ao contrário dessas, ela é muito particular, nem num centro zen você vai ver as pessoas compartilhando dhyana, é algo bem particular, apesar de alguns grupos terem mecanismos de ficar lembrando uns aos outros, tocando sinos... Não existe como transmitir dhyana de uma pessoa para outra, de um grupo para outro. Porque não existe nem como ensinar, porque ela não pode ser ensinada, porque ela tem que ser descoberta individualmente, tudo que fazemos é dar algumas instruções sobre como manter a atenção ou como praticar o zazen, por exemplo, e então alguém poderá fazendo isso chegar a dhyana.<br />
<br />
Não existe dhyana cultura porque ela é um estado de mente alerta, um dos estados de mente alerta, que tem que ser feito com equilíbrio e ensinado com muita responsabilidade. Porque não é simplesmente estar aqui agora como se tem ensinado, isso seria muito prejudicial e exigiria muito esforço. Dhyana é um estado não tenso, não estressante, não é pressão psicológica. Eu sempre imagino a pessoa num presídio praticando esse tipo de meditação "para estar feliz eu tenho que estar presente aqui aqui agora de instante a instante". Imagine, a liberdade mental foi a única lhe sobrou e ela ali "tenho que permanecer preso, tenho que permanecer aqui nessa prisão", parece piada. O método de dhyana também não tem a ver com não pensar nem esvaziar completamente a mente.<br />
<br />
O presente tem em si o passado e o futuro, o aqui contém relação, lembrança, memória de outros lugares, tudo isso acontece na mente, quando se diz estar presente aqui agora de instante a instante quer dizer estar consciente de tudo que ocorre na consciência e que tudo ocorre na consciência, sejam os objetos sensoriais, puramente mentais ou mesmo o vazio. O agora não existe isolado, o aqui tampouco, nem dhyana é solipsismo, existem outras pessoas, outros fluxos de consciência, "tudo é apenas uma projeção da minha consciência", quem pensa assim tem um problema, tem uma ideia muito grande de eu e meu, está precisando urgente praticar dhyana da forma correta.<br />
<br />
Dhyana não é uma religião ou uma escola de psicologia ou de filosofia, é uma terapia. Nessa terapia a pessoa vai se livrar justamente das falsas projeções sobre si mesmo e sobre tudo mais. Mas é uma terapia que todos precisam, principalmente os orientais, porque em nossa cultura eles se adaptam a quase tudo, é como se mesmo as mais tolas e prejudiciais ilusões pudessem ser todas bem aceitas de alguma forma, por isso a meditação fez mais sucesso lá. Aqui as pessoas são mais objetivas no sentido de metas, obstáculos e sua superação. Se um ocidental se depara com um problema de saúde ou de emprego, por exemplo, imediatamente ela pensa em formas de resolver e superar isso. Por muito tempo os orientais foram como aquele flechado da história do Buda "deixe eu ver se é isso mesmo? Será que estou mesmo doente, será que preciso mesmo de um emprego? Eu tenho um karma ruim para pagar. É melhor aceitar. Será que isso não é uma lição para que eu aprenda a me desapegar e meditar, não seria melhor eu desapegar disso? É melhor eu me acostumar logo com essa situação antes que comece a sofrer". Brincadeirinha, mas é bem por aí.<br />
<br />
<h3>
Dhyana é cultura</h3>
<br />
Dhyana é uma cultura. Porque dhyana tem que ser cultivada. Não é apenas estar presente e atento, tem que lembrar de estar atento, observando, consciente vigiando. Nos evangelhos aparece uma série de vezes a palavra vigiar e quando vem junto com orar ela vem antes. Vigiar é mais importante no sentido que vem primeiro, tudo mais para ser bem feito precisa que a pessoa esteja atenta, presente, consciente, vigilante, lembrado.<br />
<br />
É preciso também estar lembrado que está ali e o que está fazendo, veja que a noção de presente não é deslocada de passado, não é como um sem memória que esquece cada segundo anterior, isto seria terrível, então se você aprendeu que Dhyana é uma concentração no presente apenas, por favor esqueça isso. São pessoas que foram ensinadas errado ou que são irresponsáveis que ensinam essas coisas.<br />
<br />
E agora temos um terceiro ponto, que prova isso, pois tudo tem consequência, e tudo que é, é consequência de um momento anterior (tudo é condicionado, é uma característica desse mundo). Sim, porque somos humanos, não temos a visão de Deus, onisciente, isto é, de todos os tempos, todos os instantes e lugares presentes aqui agora. Buda também não disse que tinha esse tipo de consciência, nem que Nirvana era se tornar um deus ou algo do tipo. A onisciência de um buda está relacionada com o tempo e com uma individualidade, porque em sua onisciência também permanece a consciência de todo o fluxo anterior de consciência com o qual ERA identificado, por isso mesmo não se pode dizer que ele existe nem que deixou de existir, apenas que se libertou do samsara, que é o mundo triplo, dos ciclos de sofrimento.<br />
<br />
E o que é dhyana? É o estado crescente em que a consciência vê as coisas diretamente como são, ou seja, não sofrimento, não transitório, não insubstanciais, isto é, Nirvana. Dhyana é primeiro o vislumbre, depois entrar, entrar e permanecer um tempo, até que no último estágio permanecer nessa visão, em Nirvana. E o que é Nirvana? É a realidade única, completa, plena, permanente, imutável, incondicionada, livre, pura, original, sem ilusão.<br />
<br />
"Permanecendo completamente atento e plenamente consciente", veja que Buda trata de duas coisas distintas, atenção e consciência, atenção é um ato, é para nós, seres, consciência é um objeto.<br />
<br />
Onde os seres vêem objetos múltiplos, o iluminado não vê diferente, mas ele vê consciência apenas.<br />
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Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-7756777543870912042018-05-10T20:43:00.003-07:002018-05-10T20:43:42.796-07:00Sistemas de governo segundo o budismo - primeira parte<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">1. Introdução</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É triste ver as discussões de polarização política no país porque tudo parece ter se reduzido a uma ignorante polarização direita-esquerda, o que está bem longe dos fatos e ações concretas. Sites budistas, autores e professores, às vezes tem assumido posições de um lado ou do outro, outros simplesmente criticam estes sem assumir que estão se sentindo de certo lado, defendendo certo discurso, e fingindo estar fazendo uma análise imparcial. Estes são os piores.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O pior de tudo é que o brasileiro no geral parece não ter a mínima noção do que seja esquerda e direita (seja do ponto de vista histórico, ou econômico, ou político ou qualquer outro inclusive), nem os mais intelectualizados, aliás estes principalmente. Estes conceitos, apesar da semelhança e influência direta de alguns padrões bem particulares europeus, destoa completamente do mundo contemporâneo e dos acontecimentos históricos. Os conceitos e as características que apresentam como sendo suas próprias, e mais distorcidamente as dos outros, são completamente fora do contexto e da realidade. Além disso não seguem nenhuma lógica ou padrão de definições e características a não ser a lógica da própria conveniência. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os termos ou lados não são definidos no Brasil nem sob uma lógica historicista nem econômica nem política, mas uma mistura mal feita de tudo isso segundo a conveniência do argumentador. E se alguém detectar os erros e apontar as incoerências no discurso estas nunca são discutidas pelo contrário, a pessoa será atacada, no mínimo a resposta será um "quem é você?". Enfim, as discussões giram em torno de certas conveniências e padrões da moda e a opinião de certas "autoridades" no assunto, os ídolos do momento ou os gênios que já teriam pensado isso décadas atrás e deram já naquele tempo todas as soluções para a conjuntura atual.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">2. O uso do budismo para difusão de ideias políticas que não estão no budismo</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ver isso no meio "religioso" é ainda mais triste. Principalmente quando essa aparente ignorância é revestida de mentiras. Ontem comecei a ler uma página de um budista conhecido e não pude seguir adiante em suas críticas à direita política porque não há como levar a sério. Seu argumento é tão apaixonado que de dez características que atribuiu à direita em sua sua crítica sete eram da esquerda, e destas cinco eram exclusivas da esquerda. Mas como essas características eram vistas por ele como ruins é claro que tinham que ser da direita que estava criticando. Isto foi um exemplo bem típico do que falei acima.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O objetivo desse artigo não é demonstrar posições (ridiculamente classificadas de direita ou de esquerda) que possam ser atribuídas anacronicamente ao discurso de Buda, é demonstrar pelos suttas e sutras o pensamento do Buda sobre um sistema de governo de acordo com seu ensinamento. Por isso nesse pequeno estudo vou demonstrar a partir de textos canônicos que essa polarização não encontra base nos textos, pior ainda os argumentos de democracia, esquerda política, anarquia, distribuição de renda, igualdade econômica, e similares. Estes não encontram nenhum referencial nas palavras do Buda que ao citar governo e administrações exemplares sempre se referia a monarcas, leis, juízes, justiça. Buda tinha em mente um modelo de governo, o melhor e ensinou várias vezes sobre isso. Isto é um assunto muito importante no ensinamento budista e se isso não fosse importante Buda não teria feito tantos discursos nesse sentido, não abordaria longos discursos, exemplos, histórias sobre o tema, não passaria a vida fazendo diversos sermões sobre isso, instruindo reis, príncipes e administradores, muitas vezes de forma especial e em particular.</span><br />
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para começar vamos utilizar o Digha Nikaya que é onde se encontram vários referenciais ao que seria um governo justo, benéfico e honesto. Depois o Majjhima Nikaya que é mais extenso e talvez tenha os suttas mais conhecidos e usados para falar de posicionamentos inadequadamente. Depois faremos um apanhado de outras coleções de suttas (porque só pretendo usar basicamente o que se diz serem ensinamento e palavras do Buda) e sutras que vem sendo usados de forma inadequada para justificar posições políticas, principalmente os últimos, que incrivelmente são os mais usados para defender ideias de democracia e de forçada distribuição de bens. Incrivelmente porque esses são os que mais falam de reis, príncipes e generais justos, que fizeram o correto, e de como a inveja aos bens ou riqueza alheia são prejudiciais, onde monges preferem morrer do que aceitar receber aquilo que foi tirado de outros.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">3. Algumas ideias sobre governo encontradas no Digha Nikaya</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No DN3 - Ambattha Sutta, é profetizado o destino possível de Sidatta caso ele não seguisse o caminho monástico que o levou ao budado. "Se ele viver a vida em família ele se tornará um regente, um monarca justo que irá governar de acordo com o Dhamma; conquistador dos quatro pontos cardeais, que estabelecerá a segurança no seu reino e que possuirá os sete tesouros. Que são: a Roda Preciosa, o Elefante Precioso, o Cavalo Precioso, a Joia Preciosa, a Mulher Preciosa, o Tesoureiro Precioso e como sétimo o Conselheiro Precioso. Ele terá mais de mil filhos que serão corajosos e heroicos e que aniquilarão os exércitos inimigos. Ele governará, tendo conquistado esta terra circundada pelo mar, sem bastão ou espada, através do Dhamma."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esta descrição caracteriza a visão da época de um governo bom, justo, próspero, seguro, que governa de acordo com um dhamma. Se isto é ruim para o Buda ele deve, ao falar sobre governo, romper completamente com tal sistema prejudicial, não dar conselhos como melhorá-lo ou administrá-lo bem, nem usá-lo como exemplo em seus símiles, nem exemplos de governantes justos ou sábios. Mas o que vemos ao longo dos discurso não é isso. Vejamos primeiro se o Buda no Digha Nikaya vem a romper com esse modelo ou corroborar de alguma forma ele...</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Apesar da profecia não ser pronunciada pelo Buda nela encontramos praticamente características apenas daquelas repudiadas pelos que defendem hipocritamente um falso discurso de "justiça social": riquezas, tesouros, poder centralizado, forças armadas, mil filhos. Esse é o cenário que se esperava de um bom governante. Dizer que Buda só usou exemplos como esses nos discursos (que veremos a seguir) porque era tudo que conhecia ou tudo que havia na época é o mesmo que dizer que Buda não era onisciente ou pelo menos que não enxergava esses supostos males de tal sistema e suas consequências, ou no mínimo que não se importava em compactuar com sistemas tiranos ainda que fosse apenas em seus exemplos e histórias "como se fosse possível haver justiça em tais sistemas".</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">3.1. Deveres de um monarca que gira a Roda do Dhamma no Cakkavatti-Sihanada Sutta (DN 26) - O Rugido do Leão ao Girar a Roda</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No Cakkavatti-Sihanada Sutta (DN 26) - O Rugido do Leão ao Girar a</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Roda, o Buda exorta os bhikkhus a se ‘manterem no seu próprio domínio’ através da prática da atenção plena e nesse mesmo discurso vemos (e veremos mais adiante) que tipo de governo Buda considera correto. Ele traça nesse sutta a visão do papel de um monarca, um governante justo e íntegro, e da evolução do mundo em consequência das atitudes de governantes. Vejamos que conselhos Buda apresenta nesse sutta.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Certa vez, bhikkhus, houve um monarca chamado Dalhanemi que girou a roda, um monarca justo que governou de acordo com o Dhamma; conquistador dos quatro pontos cardeais, que estabeleceu a segurança no seu reino e que possuía os sete tesouros. Que são: a Roda Preciosa, o Elefante Precioso, o Cavalo Precioso, a Joia Preciosa, a Mulher Preciosa, o Tesoureiro Precioso e como sétimo o Conselheiro Precioso. Ele tinha mais de mil filhos que eram corajosos e heroicos e que aniquilavam os exércitos inimigos. Ele governava tendo conquistado esta terra circundada pelo mar, sem bastão ou espada, através do Dhamma. Mas se ele deixasse a vida em família e seguisse a vida santa, então ele se tornaria um arahant, um Buda perfeitamente iluminado, aquele que remove o véu do mundo." - Cakkavatti-Sihanada Sutta (DN 26).</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Opa! A descrição do Buda de um governante que girou a roda do Dhamma segundo Buda é como a que vimos acima, ou seja, é um monarca, um rei, conquistador (um "opressor imperialista" na visão coletivista (?)), que estabeleceu segurança (um "militarista"?); tinha tesouros, mais de mil filhos corajosos que aniquilavam exércitos (eram "tiranos"?). E um "ditador totalitarista como esse" governava de acordo com o Dhamma, e bastava que ele deixasse a vida em família e seguisse a vida santa, então ele se tornaria um arahant, um Buda perfeitamente iluminado. Sim. Isto pode acontecer a despeito de milhares de monges extremamente dedicados à prática, ao ensino, muitos desde a infância que não conseguem tal realização, tanto naquela época como hoje.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para que não reste dúvida vamos ver mais sobre o girar da roda do dhamma no mesmo sutta:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Então o Rei Dalhanemi mandou buscar o seu primogênito, o príncipe herdeiro, e disse: ‘Meu filho, a Roda Preciosa deslizou da sua posição. E eu ouvi dizer que quando isso acontecesse para um monarca que gira a roda, ele não teria mais muito tempo de vida. Eu estou saciado dos prazeres humanos, agora é o momento de buscar os prazeres divinos. Você, meu filho, assuma o controle desta terra circundada pelo oceano. Eu irei raspar o meu cabelo e barba, vestirei os mantos de cor ocre e deixarei a vida em família pela vida santa.’ E tendo instalado, da forma requerida, o seu</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">filho mais velho como rei, o Rei Dalhanemi raspou o seu cabelo e barba, vestiu os mantos de cor ocre e deixou a vida em família pela vida santa. E sete dias depois que o sábio real havia seguido a vida santa, a Roda Preciosa desapareceu.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Então um certo homem veio até o Rei Khattiya ungido e disse: ‘Senhor, você deve ser informado que a Roda Preciosa desapareceu.’ Em vista disso o Rei sentiu pesar e tristeza. Ele foi até o sábio real e relatou-lhe o que havia acontecido. E o sábio real disse: ‘Meu filho, você não deve sentir pesar ou tristeza pelo desaparecimento da Roda Preciosa. A Roda Preciosa não é uma herança de família. Mas agora, meu filho, você precisa se tornar</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">um Monarca que gira a roda. E então poderá ocorrer que, se você realizar os deveres de um Monarca que gira a roda, no Uposatha do décimo quinto dia, tendo lavado a sua cabeça e ido para o terraço no topo do palácio para o dia de Uposatha, a Roda Preciosa surgirá para você, com mil raios, com a roda, o cubo, completa em todos os aspectos.’"</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Observe que é devido a um rei com aquelas referidas qualidades que a Roda do Dhamma gira, e que o filho terá que ser como foi o pai para que a possibilidade da Roda girar exista, "você precisa se tornar um Monarca que gira a roda", ou seja, assim como seu pai. Observe também que o rei não é um virtuoso ele vive na busca dos prazeres, ora humanos, ora divinos: "Eu estou saciado dos prazeres humanos, agora é o momento de buscar os prazeres divinos."; e que ele não simplesmente abandona seu reino, deixa tudo, se desapega de tudo como costuma-se pensar, ele resolve todas as questões administrativas relativas a passar o reino a seu filho e que esse governe como ele, até porque, afinal, ele deseja que o filho também se torne um monarca que gira a Roda do Dhamma.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Agora vamos ver o que é que faz um monarca que gira a Roda, como ele deve administrar o seu reino. Segue o verso subsequente do anterior: </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"“Mas qual, senhor, é o dever de um Monarca que gira a roda?” “É o seguinte, meu filho: Você, na dependência do Dhamma, honrando-o, reverenciando-o, amando-o, homenageando-o e venerando-o, tendo o Dhamma como sua insígnia e bandeira, reconhecendo no Dhamma o seu mestre, você deve estabelecer guarda, defesa e proteção de acordo com o Dhamma para a sua própria família, suas tropas, seus nobres e vassalos, para Brâmanes e chefes de família, pessoas que vivam nas cidades e no campo, contemplativos e Brâmanes, para animais e pássaros. Não permita que o crime prevaleça no seu reino e para os necessitados, lhes dê o que necessitem. E quaisquer contemplativos e Brâmanes que no seu reino tiverem renunciado à vida dos prazeres sensuais e estiverem dedicados à renúncia e à nobreza, cada um se domesticando, cada um se acalmando, cada um se esforçando para dar um fim ao desejo, se de tempos em tempos eles vierem consultá-lo quanto ao que é benéfico e o que é prejudicial, o que é criticável e o que é isento de crítica, o que deve ser seguido e o que não deve ser seguido e qual ação irá no longo prazo conduzir ao dano e sofrimento e qual irá conduzir ao bem-estar e felicidade, você deveria ouvi-los e dizer-lhes que evitem o mal e façam o bem. Esses, meu filho, são os deveres de um Monarca que gira a roda."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É interessante observar aqui o que é estabelecido, basta ler, mas também o que não é estabelecido: eleições (democracia, etc.), ele continua sendo um monarca com plenos poderes; distribuição forçada de bens, de renda, nem de riqueza (nem apropriação das posses de uns para dar a outros), mas sim para que o rei dê aos necessitados o que eles necessitam; e nem igualdade social, equanimidade ou igualdade de supostas classes, continuam existindo tropas, Brâmanes, nobres e vassalos (as "classes" sociais e econômicas da antiga Índia que de certa forma ainda existem hoje). É importante notar também que tudo isso é feito de acordo com o Dhamma, na dependência do Dhamma, estas coisas não estão em desacordo com o Dhamma do Buda. Mais adiante veremos o que é que está em desacordo, mas que muitos estão defendendo como uma visão social do budismo.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Note também que o rei não deve deixar o crime prevalecer. Como os reis faziam isso? Só não era deixando sem punição ou soltando os criminosos, nem sem uso da força e de armas, portanto muitas ideias de uma sociedade anarquista ou de hippies nova era baseados no budismo não têm nenhum fundamento. E veja que o rei é que ensina os contemplativos que vem visitá-lo para serem instruídos, o sábio, fonte do dhamma é o rei, não os monges, apesar que estes também devem ser ouvidos. Olhe em que estes contemplativos vem consultar o rei: "se de tempos em tempos eles vierem consultá-lo quanto ao que é benéfico e o que é prejudicial, o que é criticável e o que é isento de crítica, o que deve ser seguido e o que não deve ser seguido e qual ação irá no longo prazo conduzir ao dano e sofrimento e qual irá conduzir ao bem-estar e felicidade." Um rei deve saber essas coisas, aqui ao ponto de instruir os monges, não sobre trazer uma suposta igualdade econômica ou social. Ele deve trazer ordem, virtude, prosperidade, felicidade. Agora, as pessoas que tem problema com desigualdade e que acreditam que não há felicidade possível na desigualdade e mesmo na pobreza, ou que colocam a dependência da felicidade em questões de poder aquisitivo, estas é que estão totalmente fora de sintonia com o ensinamento de Buda.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Veja agora o que aconteceu ao rei que seguiu essas mesmas diretrizes ensinadas por seu pai:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">..."e ele realizou os deveres de um Monarca que gira a roda. E ao fazer isso, no Uposatha do décimo quinto dia, tendo lavado a cabeça e ascendido até o terraço no topo do seu palácio para o dia de Uposatha, a Roda Preciosa surgiu para ele, com mil raios, com a roda, o cubo, completa em todos os aspectos. Então o Rei pensou: “Eu ouvi que quando um Rei Khattiya ungido vê essa roda no último dia da quinzena, ele se tornará um Monarca que gira a roda. Que eu possa me tornar um monarca assim!”</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Então, levantando-se do seu assento e arrumando o manto externo sobre o ombro, o Rei tomou um vaso com água com a mão esquerda, borrifou a Roda com a mão direita e disse: ‘Gire para adiante, boa roda preciosa; triunfe, boa roda preciosa!’ Então a roda preciosa girou para adiante na direção leste e o Rei a seguiu com o seu exército. E em qualquer região na qual a Roda parasse, o Rei estabelecia residência com o seu exército. E aqueles que antes a ele se opunham na região leste vinham e diziam: ‘Venha, grande Rei; bem vindo, grande Rei; comande, grande Rei; aconselhe, grande Rei.’ E o Rei dizia: ‘Vocês não devem matar seres vivos; vocês não devem tomar aquilo que não for dado; vocês não devem agir de forma imprópria em relação aos prazeres sensuais; vocês não devem dizer mentiras; vocês não devem beber bebidas embriagantes; sejam moderados na alimentação.’ E aqueles que antes a ele se opunham na região leste se tornavam seus súditos."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O monarca seguiu as mesmas diretrizes e chegou aos mesmos resultados. É necessário mais algum comentário? O sutta segue ainda dando a mesma descrição de acontecimentos para os outros pontos cardeais. E depois de serem realizadas as mesmas coisas nessas direções "a roda preciosa triunfou sobre a terra de oceano a oceano, ela retornou para a capital real e permaneceu como que presa pelo eixo ao portão do principal palácio do Rei, como um adorno no portão do palácio principal. E um segundo Monarca que gira a roda fez o mesmo e um terceiro, um quarto, um quinto, um sexto e um sétimo monarca também".</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Agora vejamos o ponto talvez até mais importante do sutta: sobre outro (e depois outros) que governou segundo suas próprias idéias, segundo suas "geniais" soluções.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">..."Mas ele não foi até o sábio real para lhe perguntar sobre os deveres de um Monarca que gira a roda. Ao invés disso, ele governou o povo de acordo com as suas próprias idéias, e sendo assim governado, o povo não prosperou tão bem quanto havia prosperado sob os reis anteriores, que haviam realizado os deveres de um Monarca que gira a roda. Então os ministros, conselheiros, funcionários do tesouro, guardas e porteiros e os recitadores de mantras vieram até o Rei e disseram: ‘Senhor, enquanto você governar o povo de acordo com as suas próprias idéias, diferente da forma que ele foi governado sob os monarcas anteriores, o povo não irá prosperar bem. Senhor, há ministros … no seu reino, nós mesmos inclusive, que preservaram o conhecimento sobre como um Monarca que gira a roda deveria governar. Pergunte-nos, Majestade e nós lhe diremos!’</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Então o Rei ordenou que os ministros e todos os demais se reunissem e ele os consultou. E eles explicaram os deveres de um Monarca que gira a roda. E tendo ouvido o que eles disseram, o Rei estabeleceu guarda , defesa e proteção, mas ele não atendeu as necessidades dos necessitados e como resultado a pobreza se espalhou. Com a disseminação da pobreza, um homem tomou algo que não lhe havia sido dado, dessa forma cometendo o que passou a ser chamado de roubo. Eles o prenderam e o trouxeram perante o Rei dizendo: ‘Majestade, este homem tomou algo que não lhe foi dado, que chamamos de roubo.’ O Rei disse: ‘É verdade que você tomou algo que não lhe havia sido dado – que é chamado de roubo?’ ‘Sim é, Majestade.’ ‘Porque?’ ‘Majestade, eu não tenho nada para o meu sustento.’ Então o Rei lhe deu alguns bens dizendo: ‘Com isto, meu bom homem, você poderá se manter, sustentar sua mãe e pai, manter uma esposa e filhos, levar adiante um negócio e presentear os contemplativos e Brâmanes, o que irá promover o seu bem-estar espiritual e conduzir a um feliz renascimento com um resultado prazeroso no plano celestial.’ ‘Muito bem, Majestade,’ o homem respondeu."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vamos dar muita atenção porque aqui há muita sabedoria. Veja que o rei continuou seguindo suas próprias idéias, escolheu entre as instruções apenas a que lhe agradou. Estabeleceu a guarda, mas não ajudou aos necessitados (isto se parece também com muitos "praticantes" budistas, que simplesmente dizem manter a atenção; meditam e leem livros, mas não dão atenção aos preceitos, continuam, com fala incorreta, pensamentos incorretos e até ações...). Observe que o fato de ser um monarca não impede de ajudar os necessitados, mas é justamente o contrário, um monarca é que tem justamente todas as condições necessárias para ajudar aqueles que necessitam (diferente de outras formas de governo em que é preciso medidas burocráticas, votações parlamentares e consequentemente negociação política e de torca de apoio e favores). </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os outros reis agiram de acordo com o dhamma, mas este agora não fez. Este é um exemplo de "governo laico". Um exemplo histórico de um rei em nosso mundo que se esforçou para estabelecer esses princípios do dhamma foi o principal responsável pela expansão do budismo no oriente (e por consequência também muito depois no ocidente) foi o rei Asoka. Ele se esforçou em viver de acordo com o ideal do monarca que gira a roda, inclusive provavelmente foi o primeiro na história a criar hospitais para animais. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas este rei do exemplo acima, que seguiu suas próprias idéias, acreditava que estava correto, que era justo, ele não era um rei mal, mas devido a suas ações baseadas em idéias pessoais, que provavelmente considerava mais sábias e corretas do que as que os conselheiros haviam ensinado, seu reinado foi um desastre. Ele ignorou a inclusive a história, todo o legado dos reis anteriores, e suas experiências bem sucedidas. Trocou tudo isso por outras idéias. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A pobreza cresceu, a carência, a fome, mas nem por isso os pobres começaram todos a roubar, temos escolhas, e um homem, este escolheu tomar o que não lhe foi dado, isto é, ele feriu um dos cinco preceitos básicos do budismo. Uma pessoa não deve fazer fazer isso, pois isso tem consequências ruins, segundo o ensinamento do Buda, muito menos um governante... </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E ele não puniu o ladrão, pelo contrário, reconheceu suas necessidades e supriu, deu até a mais para que pudesse investir. Ele foi bonzinho. Na sua visão talvez ele tenha sido justo e reconhecido que também tinha responsabilidade naquela situação, e resolveu segundo suas próprias ideias dar uma solução. Ou seja, ele não prendeu, não puniu, deu liberdade, deu dinheiro, premiou. Agora vamos observar o resultado disso na sociedade, segue o relato do sutta:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"E exatamente a mesma coisa aconteceu com um outro homem. Então, as pessoas ouviram que o Rei estava distribuindo bens para aqueles que</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">tomassem algo que não lhes houvesse sido dado e assim elas pensaram: ‘E se nós fizéssemos o mesmo!’ E então um outro homem tomou algo que não lhe havia sido dado e eles o trouxeram perante o Rei."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ou seja, ele estimulou, premiou o ato de roubar e o resultado foi que o pensamento de roubar contaminou outra pessoa. Veremos em seguida que por atos cada vez mais degenerados, que começam com uma pessoa e se disseminam, haverá um verdadeiro caos e completa degeneração da sociedade, dos valores, da saúde, do tempo de vida, da beleza, etc.. Veja se isso descrito até aqui não é muito parecido com o que tem ocorrido na história de nosso país, onde os políticos agem exatamente como esse rei, e as pessoas passam por consequências similares. Vivemos num país que ignora todas as experiências bem sucedidas do passado e de outros lugares, que ignora também todas os exemplos mal sucedidos e tentativas de governos orientados por ideologias, que geraram um caos como o que veremos em seguida neste sutta; um país com livros de história completamente ideologizados, cheios de mentiras, omissões e distorções. E ainda existem muitos no budismo que defendem essas mesmas ideologias que só geraram caos, violência, miséria, fome e conflitos em todo o mundo, principalmente uma que não se baseia em paz, mas justamente em seu oposto a luta, de supostas classes entre si.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Veja como o sutta descreve a degeneração mundial , naquele mundo, naquela época, começando por aquele rei. a partir de uma atitude de um rei e da reação de uma pessoa. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"O Rei perguntou porque ele havia feito aquilo e ele respondeu: ‘Majestade, eu não tenho nada para o meu sustento.’ Então o Rei pensou: ‘Se eu der bens para todos aqueles que tomarem algo que não lhes foi dado, os roubos irão crescer cada vez mais. Melhor eu dar um fim nisso, dar um fim de uma vez por todas, cortar a cabeça dele.’ Assim ele ordenou aos soldados: ‘Prendam os braços deste homem para trás com uma corda forte, raspem a cabeça dele e conduzam-no ao rufar dos tambores pelas ruas e praças e para fora da cidade pela porta do sul, lá deem um fim nele aplicando a pena capital, decepando a sua cabeça!’ E assim eles fizeram."