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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

ALQUIMIA DO BUDA (parte 2)

– Por Kalyanadhamma
            Os símbolos usados na alquimia são difíceis de decifrar. Aqui temos um texto pequeno, mas um discurso completo, inclusive com explicação. O que faria o alquimista seria conservar a fórmula com os símbolos ou apenas a parte que os contém. Sabendo ele o significado que permaneceria em segredo e jamais revelando a outro seria muito difícil alguém entender ao que se refere e quais os procedimentos.
            Neste sutta Buda explica o significado num primeiro nível e mais importante de tradução dos símbolos alquímicos, o nível psíquico. Esta é a alquimia psíquica explicada por seu autor, traduzindo ele mesmo seu simbolismo. Outra questão importante é o sinal da concentração. Existem sinais, físicos, ou imagens ou sensações sutis, que informam ao meditante o ponto de estabilidade, dando uma ideia de que tipo de atitude deve cultivar e que tipo deve banir. Estes sinais podem ser vários ou mesmo um conjunto. Existem também sinais que são interpretados como sucesso quando na verdade são obstáculos. Por isso a orientação de um professor experiente, os retiros sob orientação de monges e professores, e o estudo são bastante incentivados e de importância capital no desenvolvimento.
Uma das mais importantes etapas do aprendizado da meditação, aquela em que sustentando um equilíbrio entre os elementos de um estado se avança até outro, mais profundo, onde o praticante pode purificar o ouro, através da destruição das impurezas. Sem dívida uma das realizações mais imprescindíveis para o atingimento do despertar (a iluminação) do pondo de vista budista. O praticante pode também em seguida, mantendo o equilíbrio dos elementos da concentração e a devida atenção equânime a eles e o controle equilibrado, dirigir sua mente e sua atenção para o conhecimento dos dhammas, ou seja, neste caso, a tradução de dhamma específica é fenômeno, o conhecimento dos fenômenos, sejam eles quais forem, mas também do dhamma no sentido de ensinamento, aquelas informações, conhecimentos, a sabedoria, indispensáveis à consecução do despertar, o dhamma (darma) do Buda. Pode então saber, ver, conhecer diretamente, por si mesmo, aquilo que o Buda ensina.
Anguttara Nikaya III.101
Nimitta Sutta
Sinais
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“Um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior, no momento apropriado, deve dar atenção a três sinais. Ele deve no momento apropriado dar atenção ao sinal da concentração, no momento apropriado dar atenção ao sinal do esforço energético, no momento apropriado dar atenção ao sinal da equanimidade.
“Se um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior der exclusiva atenção ao sinal da concentração, é possível que a mente dele seja capturada pela indolência. [1] Se ele der exclusiva atenção ao sinal do esforço energético, é possível que a mente dele seja capturada pela inquietação. Se ele der exclusiva atenção ao sinal da equanimidade, é possível que a mente dele não fique bem concentrada para a destruição das impurezas.
“Mas, se no momento apropriado, ele der atenção para cada um desses três sinais, então a mente dele estará maleável, manuseável e luminosa, e ela estará bem concentrada para a destruição das impurezas.
Suponha que um ourives habilidoso ou seu aprendiz preparasse uma fornalha, aquecesse um cadinho, e tomando ouro com um par de tenazes, o colocasse no cadinho. Ele sopraria periodicamente, borrifaria água periodicamente, examinaria periodicamente. Se o ourives soprasse continuamente a fornalha poderia se aquecer em demasia. Se ele borrifasse água continuamente a fornalha poderia se esfriar em demasia. Se ele apenas examinasse, o ouro não ficaria perfeitamente purificado. Mas, se no momento apropriado o ourives realiza cada uma dessas três funções, o ouro estará maleável, manuseável e luminoso, e com as condições apropriadas para ser trabalhado. Qualquer ornamento que o ourives queira fazer, quer seja uma diadema, brincos, um colar ou uma corrente, o ouro poderá agora ser usado para esse fim.
De modo semelhante, há esses três sinais aos quais um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior deve dar atenção no momento apropriado, isto é, o sinal da concentração, o sinal do esforço energético e o sinal da equanimidade. Se ele der atenção a esses sinais com regularidade então a mente dele estará maleável, manuseável e luminosa, e ela estará bem concentrada para a destruição das impurezas.
Então, ele dirige a sua mente para qualquer estado que possa ser compreendido através do conhecimento direto, ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.

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Notas:
[1] Samadhi é costumeiramente traduzido como concentração tanto no Português como no Inglês. Alguns mestres no entanto, como por exemplo Ajaan Brahmavamso, Ajaan Pasanno e Ajaan Sucitto, consideram que essa é uma tradução inadequada e preferem interpretar samadhi como aquietar, tranquilizar, sossegar, acalmar a mente. Nesse sentido fica mais fácil entender porque o sutta alerta para a questão da indolência ao dar atenção para o sinal da quietude (concentração, samadhi). [Retorna]
Veja também o AN III.100.

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