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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Apresentação do ciclo de palestras do retiro longo

Do livro, sendo transcrito, PALESTRAS DE UM MESTRE ZEN NÃO-ZEN E NÃO MESTRE
Por Ryokan Hiroshi

Apresentação

Amigos, irmãos, frati. Eu estou aqui nesse círculo de palestras e retiro longo da ordem para falar sobre vários temas relacionados a dhyana. Primeiro é sobre o próprio dhyana, dhyana escola, dhyana processo, e dhyana estado. Como na visão da nossa escola. Então falar de duas ordens que agora se interpenetram, especialmente nessa ocasião, e parte dos estudos, a ordem dhyana e a ordem O.I.T.O. aqui diante dessa fraternidade. Então, segundo sobre a ordem e a fraternidade que quase todos vocês aqui estando fazem parte.

Terceiro, também sobre a influência da que se chama matriz, nesse caso especificamente a matriz cultural, seus obstáculos, seus não-obstáculos, suas facilidades e dificuldades e um pouco como aproveitar bem isso. Também sobre os princípios e fundamentos disso, do que é o mundo no que coincide a visão da escola dhyana com a visão da escola da ordem O.I.T.O.. Do que é o mundo e sua origem e seu final e sua finalidade, então qual a relevância disso para os outros que são cristãos, gnósticos, hermetistas, kabalistas, taoistas e yogues, rosacruzes, não só budistas. 

Situando o ensinamento 

A ordem 8 costuma agora apresentar quatro ou cinco pontos de vista religiosos autênticos, mas eu, e recomendo isso, costumo apresentar nesses sete, porque você não pode dizer que o gnóstico-cristão, o cristão e o gnóstico sejam uma visão, são diferentes, e em cada um [desses tipos] as várias subdivisões também diferentes; também você não pode enquadrar todos os kabalistas como somente herméticos, somente, cristãos, somente gnósticos...

O que torna essas vias iguais não é também a visão, mas sim o objeto visado. Embora cada uma tenha uma visão desse mesmo objeto e é o mesmo objeto, queiram ver os teóricos perdidos no espaço, na subjetividade do ponto de vista humano, histórico, cultural, queiram ver ou não, nada altera. O objeto visado é:
1. A verdade
2. O incondicionado
3. O eterno

Cada linha de pensamento tem uma ideia e um nome de como seja isso: Deus para os cristãos, o Uno para os gnósticos, o Um para os hermetistas (ou Nous), Ein soph para os kabalistas, o Tao dos taoísatas, o Eu para os yogues, o Dharmakaya para os budistas (por isso eu e alguns dividimos em sete grandes religiões "da ordem"). 

Para todos esses o objeto tem esses três elementos, é [1]verdadeiro, é certeza, é verdade, não existe sombra, nenhuma ilusão, nenhum engano nele, então para nós é onisciente. Outros discutem teorias, como se a perfeição pudesse incluir inconsciência, acaso, não intencionalidade, ser levado a; pelo que apresentam as pessoas ficam iludidas e não veem o que não apresentam, essas lacunas, esses absurdos. 

É [2] incondicionado, não depende de nada, ele mesmo é o princípio de tudo, não é fruto de nada, não é composto, não é surgido, e para nós [da escola dhyana e da ordem O.I.T.O.], só é condicionado a si mesmo, portanto é algo em si, um eu verdadeiro, substancial, imutável e sendo imutável é [3] eterno. É eterno no tempo e antes do tempo e se houver um depois do tempo e no atemporal, estável, constante. Buda fala isso, tanto no cânone theravada como nos outros. Mas no theravada há controvérsia se o Nirvana é eu ou não-eu também. Para nós não há dúvida porque para a escola dhyana é absurdo que Nirvana seja igual à ilusão, igual ao mundo, ou seja, não-eu.

No ensinamento do Buda como é Nirvana?

Portanto budisticamente falando é "substancial", real, eu; é imutável, e é satisfatório, ou seja, o contrário das três características da existência, bem parecido com o que propõe a escola jonang, e a yogachara e a cittamatra (que pensam que é a mesma escola essas duas). 

É Nirvana, Nirvana só pode ser o oposto do que é a existência condicionada, pois é incondicionado, tudo que vemos é insatisfatório, Nirvana e completamente satisfatório, tudo que vemos é mutável e transitório, Nirvana é eterno, até aí Buda disse com certeza, mas também tudo que vemos é insubstancial, não-eu, e Nirvana é verdadeiro e verdadeiro eu. Só algumas escolas falam que Buda disse isso, outras que só os tantras, ou a forma espiritual de Buda, ou só nas entrelinhas porque não pode ser dito. Não sei.  Fato registrado para todas as escolas é que Buda disse que a obsessão pela ideia de não-eu é tão errada quanto a da ideia de eu e conduz ao pior tormento, a vida no mundo sem forma, do qual é muito difícil sair. Você quer ir para o mundo sem forma? Então quem está meditando para atingir o não-eu tenha cuidado, pare, estará se condenando se continuar.

Por isso o zen fala de eu verdadeiro de achar o nosso verdadeiro eu, porque ele vem de nossa escola dhyana, nós dizemos isso. Dhyana é estar no nosso verdadeiro eu, estar no espírito, uno com Nirvana. Entenda que não existe dualidade na realidade última, então não existe dualidade entre Nirvana e dharmakaya, é uma coisa só, essa é a visão da escola dhyana que é a visão filosófica consciência apenas (cittamatra). 

Veja, consciência apenas, não inconsciente apenas. Essa consciência é onisciente e tudo que podemos ser e fazer é ver que somos parte dela, unos com ela, ela é incompreensível para nós assim como o Ein ou Ain dos kabalistas, como o Tao, como Deus. Não é como os tântricos dizem, não! Primeiro eles vão se tornar super poderosos, primeira ilusão, segundo eles vão se tornar Budas, segunda ilusão e terceiro eles vão diluir e desaparecer no dharmakaya se tornar o próprio dharamakaya, terceira ilusão (O dharmakaya já está completo e perfeito, já tem todos nós que buscamos a verdade, nós precisamos aprender [a] ver isso em vez de estar discutindo o que Buda disse). Você se identificar com uma coisa é se ligar a ela não se transformar nela, muitos no mundo estariam transformados em carros... ou cargos... [ri da piada e do trocadilho] 

Nós somos budas é agora, não é amanhã, nunca é amanhã, só precisamos ver isso. Mas não quer dizer um Buda Shakyamuni, quer dizer um buda, o buda você mesmo. Nós somos budas e nós não somos budas, simultaneamente. Na ilusão não somos, mas é só ilusão, na realidade, e só é de fato a realidade, já somos. É o paradigma da simultaneidade proposto aqui pela ordem nossa, de vocês, sim. Mas não estou dizendo como os vajrayanas que todos já somos ou inevitavelmente seremos. Não. Quem disse isso? Muitos perdidos na roda do samsara, muitos no inferno, muitos rodando... não sei para onde vão. Eu sei para onde vai quem busca uma direção, ele vai nessa direção. A personalidade morre, nosso negócio é agora.

Essa é a ideia de nossa escola e veja porque se encaixa bem com a ideia da  escola [da ordem]. Existem teses, inclusive de pessoas aqui presentes sobre isso. Agora vejamos isso na visão geral da ordem... Será nossa próxima aula?

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