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Uma reação que vem de um extremo para o outro, foi a ideia do rei considerando sua sabedoria e justiça. Depois de premiar um ladrão (um argumento típico dos populistas é dar indiscriminadamente recursos a todos) e ver o resultado do experimento de suas convicções dar errado, ele tem a convicção do extremo oposto da primeira ideia. Depois de ser o responsável pelo aumento da pobreza, da miséria, de todas as crises até então, como se pelo menos uma boa parte desse povo não soubesse ser culpa do rei o caos estabelecido, ele resolve usar a força, a violência, uma solução radical, a típica de todos os ditadores, que se acham corretos e justos em suas idéias, e de seus apoiadores. O que acontece em consequência disso:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Ouvindo sobre o ocorrido, as pessoas pensaram: ‘Vamos obter espadas afiadas e depois poderemos tomar de qualquer um aquilo que não nos for dado, daremos um fim em todos, daremos um fim em todos de uma vez por todas, cortaremos as suas cabeças.’ Assim, tendo obtido algumas espadas afiadas, elas se lançaram em assaltos homicidas sobre vilarejos, vilas e cidades e também se dedicaram ao roubo nas estradas, matando as suas vítimas cortando-lhes a cabeça."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este ponto, trazendo para nosso mundo parece ter sido solucionado, pois todos os governantes e ditadores parecem ter lido "A arte da guerra", "O príncipe", "Cadernos do cárcere" e o legado de vários outros autores com um pensamento mais direcionado, como Marx, Lenin, Stalin, além de Gramsci e outros propositores de ditaduras como solução que dizem numa só vós "desarmem o povo para que não haja rebelião". Mas não, não está solucionado, vemos que os criminosos sempre têm seus meios de estar armados e cometendo atos como os mencionados acima. Agora vejamos no sutta como se aprofundam os problemas:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Assim, por não haver generosidade para com os necessitados, a pobreza se disseminou, do incremento da pobreza, o tomar o que não é dado se disseminou, do incremento do roubo, o uso de armas se disseminou, do incremento do uso de armas, o ato de tirar a vida se disseminou e do incremento do ato de tirar a vida, o tempo de vida das pessoas diminuiu,</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">a sua beleza diminuiu e como resultado da diminuição do tempo de vida</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">e da beleza, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido oitenta mil anos passaram a viver apenas quarenta mil. E um homem da geração que viveu por quarenta mil anos tomou algo que não lhe foi dado. Ele foi trazido perante o Rei que lhe perguntou: ‘É verdade que você tomou algo que não lhe foi dado – que é chamado de roubo?’ ‘Não, Majestade,’ ele respondeu, dizendo assim uma mentira deliberada.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Assim, por não haver generosidade para com os necessitados … o tirar a vida se disseminou e do incremento do tirar a vida, a mentira se disseminou e do incremento da mentira, o tempo de vida das pessoas diminuiu, a sua beleza diminuiu e como resultado da diminuição do tempo de vida e da beleza, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido quarenta mil anos passaram a viver apenas vinte mil. E um homem da geração que viveu por vinte mil anos tomou algo que não lhe foi dado. Um outro homem o denunciou para o Rei, dizendo: ‘Senhor, o fulano tomou algo que não lhe foi dado,’ falando assim mal de outrem. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Assim, por não haver generosidade para com os necessitados … o falar com malícia se disseminou e como conseqüência, o tempo de vida das pessoas diminuiu, a sua beleza diminuiu e como resultado da diminuição do tempo de vida e da beleza, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido vinte mil anos passaram a viver apenas dez mil. E na geração que viveu por dez mil anos, alguns eram belos e outros eram feios. E aqueles que eram feios, sentindo inveja daqueles que eram belos, cometiam adultério com as esposas deles.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Assim, por não haver generosidade para com os necessitados … a conduta sexual imprópria se disseminou e como conseqüência, o tempo de vida das pessoas diminuiu, a sua beleza diminuiu e como resultado da diminuição do tempo de vida e da beleza, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido dez mil anos passaram a viver apenas cinco mil. E na geração que viveu por cinco mil anos, duas coisas se disseminaram: a linguagem grosseira e a linguagem frívola, e como conseqüência, o tempo de vida das pessoas diminuiu, a sua beleza diminuiu, e como resultado da diminuição do tempo de vida e da beleza, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido cinco mil anos passaram a viver, alguns, apenas dois mil e quinhentos e outros, dois mil. E na geração que viveu por dois mil e quinhentos anos, a cobiça e a raiva se disseminaram, e como conseqüência, o tempo de vida das pessoas diminuiu, a sua beleza diminuiu, e como resultado da diminuição do tempo de vida e da beleza, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido dois mil e quinhentos anos passaram a viver apenas mil. E na geração que viveu por mil anos, o entendimento incorreto se disseminou … e como conseqüência, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido mil anos passaram a viver apenas quinhentos. E na geração que viveu por quinhentos anos, três coisas se disseminaram: o incesto, o desejo excessivo e as práticas depravadas … e como conseqüência, os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido quinhentos anos passaram a viver, alguns, apenas duzentos e cinqüenta e outros, apenas duzentos. E na geração que viveu por duzentos e cinqüenta anos, três coisas se disseminaram: falta de respeito pela mãe e pelo pai, por contemplativos e Brâmanes, e pelo cabeça do clã.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Assim, por não haver generosidade para com os necessitados … a falta de respeito pela mãe e pelo pai, por contemplativos e Brâmanes, e pelo cabeça do clã se disseminou, e como conseqüência, o tempo de vida das pessoas diminuiu, a sua beleza diminuiu, e os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido duzentos e cinqüenta anos passaram a viver apenas cem."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Observe quantas degenerações e suas consequências surgem em consequência de um ato. No budismo não existem ações coletivas que não tenham surgido em um indivíduo, e não existe uma ação que não surja de condições anteriores. O texto deixa claro as condições corretas para surgir o que é benéfico. As pessoas não se degeneram automaticamente devido aos acontecimentos ou ambientes, elas escolhem, uns matam, outros são mortos, uns roubam, outros são roubados, uns caluniam outros são caluniados, etc.. Qualquer que conhece o ensinamento budista sabe que é mais vantajoso morrer, ser roubado e caluniado do que estar do outro lado. É aí a função do rei. Não é o povo que deve reagir as injustiças de alguns, isso é a função do rei, proteger o indivíduo da ação injusta ou violenta de outro ou de grupos, punir e afastar do convívio público os desviados. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Também fica claro o quanto se ressalta o cuidar dos necessitados. As pessoas tem que ser generosas no reino, mas muito mais o rei, o rei deve prover o meio pelo qual as necessidades dos necessitados sejam atendidas, afinal a pessoa nasce e é cuidada por seus pais, mas ela não trás de si mesma nenhum suprimento, ela precisa de outros recursos para se manter que já pertencem a outras pessoas. É obvio, e algo que nenhum desses "gênios" da sociologia, da economia e política parece perceber, algo que o Buda aponta (e veremos mais claramente em outro suttas) a questão da dependência do ser humano da sua família (em muitos suttas ele diz que o esforço dos pais é impagável pelos filhos, por mais que os honre e que cuide deles) e a interdependência inexorável de todos. Nenhum tipo de estado pode gerir essa necessidade com justiça a não ser uma monarquia ou um sistema feudal (e não se trata novamente aqui do que se vê nos livros de escola, que se trata apenas de um império copactuado entre religião e estado para arrecadar impostos), pois tendo o rei justo (ou o dono das terras) os poderes e meios, ele pode determinar como esse suprimento será produzido sem prejuízo, porque se for simplesmente por impostos haverá prejuíso de uns trabalhando para outros a troco de nada e isso não é justo.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O rei precisa ser necessariamente justo segundo o Buda e se ele cobra impostos, ou seja, não é uma contribuição voluntária, isso não é justo. Todos os sistemas tem que se basear em alguma imposição seja legal ou econômica para que haja um arrecadação de impostos e se sustente os governantes e supostamente os necessitados. Na monarquia também tem sido assim, mas só a monarquia pode dispensar toda imposição se quiser, enquanto que outros sistemas não podem e jamais poderão de fato ajudar os necessitados arrecadando impostos, pois todos esses valores são repassados obrigatoriamente aos produtos para subsistência do produtor cobrado e do parasita governamental, e esses produtos são os mesmo que serão consumidos pelos necessitados. Com o crescimento populacional sempre será mais arrecadado, mas também mais será cobrado, tais sistemas nunca podem ser justos nem que queiram e que todos os administradores sejam honestos. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por outro lado se o rei for como um senhor feudal ele é o dono das terras e pode arrendá-las e distribuir a produção e o lucro como bem entender com os trabalhadores e consigo mesmo, e sendo justo, ele o fará com justiça. Não há necessidade de um trabalhar para outro, pois todos podem trabalhar e todos distribuindo o saldo da produção cada pessoa pode sustentar sua família e até algum necessitado sem família, podemos imaginar, porque toda produção de mantimentos e produtos básicos sempre excede as expectativas de consumo. Num estado democrático por exemplo existem milhares de outras dependências simplesmente políticas, que de modo algum têm a ver com administração nem economia, além da necessidade de agradar o eleitor, do tempo limitado, da oposição que pode simplesmente desfazer tudo até por questões ideológicas, etc. além da inegável impossibilidade de um estado democrático de fato por mais que todos fossem obrigados a escolher (o ser obrigado a, já é outra demonstração disso). </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas não vamos entrar nesse assunto por enquanto, pois estamos ainda no âmbito dos suttas e este ponto se mostra além das entrelinhas em sutras mahayana. O que fica claro nos suttas é que o sistema de governo ideal é aquele que tem um monarca justo, que escolhe conselheiros sábios, tem um administrador geral que calcula, reorganiza, e executa o que for necessário, empregados, generais e exércitos de confiança e um povo pacífico e obediente. Buda não exalta a esperteza, a reivindicação, nem a cobrança de direitos, pelo contrário, coloca os assuntos sobre reis, governantes, sistemas políticos, relações de poder e realizações de administradores como assunto inútil e prejudicial para o povo; incentiva a obediência mesmo pondo em risco a própria vida; e fala que o justo pensa no dever e o negligente nos direitos, entre outras falas mais radicais ainda (que citarei na continuação desse trabalho). Quem fala o contrário é certamente porque não lê suttas (e ou sutras, a depender da escola) mas apenas autores que escrevem apenas o que lhes convém segundo o que pensam buscando justificativas em falas do Buda ou numa suposta tradição ininterrupta.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vejamos o que mais este sutta coloca na cadeia de consequências das idéias do rei postas em ação:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Bhikkhus, virá um tempo em que os filhos dessas pessoas terão um tempo de vida de dez anos. E com isso, as meninas estarão prontas para casar com cinco anos de idade. E assim, estes sabores desaparecerão: manteiga líquida, manteiga, óleo de sésamo, melaço e sal. Para essas pessoas o grão de kudriisa será o alimento principal, da mesma forma como o arroz e o caril (curry) são hoje. E com elas, os dez tipos de conduta virtuosa irão desaparecer por completo e os dez tipos de conduta não virtuosa irão prevalecer: para</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">aqueles que possuírem um tempo de vida de dez anos não haverá uma palavra para “virtude” então, como poderá haver alguém que pratique ações virtuosas? </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Aquelas pessoas que não tenham respeito pela mãe e pelo pai, por contemplativos e Brâmanes, e pelo cabeça do clã, serão aquelas que desfrutarão de honra e prestígio. Tal como é agora com as pessoas que demonstram respeito pela mãe e pelo pai, por contemplativos e Brâmanes, e pelo cabeça do clã, que são elogiadas e honradas, assim será com aqueles que</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">fizerem o oposto. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Entre aqueles com um tempo de vida de dez anos ninguém irá se dar conta de mãe ou tia, da cunhada da mãe, ou da esposa do mestre, ou da esposa do pai de alguém, e assim por diante – haverá completa promiscuidade no mundo igual a bodes e cabras, porcos e porcas, cães e chacais. Entre eles, haverá forte inimizade, ódio violento, raiva violenta e pensamentos de matar, mãe contra filho e filho contra mãe, pai contra filho e filho contra pai, irmão contra irmão, irmão contra irmã, da mesma forma como o caçador sente ódio</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">pelo animal que ele está caçando."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Veja se tudo isso não é parecido com o mundo de hoje. Veja como a questão da família é tão impostante e a obediência aos administradores e ao cabeça do clã. As virtudes estão cada vez mais desprezadas, relativizadas. A decadência moral é gritante, mas se as pessoas seguem relativisando tudo não verão assim. Buda não diz para agir segundo a razão ou o que for mais conveniente, ele dá uma lista, as virtudes são essas, o que for o contrário disso é não-virtude; ele não dá uma lista e diz para ficar à vontade e usar como quiser ou como covém, ele aponta as consequências ruins de seguirmos nossas próprias idéias em vez das virtudes. O administrador teria obrigatoriamente de se manter dentro dessas regras, não num sistema supostamente laico, sob pretexto de uma suposta liberdade ou democracia, pelo contrário, sair das normas gera obrigatoriamente sofrimento e menos liberdade. Isso é óbvio, como pode alguém estudar budismo e ver isso de forma diferente? Decerto porque não estuda. Sigamos e vejamos a possibilidade do revés da situação:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“E para aqueles com um tempo de vida de dez anos, haverá um tempo de ‘intervalo das espadas’ de sete dias, durante o qual eles verão um ao outro como animais selvagens. Espadas afiadas irão surgir nas mãos deles e o pensamento: ‘Ali está um animal selvagem!’ eles irão matar uns aos outros com aquelas espadas. Mas haverá alguns que irão pensar: ‘Não matemos mais ou que não haja mais mortes! Vamos para florestas remotas, rios difíceis de atravessar, ou montanhas inacessíveis, e vivamos das raízes e frutas da floresta.’ E isso eles fazem por sete dias. Então, ao final dos sete dias, eles emergem dos seus esconderijos e se regozijam em comunhão dizendo: ‘Seres bons, vejo que vocês estão vivos!’ E então o seguinte pensamento irá ocorrer nesses seres: ‘Foi só por termos nos habituado aos modos ruins e prejudiciais que sofremos a perda dos nossos semelhantes, façamos o bem! Que coisas boas poderemos fazer? Vamos abster-nos de tirar a vida – essa será uma boa prática.’ E assim eles se abstêm de tirar a vida e, tendo adotado essa ação</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">benéfica, eles a praticarão. E por ter realizado essas coisas benéficas, o seu tempo de vida se incrementa e a beleza se incrementa. E os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido dez anos passaram a viver vinte anos."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Observe algo que costuma passar despercebido, ainda com esse caos, na linha de causa e consequência, não há qualquer determinismo ou coletivismo, existem pessoas diante da mesma situação tomam caminhos completamente opostos. Mas o importante aqui é ver as escolhas, quais delas combinam com as proposições do Buda.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Buda diz para o povo lutar pelo que é seu, pelos bens ou alimentos ou seus direitos ou pelo poder? Ele aponta um caminho revolucionário onde as pessoas tomam o poder ou mesmo toda a riqueza e distribui igualmente? Ele propõe uma mudança de sistema e que se elejam líderes e façam até mesmo a justiça ou distribua a riqueza? Enfim, seriam muitas as perguntas que eu teria que fazer, mas veja. É justamente o contrário, largar tudo isso, toda essa ambição, cobiça, sofrimento, crimes, inimizade, ódios, deixar tudo, as espadas e todo o resto e ir para a floresta, sobrevier dos furtos que ela dá e vivem em comunhão, largar essa arrogância, luta e crimes desnecessários e prejudiciais. Buda não ensina "lute pelos seus direitos", mas "largue tudo, vá para as montanhas e locais de difícil acesso, viva em paz dos frutos da terra, em comunhão, não em luta..." (parafraseando). E qual a consequência disso?</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Então irá ocorrer a esses seres: ‘É pela adoção de práticas benéficas que</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">incrementamos nosso tempo de vida e a beleza, portanto, dediquemo-nos ainda mais a práticas benéficas. Vamos nos abster de tomar aquilo que não nos for dado, da conduta sexual imprópria, da linguagem mentirosa, da linguagem maliciosa, da linguagem grosseira, da linguagem frívola, da cobiça, da má vontade, do entendimento incorreto; vamos nos abster de três coisas: incesto, desejo excessivo e práticas depravadas; vamos ter respeito pela mãe e pelo pai, por contemplativos e Brâmanes e pelo cabeça do clã e vamos</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">perseverar nessas ações benéficas."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vamos observar que "coincidentemente" aqui algumas pessoas pensarão em conformidade com o ensinamento do Buda. Ele salta qualquer pensamento intermediário ou evolução, proque não interessa, interessa o que Buda mostra saldável, veja que são os preceitos e ensinamentos de Buda a que tais pessoas chegam, não uma boa ideia qualquer, mas a que leva ao caminho certo, os preceitos. Veja mais quais são os valores apresentados. Três dos cinco preceitos básicos aparecem. Veja os valores e condutas: abster-se do incesto, desejo excessivo e práticas depravadas; ter respeito pela mãe e pelo pai, por contemplativos e Brâmanes e pelo cabeça do clã e vamos perseverar nessas ações benéficas. Ele diz para se rebelar contra os Brâmanes e seus erros, sua "opressão social", suas castas? Eles diz que famílias e clãs é algo primitivo a ser superado. Não, nada disso existe no budismo. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Buda diz para respeitar os brâmanes (embora se tenha que apartar-se deles e de suas doutrinas que são bastante criticadas pelo Buda) não para fazer um protesto, uma revolta ou revolução, mas tome seu caminho. Buda não diz que a existência de clãs e cabeças de clãs seja um hábito primitivo ou militarista, autoritário, ou seja lá o que for que imaginem. Ele não diz em nenhum discurso que não devem existir clãs, ele diz para respeitar os cabeças de clãs e as famílias e os indivíduos, e não se opõe (como se opôs aos brâmanes em sua religião e política). Ele diz para perseverar nessas ações benéficas. Sempre existem ações benéficas, sempre existe a opção de tomar a decisão pela ação benéfica. Tudo parte de decisões, do que fazer com o que encontramos, do indivíduo no budismo, não de um sistema, não de uma coletividade, não de uma decisão de uma maioria que impõe sua vontade sobre uma minoria (o que chamam democracia e ainda acham que isso é bom e que faz o bem), mas da liberdade individual. Agora vamos às consequências dessas decisões e atitudes.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"E assim eles farão essas coisas e como conseqüência disso o seu tempo de vida e a beleza se incrementarão. Os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido vinte anos passaram a viver até quarenta, os filhos deles passaram a viver até oitenta, os filhos deles passaram a viver até cento e sessenta, os filhos deles passaram a viver até trezentos e vinte, os filhos deles passaram a viver até seiscentos e quarenta; os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido de seiscentos e quarenta anos passaram a viver até dois mil anos, os seus filhos passaram a viver até quatro mil anos, os filhos deles passaram a viver até oito mil anos e os seus filhos passaram a viver até vinte mil anos. Os filhos daqueles cujo tempo de vida havia sido de vinte mil anos passaram a viver até quarenta mil anos e os filhos deles passaram a viver até oitenta mil anos.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Entre aquelas pessoas com um tempo de vida de oitenta mil anos, as meninas estarão prontas para casar com quinhentos anos de idade. E essas pessoas conhecerão apenas três tipos de enfermidades: desejo, jejum e envelhecimento. E na época dessas pessoas, este continente de Jambudipa será poderoso e próspero; vilarejos, vilas e cidades estarão muito próximas uma das outras. Jambudipa, tal como Avici estará tão cheio de gente quanto</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">uma mata está cheia de capim e arbustos. Nessa época, a Benares de hoje será uma cidade real denominada Ketumati, rica, próspera e populosa, repleta de gente e bem suprida. Em Jambudipa haverá oitenta e quatro mil cidades lideradas por Ketumati como a capital real. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"E na época das pessoas com um tempo de vida de oitenta mil anos, irá surgir na capital Ketumati um rei chamado Sankha, um monarca que irá girar a roda, um monarca justo de acordo com o Dhamma, conquistador dos quatro pontos cardeais" (…)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em que direção seguem as professias do Buda? Mundos melhores e cda vez melhores. Observemos bem as características que ele descreve desses mundos. Se ele descreve essas e não outras é porque essas são importantes. Longevidade, beleza, saúde, prosperidade, etc.. E surge o que num sistema cada vez melhor? Uma eleição? Um parlamento? Um presidente? Uma anarquia? Uma sociedade alternativa? Uma comuna? Uma ditadura do proletariado? Não! Surge um rei, um monarca, um conquistador. O topo, o melhor sistema governamental para Buda é a monarquia (e se você ainda não estiver convencido trarei vários outros textos que mostram isso). Por que o budista odierno se sente à vontade para discordar do Buda nisso e não no resto? Ele acha que nesse ponto Buda foi ingênuo ou ignorante de outros sistemas melhores ou que só nesse ponto ele não foi iluminado? De duas coisas uma, ou a monarquia é o melhor sistema para o budista ou Buda não era iluminado. Escolha.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"E na época das pessoas com um tempo de vida de oitenta mil anos, irá surgir no mundo um Abençoado chamado Metteyya, sublime, digno, perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, iluminado, sublime. Ele irá declarar - tendo realizado por si próprio com o conhecimento direto - este mundo com os seus devas, maras e brahmas, esta geração com seus contemplativos e sacerdotes, seus príncipes e povo. Ele irá ensinar o Dhamma, com o significado e fraseado corretos, que é admirável no início, admirável no meio, admirável no final; e ele irá revelar uma vida santa que é completamente perfeita e imaculada. Ele será acompanhado por milhares de bhikkhus tal como eu sou acompanhado por centenas.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Então o Rei Sankha irá reconstruir o palácio que uma vez foi construído para o Rei Maha-Panada e tendo ali vivido, ele irá renunciá-lo e presenteá-lo para os contemplativos e Brâmanes, os mendigos, os transeuntes, os destituídos. Então, raspando o cabelo e a barba, ele irá vestir os mantos de cor ocre e deixar a vida em família pela vida santa sob a orientação do supremo Metteyya. Permanecendo só, isolado, diligente, ardente e decidido,</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">em pouco tempo, ele alcançará e permanecerá no objetivo supremo da vida santa pelo qual membros de um clã deixam a vida em família pela vida santa, tendo conhecido e realizado por si mesmo no aqui e agora."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A monarquia, o Rei Sanka, são praticamente mostrados como condições para o aparecimento de Metteya. Nesse ponto podemos ver o discurso de muitos líderes budistas, inclusive monges de alto prestígio, desmoronar. Muitos budistas também ridicularizam outras religiões, principalmente como o cristianismo e o judaísmo (incluindo o bramanismo, aqueles que conhecem), que possuem profecias e histórias ligadas a reis, monarquias, salvadores reis, reconstrução de templos ou palácios como marcos, capitais poderosas, e até valores familiares em alguns casos. Aí está o Buda fazendo o mesmo tipo de profecia, com as mesmas características e objetos (e há muitos outros detalhes semelhantes). Na verdade tais pessoas são contra os valores e modo como os apresenta qualquer religião ou filosofia. Mas "coincidentemente" muitos desses são exatamente os Buda apresenta. Tais pessoas para o estudioso atento deveriam parecer como espiões infiltrados que querem disseminar suas idéias em todas as instituições, mas infelizmente esses são os que fazem mais barulho e atraem mais "adeptos". Outros com uma visão mais ortodoxa são vistos como preconceituosos, atrasados, ou que estão mais influenciados por elementos culturais do que pelo dhamma.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para terminar, vamos finalizar, com o ensinamento, essencial, e que todos concordam no budismo (ou deveriam), que é o que está no ensinamento desse sutta.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Bhikkhus, sejam ilhas para vocês mesmos, refúgios para vocês mesmos, buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma como o seu refúgio, buscando nenhum outro refúgio. E como, um bhikkhu é uma ilha para ele mesmo ... ? Quando ele permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo; quando ele permanece contemplando as sensações como sensações, a mente como mente, os objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por favor observe bem isso, sem isso a meditação pode ser assídua por anos e nunca vai sair do lugar comum; e sem isso a humanidade, seja qual for o sistema de governo, vai permanecer nas costumeiras oscilações morais, de justiça e de sabedoria precárias: "tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo". É dito duas vezes, no meio e no fim do parágrafo. E um grande medidor para qualquer um que venha como professor ou mestre do dhamma ou darma, se ele observa bem esse ponto quando ensina a meditação (ou se ele, por outro lado, ensina a "lutar pelos seus direitos", "lutar pela igualdade", enfim, lutar, lutar, lutar, pelas coisas do mundo, como muitos têm feito). Mas veja como é que diz Buda que seu "direito" vai se incrementar, seu poder, sua riqueza, sua felicidade, seu tempo de vida, sua beleza. O que será que essa frase enigmática no inicio quer dizer? Por que será que Buda aponta agora nessa direção? Buda explica em seguida, não precisa que ninguém lhe diga.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Mantenham-se no seu próprio domínio bhikkhus, no seu território ancestral. Se vocês assim o fizerem, o seu tempo de vida irá se incrementar, a sua beleza irá se incrementar, a sua felicidade irá se incrementar, a sua riqueza irá se incrementar, seu poder irá se incrementar."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"E qual é o tempo de vida para um bhikkhu? Neste caso, um bhikkhu desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido ao desejo e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido à energia e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido à mente e às formações volitivas do esforço. Ele desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido à investigação e às formações volitivas do esforço. Ao praticar com freqüência essas quatro bases do poder espiritual, ele poderá se quiser, viver por todo um século, ou a parte que faltar para um século. Isso é o que chamo de tempo de vida para um bhikkhu.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“E o que é a beleza para um bhikkhu? Neste caso, um bhikkhu pratica a conduta correta, ele vive contido pelas regras do Patimokkha, perfeito na conduta e na sua esfera de atividades, temendo a menor falha ele treina adotando os preceitos de virtude. Essa é a beleza para um bhikkhu.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“E o que é a felicidade para um bhikkhu? Neste caso um bhikkhu, isolado dos prazeres sensuais entra no primeiro jhana, segundo, terceiro, quarto jhana. Essa é a felicidade para um bhikkhu.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“E o que é riqueza para um bhikkhu? Neste caso um bhikkhu, permanece permeando o primeiro quadrante com a mente imbuída de amor bondade, da mesma forma o segundo, da mesma forma o terceiro, da mesma forma o quarto; assim, acima, abaixo, em volta e em todos os lugares, para todos bem como para si mesmo, ele permanece permeando o mundo todo com a mente imbuída de amor bondade, abundante, transcendente, imensurável, sem</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">hostilidade e sem má vontade. Depois, com a mente imbuída de compaixão, … com a mente imbuída de alegria altruísta, … com a mente imbuída de equanimidade, … ele permanece permeando o mundo todo com a mente imbuída de equanimidade, abundante, transcendente, imensurável, sem hostilidade e sem má vontade. Essa é a riqueza de um bhikkhu.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“E o que é o poder para um bhikkhu? Neste caso, um bhikkhu, com a eliminação das impurezas, permanece num estado livre de impurezas com a libertação da mente e a libertação pela sabedoria, tendo conhecido e manifestado isso para si mesmo no aqui e agora. Esse é o poder para um bhikkhu.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este é o foco, este é o poder, esta é a vontade (olhe quantas vezes aparece a palavra "volitiva", vontade é importante, desejo também, veja como e em que direção o desejo é importante, embora a maioria ensine outro budismo diferente de Buda). Este é o esforço, estas são as regras. É um treinamento que você faz se quiser e pode se dizer budista mesmo que não faça, pode se dizer praticante do dhamma? Mesmo os "leigos" tem preceitos para serem adotados, "contido pelas regras do Patimokkha, perfeito na conduta e na sua esfera de atividades, temendo a menor falha ele treina adotando os preceitos de virtude". E agora terminando, para quem não sabe, Buda fala de uma força do mau, pessoal, um Satã ou um Arimã do budismo, real e poderoso que deve ser vencido. Se estão lhe ensinando um budismo de um mundo alternativo, sem hierarquia, sem regras, sem compromisso, de democracia ou socialismo em vez de monarquia e valores morais definidos; sem inferno, sem ser do mau, cheio de psicologismos e supostos "apenas simbolismos", sinto muito, você está sendo enrolado, é hora de ver o que você quer.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Bhikkhus, eu não considero que exista um outro poder tão difícil de ser conquistado quanto o poder de Mara. É apenas acumulando estados benéficos que o mérito se incrementa."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Isso foi o que disse o Abençoado. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as palavras do Abençoado.</span><br />
<div>
<br /></div>
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<br /></div>
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(continua...)</div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-38713691964724330312018-03-07T17:01:00.002-08:002018-03-07T17:01:54.287-08:00Psicologia Budista Primeira PalestraPor R Y O T A N T O K U D A - do livro Psicologia Budista<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Vamos começar as aulas sobre Psicologia Budista. Na
verdade não existe uma Psicologia Budista, mas sim um
estudo especial, que nós podemos considerar como se fosse
uma Psicologia, a isto chamamos em japonês Yuishiki e
em sânscrito Vijna Matravada.
Praticantes Zen com muita experiência de meditação
chegaram à conclusão de que este mundo é visto através
de uma consciência que abrange um ponto de vista totalmente
diferente. O Yuishiki é estudado através da prática
da meditação e sempre junto com a prática da meditação.
Essa teoria diz que todo este mundo é consciência e,
para entendê-la, são necessários vários anos de treinamento
e pesquisa. O Budismo não tem dogmas, baseia-se em
algumas teorias fundamentais. A primeira delas diz respeito
às características da existência. Que são em número de
quatro.
A primeira característica é Anikka, que, em sânscrito,
significa impermanência. Todas as coisas deste mundo
estão em constante mutação, tudo se transforma. Entretanto
as pessoas estão querendo segurá-las pelo apego, mas
nunca conseguirão, por isso o Zen diz que a vida comum é
sofrimento. A segunda característica da existência é o sofrimento
proveniente do apego. Em sânscrito, esta segunda
característica se chama Dukkha. Toda a impermanência é
insatisfação e dor, a dor é proveniente do apego que pro-
9
duz o sofrimento. Assim, nós podemos saber a terceira
característica da existência, que é Anatman. Não há nada
de permanente, é o que significa Anatman. Atman é o
ego. Anatman é a negação do ego. Não existe ego, tudo é
sem um ego permanente e nada tem identidade. Não se
pode chamar eu, meu ou minha. Não somente as coisas
todas não pertencem a você, mas o teu corpo também não
pertence a você. A quarta característica da existência é,
portanto, Nirvana. Existe um estado de extinção da dor, e
existe uma paz que o mundo não pode dar nem tirar. Exatamente
quando se chega a este estado de não-ego, não há
nada para segurar, para pedir, é o vazio e com isto nós
podemos encontrar tranqüilidade ou paz. Estas são as
Quatro Características da Existência, mas seres humanos
muitas vezes não entendem essa teoria e continuam ano
após ano apegados às coisas não se dando conta que não
podem possuí-las para sempre e sofrem com isso.
Falaremos agora de outra teoria Budista fundamental.
Esta teoria é considerada como o primeiro sermão do Buda
depois de seu iluminamento. Quando ele estava analisando
sua experiência do iluminamento, a primeira coisa
que descobriu foi esta teoria, também chamada de As
Quatro Nobres Verdades, a qual diz o seguinte: toda existência
é dor; toda dor provém do apego, da ignorância;
existe uma maneira de se extinguirem o apego e a ignorância
e essa maneira é a prática do Caminho.
Toda a existência é dor, sofrimento - Dukkha. No Budismo,
os quatro sofrimentos principais são nascimento,
velhice, doença e morte, porque todas as fases da existência
humana encaradas sem sabedoria são sofrimento. Vi-
10
ver neste mundo é sofrimento, é adoecer e morrer. Existem
também os sofrimentos secundários: primeiro, aquele
proveniente da separação daqueles a quem amamos; em
segundo lugar, o proveniente do encontro com aqueles a
quem odiamos; em terceiro lugar, não conseguir alcançar
aquilo que se deseja; finalmente, não se conseguir ficar
longe daquilo que se odeia.
Temos os Skandhas. Os cinco Skandhas são o corpo,
as coisas materiais e a consciência. A nossa existência.
Nós temos cinco sentidos e com isso estamos vivendo
neste mundo. O desejo sempre funciona através dos cinco
sentidos visando a satisfação. Existem cinco tipos de desejos
que são dormir, comer, sexo, poderes e bens materiais.
Essas coisas são necessárias para vivermos neste mundo;
não podem faltar, mas existe um limite, o querer sempre
mais, é como uma faca com mel, a pessoa lambe, lambe o
mel, e aí corta a língua com a lâmina da faca. Hoje em dia
no mundo, o nível espiritual está muito baixo e as altas
sociedades estão cheias de coisas apodrecidas. Há, por
exemplo, o sexo livre, juntamente com drogas, mas quem
pode utilizar essas drogas são bilionários, porque são caras
e se não for para quem tem muito dinheiro acabam acontecendo
crimes e assassinatos. As pessoas dessas sociedades
possuem muitos bens materiais, mas espiritualmente
estão decadentes, isto tudo é Dukkha, sofrimento. Qual é
pois a origem do sofrimento? É o apego e a ignorância.
Como é que se pode acabar com o sofrimento? Acabando
com o desejo ou apego, pode-se chegar ao Nirvana. O
Nirvana é o Caminho para atingir a extinção do sofrimento,
é como o método do médico diante do doente. O médico
pergunta: "Qual é o problema? Dor de cabeça, dor de
11
estômago. Por que foi surgir esta dor? Estava muito tenso,
ou estava muito nervoso?" Descobrindo a origem do
mal, então se receita o remédio, e é o remédio que cura. É
sobre este método de médico que estamos falando aqui.
Qual é o Caminho para extinção do sofrimento? O
Caminho para extinção do sofrimento é o Óctuplo Caminho,
que são: Compreensão Correta, Pensamento Correto,
Palavra Correta, Ação Correta, Vida Correta, Esforço Correto,
Atenção Correta e Concentração Correta. Se nós
formos capazes de viver neste mundo com o Óctuplo Caminho,
nós nos desvinculamos do sofrimento.
O Budismo tem uma outra teoria um pouco mais complexa,
que é a teoria dos Doze Nidanas. A teoria dos Doze
Nidanas é mais ou menos a seguinte: por que é que existe
o envelhecimento, decadência e morte? Por que tudo isto é
sofrimento? Por que foi que nascemos? Por que existimos?
Essa teoria diz o seguinte: o que existe? Tato, sensação,
percepção, todas aquelas funções da consciência. Por quê?
Por que possuímos mente? Porque temos apego. Prosseguindo
nesta cadeia de causas, quando se chega na última,
essa teoria diz que tudo é ignorância. Ignorância não tem
luz, ou seja, é ausência de sabedoria. Não vemos as coisas
claramente, como elas são realmente, isto é a ignorância.
Partindo agora do contrário, se não houver ignorância, se
se conseguir sabedoria, não há a corrente de causas, e se
não tem isto então não tem aquilo, assim vem o não ter
nascimento e por isto os Budistas descobriram que o fundo
da nossa existência, o fundo do nosso sofrimento é a ignorância.
12
Nós precisamos estudar a raiz do problema que é a ignorância.
Esta pesquisa de Yuishiki, (Vijna Matravada) é
estudar a ignorância, através da prática da meditação. Agora,
voltemos ao Óctuplo Caminho: compreensão correta,
pensamento correto, palavra correta, ação correta, vida
correta, esforço correto, atenção correta, concentração
correta. Praticando o Óctuplo Caminho, pode-se evitar
criar o Karma. A palavra Yuishiki significa apenas consciência,
este mundo é consciência. Isto é baseado na teoria
do Anatman (não-ego). Nós temos vários tipos de desejos
e o primeiro é o ego, a compreensão errada, isto é, pensar
que existe este corpo, assim se fica apegado ao corpo.
Com isso vem o orgulho e assim se inicia o processo de
amar a si próprio. Ama mas não pode satisfazer totalmente
os desejos, produzindo o sofrimento.
A teoria Budista fundamental é o Anatman, isto é, não
existe um ego. Então pergunto, como é que se pode explicar
a reencarnação e coisas deste tipo?
A teoria Yuishiki explica: não existe uma identidade
que mantenha o corpo constante e eternamente, apenas
existe um corpo de continuação do eu, nascendo e morrendo
a cada momento, e isto pode ser explicado através
da comparação com uma vela. Quando se acende uma
vela, ela continua acesa: esta chama é a mesma chama,
mas ao mesmo tempo não é a mesma chama, isto é o que
acontece também com os seres humanos. Assim o Budismo
chega ao fundo da consciência, da 6ª consciência.
Mais profundo ainda há a 7ª e a 8ª consciências, isto é,
três a quatro consciências antes daquelas explicadas por
Freud ou Jung. Isto nós chamamos consciência de Alaya e
13
substância da reencarnação, porque Alaya forma o corpo
do ser humano, a consciência, a mente e ao mesmo tempo
as estrelas, montanhas, rios e árvores e tudo mais. Por isso
não pode apegar às coisas. Geralmente a pessoa pensa: eu
estou aqui e estou vendo montanhas, mas os Budistas vê-
em que no fundo isto é uma coisa só, não há uma parte
que fica com a substância eu e uma outra parte separada
como uma coisa, um objeto: montanha. Em Alaya Vijnana
a pessoa se vê como se estivesse existindo fora de si
mesma, então, todas as existências fora de si próprias não
estão separadas de si próprio. Isso pode assustar. O que
seria neste caso a Ciência? Ela estuda os materiais para
descobrir a realidade. Hoje em dia os cientistas descobriram
barreiras ou obstáculos muito grandes. No Brasil,
muitos físicos já estão praticando Zen, também conheço
cientistas na Inglaterra e na Itália que começaram a praticar
o Zen. Do ponto de vista Budista, os seres humanos,
nós e a natureza, não somos duas coisas separadas e contrárias.
Fora da nossa consciência não existem montanhas
ou natureza, no fundo é uma coisa só.
Hoje em dia o pensamento moderno está contaminado
com o mito da Ciência, mas essa apresenta dificuldades
em muitos aspectos. Também a Psicologia chegou a grandes
obstáculos por pesquisar a mente através do método
científico. As teorias podem ser muito bonitas, mas ninguém
sabe como explicar as coisas. Depois de Freud, por
exemplo, surgiram muitas outras linhas de Psicologia, a
Yungiana, a Gestáltica, a da Psicologia Transpessoal, Reich,
etc., todas buscando a compreensão da mente e algumas
vezes aplicando métodos orientais, com isto está se
querendo chegar até o fundo. Essa questão o Yuishiki es-
14
tudou dentro da consciência e, analisando, chegou à conclusão
de que estas coisas, a nossa existência e os fenô-
menos no mundo, são uma só coisa, apenas facetas de
Alaya Vijana, a qual separa e junta as duas coisas.
Há uma relação dos estados de consciência. Existem
cinco pré-consciências, que são: visão, audição, olfação,
gustação e tato e, uma sexta que nós chamamos de mente,
pensamento, conhecimento, emoções e sentimentos, aquilo
que pensa, aquilo que sente dores ou é triste ou alegre.
Para os Budistas, entretanto, existem ainda outras consciências,
a sétima consciência ou Manas Vijnana, a
consciência do egocentrismo, e a oitava consciência, a
Alaya Vijnana.
Geralmente a nossa percepção funciona desta maneira:
há um limite que origina o nome. O nome indica o objeto
com palavras. Quando termina isto, termina a percepção.
Isto é uma mesa. Isto é uma cadeira. Assim nós pensamos
que entendemos o que isto é. Este limite é a forma e tem
duas características: a primeira é a aparência. A mesa tem
4 pés, tem gavetas, mas, olhando bem, não é mesa, é madeira,
e a madeira são moléculas e átomos, e por aí vai.
Aparentemente é, mas olhando bem, o que é? Sempre existem
as palavras. Hoje em dia a Ciência está penetrando
dentro da função da mente. Através da anatomia do cérebro,
descobriu-se que nós temos o cérebro direito e o esquerdo,
cada parte tem uma função. O direito não tem
nomes e o esquerdo é com palavras. As pessoas aprendem
as coisas através de nomes, palavras, frases, tudo com a
parte esquerda, mas a intuição direta e a criatividade estão
no lado direito. Por isto o conhecimento, o computador,
15
isto pode desenvolver a parte esquerda, mas nós precisamos
também do lado direito funcionando bem, para podermos
ter sentimentos quando escutamos uma música
bonita e coisas assim. Em cada parte do cérebro já se estão
localizando as consciências, como a fome, o desejo, o
olfato, o tato, cada parte é responsável por certas consci-
ências. Por exemplo, se cortar uma das partes do cérebro
de um gato, ele pode começar a comer e com isto não ter a
sensação da barriga cheia, come, come, até morrer. Se
cortar a outra parte então não tem mais fome e aí fica sem
comer, até acabar morrendo.
Depois da aparência, a segunda característica da forma
é o nome, a origem de surgir a ação da língua, pois com a
forma a pessoa coloca nome. A forma tem esta característica.
Esta mesa ocupa espaço e outros materiais não ocupam
o mesmo espaço, com isto julga-se entender as coisas
quando se coloca o nome. Na vida cotidiana nós estamos
dentro deste mundo, mas os Budistas de Yuishiki colocam
isto como sendo uma falsa discriminação ou uma discriminação
ilusória, porque a nossa função de percepção está
toda limitada, de acordo com a sétima e a oitava consciências.
Por isso, para se perceber este mundo é necessário
uma outra maneira, chamada em sânscrito SamyakuVijnana.
Esta é a verdade última e pode ser percebida por
sabedoria correta. A palavra Tathagata significa ser como
eles são. Vocês se lembram daquela palavra Tathagata, o
nome do Buda. Buda tinha dez tipos de nomes, Namo
Tassa, Bagavato, Arahato, Sama Sambudassa, Arahat,
Tathagata. Ele mesmo chamava a si próprio de Tathagata.
Tathagata significa Tata-a-ta, aquele que vem assim
como vem, ou aquele que vai indo assim como vai indo.
16
Este assim é o que estamos tratando hoje. No Brasil há
uma gíria, é isto aí bicho. É exatamente isso; Tathagata é
isso mesmo, vem assim, vai assim, nesta verdade absoluta
e presente. Através da sabedoria correta podemos ver as
verdadeiras formas das coisas sem as distorcer, mas essa
percepção não é uma coisa externa e sim uma coisa do
mundo do Dharma. Por exemplo, nós estamos andando de
noite e de repente vemos uma cobra, e levamos aquele
susto, e pulamos para trás. Ao melhor observar, percebemos
que aquilo não era cobra, era uma corda. É parecido,
não? Nós estamos trabalhando em cima dessas coisas. A
cobra é um nome, não é cobra, é corda, mas este nome
corda também não é uma verdade. Não é corda não, são
simplesmente fibras de plantas que estão trançadas, nisto é
que colocamos o nome de corda. Mas a fibra trançada não
existe, a Ciência chegou até este ponto, descobriu moléculas
e os átomos. As plantas são formadas com átomos. Os
Budistas também pensaram nesse átomo e o chamaram
Gokubi que quer dizer aquilo que não pode mais ser dividido.
Os cientistas e físicos também chegaram até esse
ponto.
A palavra átomo significa aquilo que não pode ser dividido,
a-tomo, com o prefixo de negação a, mas hoje em
dia todos sabem que o átomo não é o último, pode também
ser dividido, como o nêutron, o elétron e tudo mais.
Quando se conseguiu entender isso surgiu a bomba atômica,
a arma nuclear. Nós estamos neste momento com o
perigo da destruição do mundo. Até agora sempre houve
guerra, mas somente guerra convencional, ganhando ou
perdendo, a guerra termina, mas se acontecer a 3ª Guerra
Mundial, então será o fim. A energia de uma bomba atô-
17
mica é de 100 ou 1000 vezes maior do que a da bomba de
Hiroshima e Nagasaki e países como a União Soviética ou
os Estados Unidos têm mais de 1000 mísseis. Este é o
resultado da Ciência moderna, com isto todo mundo fica
assustado; então há o mito da Ciência. Alguma coisa está
errada. O átomo não pode se dividir mais, mas, se não
pode se dividir, então não existe. O átomo, o nêutron e o
elétron, se forem quebrados, o que irá acontecer? Haverá
liberação de uma enorme quantidade de energia. Voltando
agora à prática do Caminho. Os cientistas sempre procuram
a verdade, sentem aquela emoção de encontrar a verdade,
mesmo cientes do perigo que suas descobertas podem
trazer. Quando surgiu a teoria atômica, outras pessoas
que nada tinham a ver com isto,como os militares, por
exemplo, lançaram mão e dela fizeram uso. Então o que
acontece? Se liberar esta energia proveniente da quebra de
núcleos, prótons e elétrons, o que vamos encontrar? Teoricamente,
se existe uma coisa material, ela pode ser dividida.
Dividindo, dividindo, chega-se até uma coisa muito
pequena, mas no pensamento, pode-se ainda imaginar a
divisão, partículas infinitamente menores. Há os quatros
pontos cardeais, mais o ponto que está em cima e o que
está embaixo, ao todo seis pontos cardeais. Isto é o átomo,
a menor coisa que existe, mas se existe, tem ainda estes
seis lados, referentes aos pontos cardeais. E se existem
esses seis lados, ainda se pode dividir e com isto se encontra
o vazio. O Budismo chegou à conclusão de que tudo é
vazio, mas os cientistas não podem aceitar o vazio. O vazio
é o zero. Multiplique o zero cem mil vezes, mas ainda
continua sendo zero. A Ciência hoje é isto, para criar algo
tem que ter 1, 2, 3, somente assim pode-se criar. A química
pode criar a vida através das proteínas, pode criar uma
18
vida primitiva, mas sempre a partir das coisas que já existem.
Entretanto o nada é sempre nada, o vazio é sempre
vazio.
O Budismo é o vazio total, dentro do vazio aparecem
as existências maravilhosas. Este mundo é exatamente
isso, tudo é vazio, só se vê o vazio, as coisas existem, mas
não têm identidade. As coisas se formam provisoriamente
com a união dos elementos, mas estão mudando totalmente.
Isto era árvore, agora é madeira, amanhã mesa e depois
pode queimar ou apodrecer. </span>Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-55312768838419235562018-01-24T18:47:00.001-08:002018-01-24T18:47:06.759-08:00BHAVANGA-SOTA e BHAVANGA-CITTA<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; color: #f48d1d; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 22px; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal; margin: 0px; position: relative;">
<br /></h3>
<div class="post-header" style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.6; margin: 0px 0px 1em;">
<div class="post-header-line-1">
</div>
</div>
<div class="post-body entry-content" id="post-body-5150328981331847065" itemprop="description articleBody" style="background-color: white; color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.4; position: relative; width: 586px;">
Do Dicionário Budista - Manual de Termos Budistas e Doutrinários de Nyanatiloka.<br />Terceira edição revisada e ampliada editada por Nyanaponika.<br />Tradução: Teresa Kerr<br />Revisão: Arthur Shaker <br />BHAVANGA-SOTA e BHAVANGA-CITTA: O primeiro termo pode ser<br />aproximadamente interpretado como ‘Corrente subterrânea que forma a Condição dos<br />Seres, ou Existência’, o segundo como ‘Subconsciência’, apesar de, como ficará<br />evidenciado a seguir, diferir, em diversos aspectos, do uso do termo comum na<br />psicologia Ocidental. Bhavanga (bhava-anga), o qual nos trabalhos canônicos, é<br />mencionado duas ou três vezes no Patthana, é explicado nos comentários do<br />Abhidhamma como a fundação ou condição (karana) da existência (bhava), como<br />condição sine qua non da vida, tendo a natureza de um processo, lit. um fluxo ou<br />corrente (sota). Assim, desde tempos imemoriais, todas as impressões e experiências<br />são, como assim dizer, armazenadas, ou melhor dizendo, estão funcionando, mas<br />ocultas para a consciência plena, de onde ocasionalmente emergem como fenômeno<br />subconsciente e se aproximam do limiar da plena consciência, ou cruzando-a se tornam<br />completamente conscientes. Esta assim chamada ‘corrente subconsciente da vida ou<br />corrente subterrânea da vida’ é aquilo através da qual pode ser explicada a faculdade da<br />memória, os fenômenos psíquicos paranormais, crescimento mental e físico, Karma e<br />Renascimento, etc – Uma tradução alternativa seria ‘continuum-da-vida’.<br />Deve-se notar que bhavanga-citta é um karma- resultante estado de consciência (vipaka,<br />q.v.) e que, no nascimento como um ser humano ou nas formas superiores de existência,<br />ele é sempre resultado de karma bom ou saudável (kusalakamma-vipaka), embora em<br />vários níveis de força (v. patisandhi, final do artigo). O mesmo é aplicado para a<br />Consciência-Renascimento (patisandhi) e Consciência da Morte (cuti), as quais são<br />somente manifestações particulares da Subconsciência. – No Vis. XIV é dito:<br />“Logo que a consciência-renascimento (no embrião no momento da concepção) cessou,<br />então surge uma similar Subconsciência com exatamente o mesmo objeto, seguindo<br />imediatamente sobre a consciência-renascimento e sendo o resultado deste ou daquele<br />Karma (ação volitiva feita no nascimento anterior e lembrada no momento antes da<br />morte). E novamente um posterior estado semelhante de subconsciência surge. Agora,<br />não surgindo outra consciência para interromper a continuidade da corrente-da-vida, a<br />corrente-da-vida, como o fluxo de um rio, surge da mesma forma novamente e<br />novamente, mesmo durante o sono sem sonho e em outros momentos. Dessa forma<br />deve-se entender o contínuo surgimento desses estados de consciência na corrente-davida.” Cf. viññana-kicca. Para maiores detalhes v. Fund. II (App).</div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-76607881673522216552018-01-24T18:39:00.001-08:002018-01-24T18:45:13.968-08:00Yogacara e a Escola Consciência-apenas - parte 1<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O discurso Yogacara explica como nossa experiência humana é construída pela mente.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara (em sânscrito , literalmente: “a prática do yoga”, “aquele cuja prática é yoga”) é uma influente escola budista de filosofia e psicologia enfatizando a fenomenologia e (alguns argumentam) ontologia através da lente interior da meditação e yoga práticas. Ela se desenvolveu dentro do indiano Mahāyāna por volta do quarto século EC.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nomenclatura, ortografia e etimologia:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">[Yogacara] ou Cittamātra [consciência apenas]</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">China : Weishi Zong (唯识宗”escola Consciência-apenas”), Weishi Yújiāxíng Pai (唯识瑜伽行派”Consciência Apenas Yogacara Escola”), Fǎxiàng Zong (法相宗”, "Escola Dharmalaksana”), Cí’ēn Zong (慈恩宗 “Escola Ci’en”)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Japonês : Yuishiki (唯识”Consciência-apenas”), Yugagyō (瑜伽行”Escola Yogacara”)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coreano : Yusig Jong (유식종 “escola Consciência-apenas”), Yugahaeng Pa (유가행파 “Escola Yogacara”), Yusig-Yugahaeng Pa (유식유가행파 “Escola Consciência Apenas Yogacara”)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vietnã : Duy Thuc Tong (“Escola Consciência Apenas”), Du-gia Hanh Tong (“Escola Yogacara”)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Tibete : sems-tsam</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mongol : егүзэр, yeguzer</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Inglês [brasileiro]: Escola Prática de Yoga, escola Consciência-apenas, Realismo subjetivo, Escola mente apenas.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara é também transliterado (usando alfabeto Inglês normal) como “Yogachara”. Outro nome para a escola é Vijñanavada (sânscrito) Vada significa “doutrina” e “caminho”;. Vijñāna significa “consciência” e “discernimento”.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">História</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O Yogacara, juntamente com o Madhyamaka , é uma das duas principais escolas filosóficas nepalesas e do Budismo Mahayana indiano.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Origem</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Masaaki (2005) afirma: “[de] acordo com a Sūtra Saṃdhinirmocana , o texto Yogacara primordial, o Buda define a “roda da doutrina“(Dharmacakra) em três movimentos”. Assim, o Sutra Saṃdhinirmocana, como o pioneiro doutrinário de Yogacara, inaugurou o paradigma de as três voltas da roda do Dharma , com seus princípios próprios no “terceiro giro”. Os textos Yogacara são geralmente considerados parte do terceiro giro junto com o relevante sutra . Além disso, as pesquisas e o discurso Yogacara sintetiza as três voltas. As origens da tradição erudita Yogacara indiana estavam enraizadas na escolástica sincrética de Nalanda University, onde a doutrina da consciência-apenas (vijñapti-matra ou cittamātra) foi a primeira amplamente propagada. Doutrinas, dogmas e derivados desta escola tem influenciado e tornam-se bem estabelecidas na China, Coréia, Tibete, Japão e da Mongólia e em todo o mundo através da divulgação e diálogo feito pela diáspora budista. A orientação da escola Yogacara é largamente consistente com o pensamento dos Nikayas Pāli. Ele freqüentemente trata posteriores desenvolvimentos de uma forma que realinha-los com as versões anteriores de doutrinas budistas. Dan Lusthaus conclui que uma das agendas da escola Yogacara foi para reorientar a complexidade de refinamentos posteriores na filosofia budista de acordo com a doutrina budista. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vasubandhu, Asanga e Maitreya-natha</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara, que teve sua gênese no Sutra Saṃdhinirmocana, foi amplamente formulada pelos brâmanes nascidos meio-irmãos Vasubandhu e Asanga (que se dizia ser inspirado pelo quase histórico Maitreya-natha , ou o divino Maitreya). Esta escola tinha uma posição proeminente na tradição indiana escolar durante vários séculos, devido a sua linhagem elogiado e propagação em Nalanda.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara e Madhyamaka</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Como evidenciado por fontes tibetanas, esta escola foi prolongada em dialética com o Madhyamaka . No entanto, há discordância entre os ocidentais contemporâneas e tradicionais estudiosos budistas sobre o grau em que eles se opuseram, se não em tudo. Para resumir a principal diferença de uma forma bem breve correndo o risco da acusação de imprecisão, enquanto o Madhyamaka conclui que afirmar a existência ou não existência de qualquer coisa, em última análise real era inadequado, alguns expoentes da Yogacara afirmavam que a mente (ou em variações mais sofisticadas, a sabedoria primordial) e só a mente é, em última análise real. Nem todos os Yogacaras, no entanto, afirmavam que a mente era verdadeiramente existente. De acordo com algumas interpretações, Vasubandhu e Asanga em particular, não o fez. Mais tarde expoentes Yogacara sintetizaram as duas visões, particularmente Śāntarakṣita , cuja visão foi mais tarde chamada de “Yogacara-Svatantrika-Madhyamaka” pela tradição tibetana. Em sua opinião, a posição Madhyamika é a verdade última e, ao mesmo tempo o ponto de vista da mente é apenas uma maneira útil de se relacionar com convencionalismos e estudantes em progresso mais habilmente em direção ao final. Essa visão sintetizada entre as duas posições, que também incorporou pontos de vista de cognição válida a partir de Dignaga e Dharmakirti , foi um dos últimos desenvolvimentos do budismo indiano, antes de ser extinto no século 11 durante a incursão muçulmana . Também foi exposta por Xuanzang, que depois de um conjunto de debates com expoentes da Escola Madhyamaka, compôs em sânscrito, o tratado de três mil versos a não-diferença de Madhyamaka e Yogacara. Ensinamentos posteriores Yogacara são especialmente importantes no budismo tântrico , que evoluiu junto com o seu desenvolvimento na Índia.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara no Tibete</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara foi transmitida ao Tibet por Śāntarakṣita e mais tarde por Atisa , foi posteriormente integrante do budismo tibetano , embora o ponto de vista Geluk dominante entendeu-se que era menos definitivo do que Madhyamaka. A terminologia Yogacara é usada pelo Nyingmapa em seu apogeu, Dzogchen. Yogacara também se tornou central para a Ásia Oriental. Os ensinamentos de Yogacara tornaram-se a escola do budismo chinês Wei Shi. Os atuais debates entre escolas tibetanas, os pontos de vista Shentong (vazio de outros) e rangtong (vazio de si), parecem semelhantes aos debates anteriores entre Yogacara e Madhyamaka, mas as questões e distinções evoluíram ainda mais. Embora os pontos de vista mais tardios tibetanos poderiam ter evoluído a partir das posições anteriormente indianas, as distinções entre os pontos de vista tornaram-se cada vez mais sutis, especialmente depois que o Yogacara incorporou a visão Madhyamika do supremo. Ju Mipham, comentarista no século 19, escreveu em seu comentário sobre a síntese Śāntarakṣita, que é melhor a visão de que ambas as escolas são a mesma e que cada caminho também leva ao mesmo estado final permanente.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Yogacara no Leste da Ásia</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Até o fechamento da Dinastia Sui (589-618), o budismo na China haviam desenvolvido muitas escolas e tradições distintas. Xuanzang, nas palavras de Dan Lusthaus :</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">… Chegou à conclusão de que as muitas disputas e conflitos de interpretação que permeiam o budismo chinês foram o resultado da indisponibilidade de textos cruciais na tradução chinesa. Em particular, ele [Xuanzang] pensou que uma versão completa do sastra Yogācārabhūmi , uma descrição Yogacara enciclopédica das etapas do caminho para o estado de Buda escrito por Asanga, iria resolver todos os conflitos. No século 6 um missionário indiano chamado paramartha (outro tradutor principal) tinha feito uma tradução parcial do mesmo. Xuanzang resolveu adquirir o texto completo na Índia e apresentá-lo para a China. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Além disso, Dan Lusthaus [mostra] gráficos diferentes nas dialética e tradições divergentes do budismo na Índia e China descobertos por Xuanzang e menciona a natureza de Buda , Despertar da Fé , e Tathagatagarbha :</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Xuanzang também descobriu que o contexto intelectual em que os textos budistas eram disputados e interpretados era muito mais amplo e variado do que os materiais chineses haviam indicado: posições budistas foram forjados em um debate sincero com uma gama de doutrinas budistas e não budistas desconhecidos na China, e a terminologia dos debates culminou ricamente em seu significado e conotações dentro deste contexto. Enquanto na China o pensamento Yogacara e Tathāgata-garbha foram se tornando inseparáveis, na Índia ortodoxa Yogacara parecia ignorar se não mesmo rejeitar o pensamento Tathāgata-garbha. Muitas das noções fundamentais em budismo chinês (por exemplo, a natureza de Buda) e seus textos cardeais (por exemplo, O Despertar da Fé) eram completamente desconhecidos na Índia.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Principais expoentes de Yogacara</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Principais expoentes Yogacara classificados em ordem alfabética e de acordo com a localização:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">China: paramartha真谛(499-569), Xuanzang玄奘(602-664) e Kuiji窥基(K’uei-chi; 632-682);</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Índia: o meio-irmãos Asanga e Vasubandhu; Sthiramati安慧e Dharmapala护法</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Japão: Chitsū智通e Chidatsu智达(NB: essas duas pessoas são mencionadas no Kusha (budismo) )</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Coréia: Daehyeon大贤, Sinhaeng (神行; 704-779), Wonch’uk (圆测; 631-696) e Wonhyo (zh:元晓; 원효; 617-686)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Tibete: Dolpopa , Taranatha , Jamgon Kongtrul Lodro Thaye , Ju Mipham</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Corpus Textual</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sutras</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O Sutra Sandhinirmocana , Unravelling o Mistério da Sutra Pensamento (2 º século dC), foi o sutra Yogacara seminal e continuou a ser uma referência primordial para a tradição. Também contêm elementos Yogacara o Pratyutpanna Samādhi Sūtra (1 º século dC) e o Daśabhūmika Sūtra (pré-século 3 dC). Mais tarde o Lankavatara Sutra (quarto século EC) também assumiu uma importância considerável. Outros sutras proeminentes incluem o Yogacara Sūtra Śrīmālādevīsiṃhanāda e o Sūtra Ghanavyūha . </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Cinco tratados de Maitreya</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Entre os textos mais importantes para a tradição Yogacara estão os Cinco Tratados de Maitreya. Estes textos são ditos relatados a Asanga pelo Bodhisattva Maitreya, apesar de Maitreya poder ter sido o fundador real da Yogacra-escola. Eles são os seguintes:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ornamento à clara realização ( Abhisamaya-alankara , Tib. mNgon-par-rtogs Pa’i rgyan)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ornamento para os Sutras Mahayana ( Mahāyāna-sutra alankara , Tib. theg-pa chen-po’i mdo-sde’i rgyan)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Continuum Sublime do Mahayana ( Ratna-gotra-vibhāga , Tib. theg-pa chen-po rgyud bla-ma’i bstan)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Fenômenos distintivos e ser puro ( Dharma-Dharmata vibhāga , Tib. chos-dang-chos nyid rnam-par ‘byed-pa)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Distinguindo o Oriente e nos extremos ( Madhyānta-vibhāga , Tib. dbus-dang mtha ‘rnam-par’ byed-pa)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Um comentário sobre o Ornamento à clara realização chamado “Esclarecer o significado de” por Haribhadra é também frequentemente usado, como [também] é outro de Vimuktisena . A maioria destes textos foram também incorporados na tradição chinesa, que foi criada há vários séculos antes do Tibete. No entanto, o Ornamento à clara realização não é mencionado por tradutores chineses até o século 7, incluindo Xuanzang, que era um perito neste campo. Isto sugere que possivelmente surgiram de um período posterior ao que é geralmente atribuída a ele.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Asanga</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A autoria dos textos críticos Yogacara também é atribuída a Asanga pessoalmente (em contraste com os cinco tratados de Maitreya). Entre eles estão o Mahāyāna-Samgraha e o Abhidharma-samuccaya . Às vezes, também atribuído a ele é o sastra Yogācārabhūmi , uma grande obra enciclopédica considerada a declaração definitiva de Yogacara, mas a maioria dos estudiosos acreditam que ele foi compilado um século mais tarde, no século 5, enquanto seus componentes refletem diferentes etapas do desenvolvimento do pensamento Yogacara.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vasubandhu</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Vasubandhu é considerado o sistematizador do pensamento Yogacara. Vasubandhu escreveu três textos fundamentais da Yogacara:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Trisvabhāva-Nirdesa (Tratado sobre as três naturezas, Tib. Rang-bzhin gsum nges-par bstan)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Viṃśaṭikā-karika (Tratado em Vinte Estâncias)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Triṃśikaikā-karika (Tratado de Trinta Estâncias)</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ele também escreveu um importante comentário sobre a Madhyantavibhaṅga. De acordo com o estudioso budista Jay Garfield:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Enquanto o Trisvabhāva-Nirdesa é sem dúvida o. Mais filosoficamente detalhado e abrangente das três obras curtas sobre o tema composta por Vasubandu, bem como o mais claro, quase nunca é lido ou ensinado nas contemporâneas culturas tradicionais ou centros de aprendizagem. A razão pode ser simplesmente que este é o único dos textos raiz de Vasubandhu para a qual não existe auto-comentário. Por esta razão, não há nenhuma composição dos estudantes Vasubandhu de comentários sobre o texto e, portanto, não há nenhuma linhagem reconhecida de transmissão para o texto. Então ninguém dentro da tradição tibetana (o único sobrevivente tradição Mahayana acadêmica) poderia considerá-lo ou, se autorizado, a ensinar o texto. É, por isso que simplesmente não estudaram, uma grande pena. É um belo ensaio e filosofia profunda e uma introdução sem paralelos ao sistema Cittamatra.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Comentários mais tardios</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Outros comentários importantes sobre vários textos foram escritos por Yogacara Sthiramati (século 6) e Dharmapala (7 º século), e uma síntese Yogacara-Madhyamaka influente foi formulada por Śāntarakṣita (século 8).</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">http://despertar.saberes.org.br/saberesancestraistradicionaisnativos/yogacara-yogachara-vijnanavada-caminho-da-consciencia-pratica-meditaca/</span><br />
<br />
<div>
<br /></div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4182216443098455237.post-7461286177096851172018-01-24T18:19:00.000-08:002018-01-24T18:19:17.649-08:00O IMPERTURBÁVEL<div align="center" class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; margin: 14.4pt 7.2pt 14.4pt 21.6pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Aneñjasappaya Sutta</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">Somente para distribuição gratuita.</span></span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;"><br /></span><i><span style="font-size: xx-small;">Este trabalho pode ser impresso para distribuição gratuita.<br />Este trabalho pode ser re-formatado e distribuído para uso em computadores e redes de computadores<br />contanto que nenhum custo seja cobrado pela distribuição ou uso.<br />De outra forma todos os direitos estão reservados</span>.</i></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><hr align="center" size="2" width="100%" />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">1. Em certa ocasião o Abençoado estava entre os Kurus numa cidade denominada Kammasadhamma. Lá ele se dirigiu aos monges desta forma: "Bhikkhus." – "Venerável Senhor," eles responderam. O Abençoado disse o seguinte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">2. “Bhikkhus, os prazeres sensuais [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N1" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">1</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R1" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>são impermanentes, vazios, falsos, enganosos; eles são ilusórios, a tagarelice dos tolos. Os prazeres sensuais aqui e agora e os prazeres sensuais nas vidas que virão, as percepções sensuais aqui e agora e as percepções sensuais nas vidas que virão – ambos são igualmente o reino de Mara, o domínio de Mara, o engodo de Mara,<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;" title="Click to Continue > by TermBlazer"><b><span style="color: #0040e0;">A RESERVA</span></b><b><span style="color: #0040e0;"><img alt="Descrição: http://cdncache-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png" border="0" height="10" src="file:///C:/Users/Bateras/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.png" style="background: transparent; border-radius: 0px; border: 1px solid transparent; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.2) 0px 0px 0px; padding: 8px; position: relative;" v:shapes="Imagem_x0020_5" width="10" /></span></b></a> de caça de Mara. Por conta deles, estes estados ruins e prejudiciais como a cobiça, má vontade e a presunção surgem, e eles constituem uma obstrução para o nobre discípulo que aqui se encontra em treinamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(O IMPERTURBÁVEL)</span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N2" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">2</span></b></a>]<a href="https://www.blogger.com/null" name="R2" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">3. “Nesse sentido, bhikkhus, um nobre discípulo considera o seguinte: ‘Os prazeres sensuais aqui e agora e os prazeres sensuais nas vidas que virão ... constituem uma obstrução para o nobre discípulo que aqui se encontra em treinamento. E se eu permanecesse com a mente abundante e transcendente, tendo superado o mundo e tomado uma firme decisão com a mente. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N3" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">3</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R3" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Quando eu fizer isso, não haverá mais estados mentais ruins e prejudiciais em mim como a cobiça, má vontade e presunção, e com o abandono destes a minha mente estará ilimitada, imensurável e bem desenvolvida.’ Ao praticar dessa forma e permanecer assim freqüentemente, a sua mente adquire confiança nessa base. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N4" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">4</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R4" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança o imperturbável agora, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para o imperturbável. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N5" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">5</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R5" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Este, bhikkhus, é declarado o primeiro caminho dirigido para o imperturbável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">4. “Novamente, bhikkhus, um nobre discípulo considera o seguinte:[<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N6" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">6</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R6" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>‘Existem prazeres sensuais aqui e agora e prazeres sensuais nas vidas que virão, percepções sensuais aqui e agora e percepções sensuais nas vidas que virão; qualquer que seja a forma material, toda forma material compreende os quatro grandes elementos e a forma material derivada dos quatro grandes elementos.’ Ao praticar dessa forma e permanecer assim com freqüência, a sua mente adquire confiança nessa base. Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança o imperturbável agora, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para o imperturbável. Este, bhikkhus, é declarado o segundo caminho dirigido ao imperturbável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">5. “Novamente, bhikkhus, um nobre discípulo considera o seguinte:[<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N7" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">7</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R7" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>‘Prazeres sensuais aqui e agora e prazeres sensuais nas vidas que virão, percepções sensuais aqui e agora e percepções sensuais nas vidas que virão, formas materiais aqui e agora e formas materiais nas vidas que virão, percepções das formas aqui e agora e percepções das formas nas vidas que virão – ambas são igualmente impermanentes. Aquilo que é impermanente, não vale a pena se deliciar nele, não vale a pena recebê-lo, não vale a pena se agarrar nele.’ Ao praticar dessa forma e permanecer assim freqüentemente, a sua mente adquire confiança nessa base. Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança o imperturbável agora, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para o imperturbável. Este, bhikkhus, é declarado o terceiro caminho dirigido ao imperturbável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(A BASE DO NADA)</span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">6. “Novamente, bhikkhus, um nobre discípulo considera o seguinte: [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N8" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">8</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R8" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>‘Prazeres sensuais aqui e agora e prazeres sensuais nas vidas que virão, percepções sensuais aqui e agora e percepções sensuais nas vidas que virão, formas materiais aqui e agora e formas materiais nas vidas que virão, percepções das formas aqui e agora e percepções das formas nas vidas que virão, e percepções do imperturbável – são todas percepções. Onde todas essas percepções cessam sem vestígios, isso é a paz, isso é o sublime, isto é, a base do nada.’ Ao praticar dessa forma e permanecer assim freqüentemente, a sua mente adquire confiança nessa base. Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança o imperturbável agora, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para a base do nada. Este, bhikkhus, é declarado o primeiro caminho dirigido à base do nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">7. “Novamente, bhikkhus, um nobre discípulo, dirigindo-se à floresta, ou à sombra de uma árvore, ou a um local isolado, considera o seguinte: ‘Isto está vazio de um eu ou daquilo que pertence a um eu.’ [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N9" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">9</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R9" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Ao praticar dessa forma e permanecer assim freqüentemente, a sua mente adquire confiança nessa base. Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança o imperturbável agora, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para a base do nada. Este, bhikkhus, é declarado o segundo caminho dirigido à base do nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">8. “Novamente, bhikkhus, um nobre discípulo considera o seguinte: ‘Isso poderá não ser; isso poderá não ser meu. Isso não será; isso não será meu. Eu estou abandonando aquilo que existe, que veio a ser.' [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N10" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">10</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R10" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Ao praticar dessa forma e permanecer assim freqüentemente, a sua mente adquire confiança nesta base. Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança o imperturbável agora, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para a base do nada. Este, bhikkhus, é declarado o terceiro caminho dirigido à base do nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(BASE DA NEM PERCEPÇÃO, NEM NÃO PERCEPÇÃO)</span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">9. “Novamente, bhikkhus, um nobre discípulo considera o seguinte: ‘Prazeres sensuais aqui e agora e prazeres sensuais nas vidas que virão, percepções sensuais aqui e agora e percepções sensuais nas vidas que virão, formas materiais aqui e agora e formas materiais nas vidas que virão, percepções das formas aqui e agora e percepções das formas nas vidas que virão, percepções do imperturbável e percepções da base do nada – são todas percepções. Onde todas essas percepções cessam sem vestígios, isso é a paz, isso é o sublime, isto é, a base da nem percepção, nem não percepção.’ Ao praticar dessa forma e permanecer assim freqüentemente, a sua mente adquire confiança nessa base. Uma vez que haja completa confiança, ele ou alcança a base da nem percepção, nem não percepção, ou então decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria. Na dissolução do corpo, após a morte, é possível que a consciência dele, conduzindo ao renascimento, possa passar para a base da nem percepção, nem não percepção. Este, bhikkhus, é declarado o caminho dirigido à base da nem percepção, nem não percepção.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(NIBBANA)</span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">10. Quando isso foi dito, o venerável Ananda disse para o Abençoado: “Venerável senhor, aqui um bhikkhu está praticando assim: ‘Se isso não tivesse sido, isso não seria meu; isso não será e isso não será meu. O que existe, o que veio a ser, isso eu estou abandonando.’ [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N11" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">11</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R11" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Dessa forma ele obtém a equanimidade. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N12" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">12</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R12" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Venerável senhor, esse bhikkhu realiza Nibbana?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Um bhikkhu aqui, Ananda, poderá realizar Nibbana, um outro bhikkhu aqui poderá não realizar Nibbana.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Qual é a causa e razão, venerável senhor, porque um bhikkhu aqui poderá realizar Nibbana, enquanto que outro bhikkhu aqui poderá não realizar Nibbana?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Aqui, Ananda, um bhikkhu pratica da seguinte forma: ‘Se isso não tivesse sido, isso não seria meu; isso não será e isso não será meu. O que existe, o que veio a ser, isso eu estou abandonando.’ Assim ele obtém a equanimidade. Ele se delicia nessa equanimidade, a recebe, permanece agarrado a ela. Ao agir assim, a sua consciência se torna dependente disso e se apega a isso. Um bhikkhu, Ananda, que está influenciado pelo apego não realiza Nibbana.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">11. “Mas, venerável senhor, quando um bhikkhu se apega, a que ele está se apegando?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“À base da nem percepção, nem não percepção, Ananda.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Quando um bhikkhu se apega, venerável senhor, parece que ele se apega ao melhor objeto de apego.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Quando esse bhikkhu se apega, Ananda, ele se apega ao melhor objeto de apego, pois esse é o melhor objeto de apego, isto é, a base da nem percepção, nem não percepção. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N13" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">13</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="R13" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">12. “Aqui, Ananda, um bhikkhu pratica da seguinte forma: ‘Se isso não tivesse sido, isso não seria meu; isso não será e isso não será meu. O que existe, o que veio a ser, isso eu estou abandonando.’ Assim ele obtém a equanimidade. Ele não se delicia nessa equanimidade, não a recebe, não fica agarrado a ela. Como ele não age assim, a sua consciência não se torna dependente disso e não se apega a isso. Um bhikkhu, Ananda, que está sem apego, realiza Nibbana.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">13. “É maravilhoso, venerável senhor, é admirável! O Abençoado, de fato, nos explicou como cruzar a torrente na dependência de um apoio ou outro. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N14" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">14</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R14" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Mas, venerável senhor, o que é a nobre libertação?” [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N15" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">15</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="R15" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Aqui, Ananda, um nobre discípulo considera da seguinte forma: ‘Prazeres sensuais aqui e agora e prazeres sensuais nas vidas que virão, percepções sensuais aqui e agora e percepções sensuais nas vidas que virão, formas materiais aqui e agora e formas materiais nas vidas que virão, percepções das formas aqui e agora e percepções das formas nas vidas que virão, percepções do imperturbável, percepções da base do nada e percepções da base da nem percepção, nem não percepção – isso é a identidade até onde se estende a identidade. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N16" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">16</span></b></a>] <a href="https://www.blogger.com/null" name="R16" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a>Isto é o Imortal, isto é, a libertação da mente através do desapego.’ [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#N17" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">17</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="R17" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">14. “Portanto, Ananda, eu ensinei o caminho para o imperturbável, eu ensinei o caminho para a base do nada, eu ensinei o caminho para a base da nem percepção, nem não percepção, eu ensinei o caminho para cruzar a torrente na dependência de um apoio ou outro, eu ensinei a nobre libertação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">15. “Aquilo que por compaixão um Mestre deveria fazer para os seus discípulos, desejando o bem-estar deles, isso eu fiz por você, Ananda. Ali estão aquelas árvores, aquelas cabanas vazias. Medite, Ananda, não adie, ou então você irá se arrepender mais tarde. Essa é a nossa instrução para você.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Isso foi o que disse o Abençoado. O venerável Ananda ficou satisfeito e contente com as palavras do Abençoado..<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><hr align="center" size="2" width="100%" />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Notas</span></b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N1" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[1] MA diz que se tem em mente ambos, os prazeres sensuais objetivos e as contaminações sensuais. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R1" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N2" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[2] Veja o <a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN105.php#N6" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">MN 105 – nota 6</span></b></a>, aqui também parece que o termo “imperturbável” abrange só o quarto jhana e as duas primeiras realizações imateriais. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R2" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N3" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[3] MA explica: “tendo superado o mundo da esfera sensual e tendo decidido com uma mente que tem nos jhanas o seu objetivo.” [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R3" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N4" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[4] MA explica a frase “a sua mente adquire confiança nessa base” com o significado de que ele alcança ou o insight que tem como objetivo o estado de arahant, ou o acesso ao quarto jhana. Se ele obtiver o acesso ao quarto jhana, isto se torna a sua base para alcançar o “imperturbável,” isto é o quarto jhana em si. Mas se ele obtiver o insight, então ele decide pelo aperfeiçoamento da sabedoria através do aprofundamento do insight para alcançar o estado de arahant. A decisão pelo “aperfeiçoamento da sabedoria” pode explicar porque tantos versos deste sutta, embora culminando com as realizações advindas da concentração, estão expressas através de frases apropriadas para explicar o desenvolvimento do insight. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R4" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N5" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[5] MA explica que este trecho descreve o processo de renascimento de alguém que não conseguiu alcançar o estado de arahant depois de ter alcançado o quarto jhana. A “consciência conduzindo ao renascimento”, (<i>samvattanikam viññanam</i>), é a consciência resultante através da qual aquele ser renasce, e ela possui a mesma natureza imperturbável da consciência produtora de kamma que alcançou o quarto jhana. Como a consciência do quarto jhana é que irá determinar o renascimento, este ser irá renascer num mundo celestial correspondente ao quarto jhana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na versão paralela dos Agamas em chinês (MA 75) aparece este trecho:<br />"Em um momento posterior, com a dissolução do corpo e o fim da vida, devido a essa anterior inclinação mental, ele certamente irá realizar o imperturbável."<br />Não há menção no MA 75 da expressão "a “consciência conduzindo ao renascimento”, (<i>samvattanikam viññanam</i>)". [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R5" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N6" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[6] MA diz que esta é a reflexão de alguém que alcançou o quarto jhana. Como ele inclui a forma material entre as coisas a serem superadas, se ele alcançar o imperturbável, terá alcançado a base do espaço infinito, e se ele não alcançar o estado de arahant irá renascer no mundo do espaço infinito. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R6" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N7" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[7] MA diz que esta é a reflexão de alguém que alcançou a base do espaço infinito. Se ele alcançar o imperturbável, terá alcançado a base da consciência infinita e irá renascer naquele mundo, se não tiver alcançado o estado de arahant. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R7" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N8" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[8] Esta é a reflexão de alguém que alcançou a base da consciência infinita e tem como objetivo alcançar a base do nada. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R8" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N9" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[9] MA chama isto de vacuidade com duas pontas – a ausência de um “eu” e “meu” – e diz que este ensinamento sobre a base do nada é exposto por meio do insight ao invés da concentração, que foi a abordagem da seção anterior. No <a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN43.php#T33" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">MN 43.33</span></b></a>, é dito que esta contemplação conduz à libertação da mente através da vacuidade. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R9" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N10" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[10] MA chama isto de vacuidade com quatro pontas e explica da seguinte forma: (i) ele não vê o seu eu em nenhum lugar; (ii) ele não vê um eu que lhe pertença que possa ser tratado como algo que pertence a outrem, exemplo, como um irmão, amigo, assistente, etc.; (iii) ele não vê o eu de outrem; (iv) ele não vê o eu de outrem que possa ser tratado como algo que pertença a ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Veja o <a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/ANVII.55.php" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">AN VII.55</span></b></a>. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R10" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N11" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[11] MA explica: “Se o ciclo de kamma não houvesse sido acumulado por mim, agora não existiria para mim o ciclo de resultados; se o ciclo de kamma não for acumulado por mim agora, no futuro não haverá o ciclo de resultados.” “O que existe, o que veio a ser” são os cinco agregados.[<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R11" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N12" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[12] MA diz que ele obtém a equanimidade do insight, mas considerando o verso 11 parece que também se tem em mente a equanimidade da base da nem percepção, nem não percepção.[<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R12" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N13" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[13] MA: Isso é dito com referência ao renascimento daquele que alcança a base da nem percepção, nem não percepção. O significado é que ele irá renascer no melhor, no mais elevado plano de existência. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R13" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N14" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[14] <i>Nissaya nissaya oghassa nittharana</i>. MA: O Buda explicou como um bhikkhu pode cruzar a torrente empregando como base (para alcançar o estado de arahant) qualquer uma das realizações do terceiro jhana até a quarta realização imaterial. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R14" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N15" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[15] MA: A pergunta de Ananda tem a intenção de obter do Buda um relato da prática de meditação de insight “direto” ou “seco” (dry insight) (<i>sukkhavipassaka</i>), através da qual se obtém o estado de arahant sem depender das realizações de jhana. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R15" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N16" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[16] <i>Esa sakkayo <a href="https://www.blogger.com/null" name="PVW" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;">yavata</a> sakkayo</i>. MA: isso é a identidade na sua totalidade – o ciclo nos três reinos de existência; não existe identidade fora disso. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R16" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: rgb(254, 248, 230); color: #4e2800; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 12pt; margin: 7.2pt 36pt 0cm 43.2pt;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="N17" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">[17] MA: tem-se em mente o estado de arahant alcançado através da meditação de insight “direta”. MT adiciona que o estado de arahant é chamado de “Imortal” porque tem o sabor do Imortal, tendo sido alcançado com base no Nibbana do Imortal. [<a href="http://www.acessoaoinsight.net/sutta/MN106.php#R17" style="color: #b5653b; text-decoration-line: none;"><b><span style="color: #0040e0;">Retorna</span></b></a>]</span></div>
Kalyanadhammahttp://www.blogger.com/profile/08253093430830703336noreply@blogger.com0